Elucidações para uma Vida Melhor
Ser
– Dentro do contexto evolutivo onde se acha inserido, o Espírito espírita possui ao alcance três opções para chegar ao seu desiderato final – a perfeição espiritual, quais sejam: Ter, Não Ter e Ser.
– Claro que as duas primeiras opções, e isto salta aos olhos de quem sabe o que é SER espírita, nada têm a haver com ele, porque a real necessidade dele é SER. Mas SER o quê? É isto que importa abordar na oportunidade.
Abraçamos uma doutrina de tríplice aspeto, cada um deles convergindo para o outro. São interagentes. Em essência, os três – Ciência, Filosofia e Religião – concitam para um único objetivo: o AMAR o próximo, em regime de reciprocidade, como único meio para SER feliz.
O Espiritismo é, pois, esta doutrina que revoluciona todos os conceitos vigentes em matéria de moralidade, realizando no âmago da criatura humana uma mudança que ela não logra deter, porque uma lei divina a impulsiona inexoravelmente objetivando a perfeição: a Lei do Progresso.
Além do mais, ele revive o Cristianismo na sua fase primeira, aquela sustentada a duras penas pelos Apóstolos de JESUS, principalmente após assumirem a Casa do Caminho.
O espírita há de SER aquele que tudo faz para viver a lei de amor, justiça e caridade, espelhando-se o mais possível nos conceitos crísticos, segundo os quais, com relação ao amor, afirma que em amar quem nos ama nenhuma vantagem existe. Nossa meta é amarmos até os inimigos. Segundo a lei de justiça, haveremos de vivenciá-la fazendo aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem e, finalmente, a lei de caridade, a qual fica resumida na maneira como a entende JESUS: “Benevolência para com todos, indulgência às imperfeições alheias e perdão das ofensas” ( O Livro dos Espíritos perg. 886 ).
SER espírita, o que equivale a SER cristão, enfim, é:
– começar o seu dia na luz da oração, porque, ao procurarmos o amor do CRIADOR, pelo mecanismo da prece, estamos certos de que SEU amor por nós nunca falha;
– aceitar serenamente qualquer tipo de dificuldade, sem discussões nervosas, porque hoje é sempre o dia de se fazer o melhor que se pode;
– trabalhar com alegria, sabedor de que o trabalho é lei da vida, é benção que se não deve desperdiçar, porque “ o preguiçoso é um cadáver que pensa” , segundo André Luiz;
– fazer o bem que pode, sentindo-se feliz ao fazê-lo e pedindo a DEUS oportunidades de realizá-lo, todos os dias;
– saber aproveitar os minutos, porque tudo volta, menos a hora perdida;
– cultivar a disciplina, para não ser comparado ao carro sem freio numa ladeira;
– estimar a simplicidade, pelo fato de estar consciente de que “o luxo é o mausoléu dos que se avizinham da morte”, segundo André Luiz;
– viver a necessidade de perdoar, porque sabe que será perdoado como houver perdoado;
– usar de gentileza, mais ainda dentro de casa, agindo de modo especial com os parentes, do mesmo modo como age com as visitas;
– lutar por ser bom, sem SER displicente; generoso, sem SER perdulário; justo, mas não implacável; franco, mas não insolente; paciente, mas não irresponsável; tolerante, mas não indiferente; calmo, mas não sossegado em demasia; confiante; mas não fanático; diligente, mas não precipitado; enfim, SER espírita é, antes de tudo, procurar conhecer-se para se analisar, escolhendo posições de equilíbrio, porque este nunca é demais.
SER espírita é ajudar constantemente; é cumprir as obrigações; é amparar o enfermo; é perdoar sem condições; é compulsar os bons livros; é evitar acessos de cólera; é desenvolver simpatia pessoal; é cultivar entendimento; é habituar-se à meditação; é confiar na compaixão divina; ela que sabe como afastar as trevas da noite com a luz do sol, que oferece sempre oportunidade de recomeço e, ainda, sem que nós saibamos, de forma nítida e clara, vai-nos oferecendo as ensanchas de encontrarmos a nossa redenção espiritual pelos caminhos cheios de calhaus, como o é o do mundo de provas e expiações.
Não podemos acumular todas as condições de SER espírita aqui enunciadas, mas se já conseguimos algumas delas incorporar em nosso viver e conviver, podemos dar-nos por satisfeitos sem deixar, no entanto, de continuar na busca das demais.
Crer
Convidado a abraçar esta doutrina realmente libertadora, uma das primeiras necessidades do espírita é a aquisição da fé. Ele precisa CRER para que a sua transformação moral se faça de forma consciente, sem nenhum tipo de imposição. Que seja um ato voluntário, espontâneo, fruto, deste modo, da sua capacidade de discernimento em cima dos postulados do Espiritismo.
Leva em consideração, aquele espírita que deseja CRER, como profundo conhecimento, o que se acha no frontispício do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, onde se lê: “Fé inabalável só o é aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade”.
Perfeitamente compreensível é o fato de que a fé precisa assentar em base segura, base que é a inteligência a mais perfeita possível daquilo em que se deve CRER. E, se queremos CRER, não nos é suficiente ver; torna-se necessário, acima de tudo, compreender. E por uma razão muito simples: a fé imposta, cega, já não faz parte deste mundo, já existe uma reação natural contra “o crer ou morre”. Esse tempo criou um grande número de incrédulos, porque pretendia impor-se, procurando abolir uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre arbítrio. O incrédulo não aceita mais este tipo de fé, de CRER. Quer provas convincentes, a fim de que a criatura não alimente nenhuma dúvida, depois de CRER. Há, pois, de se buscar a fé raciocinada, porque ela se apoia em fatos e na lógica de tudo que afirma, nunca entrando em conflito com a Ciência, esta que tem derrubado muitos dogmas através dos tempos da predominância da fé cega. A pessoa passa a CRER porque sabe, ama a DEUS porque sabe, aceita o próximo como irmão porque sabe, perdoa porque sabe, procura amar até o inimigo porque sabe e ninguém tem certeza senão porque compreendeu.
Tendo o Espiritismo para se apoiar, o espírita crê conscientemente que triunfará sobre a incredulidade, arrastando na sua retaguarda, pelo seu exemplo, outros tantos que buscarem a fé, o CRER baseado na razão.
O CRER alicerçado na lógica torna o homem capaz da execução não só das realizações materiais, mas sobretudo das morais, as quais se constituem na sua maior necessidade, haja vista as lições de JESUS, Seus exemplos, Sua vida de sacrifícios.
Nada pode conseguir quem duvida de si, quem não crê que é capaz.
Com o CRER fortalecido pela fé raciocinada, as montanhas de dificuldades serão transpostas, vencidos serão os preconceitos rotineiros, os interesses materiais, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas que são calhaus no caminho dos que trabalham pelo progresso da Humanidade.
O CRER com logicidade dá a perseverança, oferece a energia e os recursos que fazem sejam vencidos os obstáculos, assim nas pequenas tarefas como nas grandes. O CRER hesitante, sem estudo, conduz à incerteza de que se aproveitam os adversários contumazes e gratuitos para semearem suas idéias divisionistas, destituídas de arrazoados lógicos.
O CRER é, antes de tudo, confiança que se tem na realização de algo que se almeja, é a certeza, a fé de lograr determinado fim. O CRER oferece uma espécie de lucidez que permite se vislumbre, em pensamento, o fim que se colima e os meios a serem utilizados para alcançá-lo.
Porque o crê caminha com total segurança, faculta a calma, a paciência, a resignação e a fortaleza moral para que sejam executadas as grandes realizações.
Aquele que vacila no CRER percebe de imediato a sua própria fraqueza, sente-se tomado pelo desinteresse de prosseguir, queixa-se da sorte, percebe-se fraco e candidata-se ao fracasso retumbante.
Estejamos munidos do CRER espírita para nos candidatarmos aos grandes objetivos morais da vida, quando haveremos de nos vencer, porque vamos seguir as pegadas do Incomparável Mestre e Senhor JESUS, Aquele que soube CRER até os últimos instantes de Sua passagem pela Terra, pedindo a DEUS perdão para as nossas inferioridades e imperfeições.
Crescer
Costuma-se falar muito em crescimento, e é natural que assim seja, porque a nossa necessidade primeira consiste, em verdade, em crescermos moral e espiritualmente.
Esse crescimento está sendo desenvolvido na área psicológica, tendo em vista a larga infância psíquica em que ainda estagia a nossa humanidade.
Sempre tivemos nossos anseios atendidos, nossas vontades respeitadas, imaturamente, na maioria das vezes, pelos que por nós se responsabilizaram. Acostumamo-nos e, desta forma, hoje encontramos sérias dificuldades para nos conduzir sozinhos, tomar decisões, viver com mais acertos do que desacertos. Acalentamos dúvidas sempre que nos deparamos com situações em que devemos adotar este ou aquele procedimento. Nesses instantes procuramos transferir para os outros as soluções de nossos problemas.
Todavia, o CRESCER que desejamos aqui expor é, exatamente, o de que mais temos necessidade: o moral/espiritual, isto é, aquele que nos levará ao Reino de DEUS, porque queremos CRESCER com JESUS, ELE a nos servir de Modelo e Guia. É, pois, todo um CRESCER especial, bem diferente do que conceitua o mundo.
Que meios, recursos, possuímos para CRESCER? A resposta é uma só: o conhecimento. Espiritismo, acima de tudo, é conhecimento, recurso este que fará com que nos ajustemos à vida na sua expressão maior, aquela que engloba os dois planos existenciais – material e espiritual..
Haveremos de CRESCER apoiados nas três grandes áreas do conhecimento, elas que são a Ciência, a Filosofia e a Religião, sem que se choquem, se conflitem, pelo contrário, estabeleçam uma convivência harmoniosa, porque uma necessita da outra para sobreviver. A Ciência e a Filosofia haverão de ser religiosas, assim como a Religião precisa ser científica e filosófica. As três se integram, interagem em perfeita sintonia, uma acompanhando a subida da outra. Apoiam-se porque derivam de DEUS, e DEUS quer o nosso melhor bem-estar. Compete-nos fazer esta descoberta.
O Espírito aqui reencarnado ainda se mostra instável, susceptível, medroso, ciumento, já que não superou a fase infantil, nela ainda habitando sob conflitos de várias etiologias.
Busca amparo nas pessoas que considera fortes e eleitas como seus heróis ou seus superiores. Os empreendimentos dessas pessoas são, para elas, sempre coroados de êxito. Desconhecem que elas também se sacrificam, travam lutas íntimas, têm que renunciar… Mas esta parte preferem ignorar, nela não acreditando, caso lhes seja revelada.
A imaturidade emocional que trazem os que buscam CRESCER leva-os à violência, à agressividade, decorrentes de caprichos com todas as características de infantilidade.
Todos nascemos para a auto-realização, e fazemos parte de um grupo social no qual nos encontramos para servir e ser servido, procurando dar mais do que receber, caso já possuamos o conhecimento da realidade trazida por JESUS. Isto nos propiciará total segurança e disposição para o nosso CRESCER, que será sempre resultado da junção íntima existente entre ele – CRESCER – e os outros dois: SER e CRER, desde que saibamos estabelecer tal conexão, é óbvio.
Com raríssimas exceções, não se chega ao CRESCER sem partir dos erros, porque em todas as áreas do comportamento estão presentes a glória e o fracasso, como subprodutos do mesmo empreendimento.
Para que atinjamos o CRESCER necessário é nos munirmos, acima de tudo, de perseverança, da repetição sem enfado, alijando as reclamações, queixas e cansaço.
Procuremos não complicar os mecanismos de defesa que todos nós trazemos internamente ao acionarmos novas tentativas de fugas psicológicas, tentativas onde paira de forma destacada a subestima pessoal e a desconsideração pelos nossos próprios valores. A falta de amor a nós mesmos é causa de terríveis desajustes da alma, o que leva as esgotamento dessas forças inesgotáveis que estão ao alcance do nosso esforço pessoal.
Nosso sistema imunológico, sempre ao nosso dispor, malgrado não o acessemos sempre que necessário, por desconhecê-lo em essência, e também o trabalho de Carl Simonton com a sua psiconeuroimunologia, só é acionado pelo nosso SER, pelo nosso QUERER e pelo nosso CRESCER.
Todo o nosso sucesso, portanto, no avanço evolucionista, depende única e exclusivamente de nós e de mais ninguém.