Mentir a si próprio

Miramez

Quando Jesus disse que a verdade liberta a alma foi, desta maneira, destruindo a mentira. A mentira maior acontece quando mentimos para nós mesmos; ao alimentarmos os vícios, estamos nos enganando; quando negamos o progresso em todos os sentidos, estamos procurando ludibriar as necessidades da verdade; quando damos vazão à gastronomia, sentindo a consciência do erro, pagamos caro na manifestação da doença. Ao mentirmos a nós mesmos, estamos cavando a própria sepultura antes do tempo marcado pelo verdadeiro tempo.

Devemos modelar a nossa vida com a vida do Cristo, que Ele nos salvará, indicando-nos as vias para o equilíbrio e a paz. Compreende-se daí que temos necessidade de um guia. D’Aquele que serve a toda a humanidade desde o princípio. Devemos ter cuidado com as aparências, porque elas podem levar à tristeza. O vigiar e orar de Jesus nos dá segurança contra as imposturas, que de passo a passo sempre encontramos nos caminhos.

Convém a todos nós organizar nossos pensamentos e ter maior cuidado na formação das ideias, para que elas não carreguem o traço do embuste, fazendo com que os companheiros que acreditam em nós constatem a brevidade dos assuntos de que assumimos a paternidade.

Não mentir para nós mesmos significa retidão de vida e, para tanto, o nosso trabalho, que o empenho nos faz levar avante, deve ser grandioso, modificando toda uma estrutura de vida.

O homem cheio de patranha nos seus ideais de vida é sempre infeliz por onde passa, sendo capaz de semear discórdia por onde transita. Tudo o que fazemos malfeito é, pois, um começo de fraude, como a semente da mentira. Necessário se faz que compreendamos que responderemos por essas ideias semeadas, porque colheremos os frutos desastrosos.

Quando julgamos alguém, mesmo que esse alguém esteja errado no nosso conceito, sempre acrescentamos algo da nossa parte, que pode avolumar e vir ao nosso encontro, como a água dos rios que corre para o mar. Se não mentes para ti mesmo, nunca mentirás para os outros. A harmonia de dentro ilumina por fora e, se conhecemos a árvore pelos frutos, conhecemos as almas pela sua vida, pelos seus pensamentos, palavras e ações.

A ilusão desarticula todas as possibilidades do que dela se faz instrumento. É bom que observemos a vida dos sábios; eles conversam pouco, porém falam sempre a verdade que educa, que instrui e ainda liberta quem se interessa por ela. Todo embromador atrofia seus valores espirituais, sendo desvalorizado junto aos seus companheiros; todas as notícias, tanto do bem como do mal, “correm mundo” e, por vezes, o último se irradia mais na faixa humana. O mentiroso é um infeliz, porque nem ele mesmo acredita nele, quanto mais nos outros que o ouvem, mas, como tudo tem conserto, quem deseja melhorar-se pode começar agora mesmo com a ponderação, porque o acostumado à impostura vive dentro dela e os anos a fazem solidificar-se, como que condicionando vibrações negativas, que somente o tempo, envolvido com a verdade, pode desarticular, modelando o bem, na regência da verdade. O engano, com o tempo, nos faz crer que existe a verdade.

Procura Deus, mesmo da maneira que sabes, que as intenções, sendo sérias, possibilitarão o seu aparecimento, pelos meios que a tua evolução comportar e te ensinarão a falar e a viver as coisas certas. Não tenhas medo de enfrentar o monstro que te ronda, viajando no barco das aparências, porque quem anda com Deus pode acreditar que Jesus se encontra lado a lado, com Ele nos seus caminhos.

A harmonia de dentro ilumina por fora e, se conhecemos a árvore pelos frutos, conhecemos as almas pela sua vida, pelos seus pensamentos, palavras e ações.

Miramez, por João Nunes Maia, do livro: Horizontes da Vida

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Médiuns sensitivos: a quem se aplica essa designação?

Paulo da Silva Neto Sobrinho

“O espírita esclarecido repele esse entusiasmo cego, observa com frieza e calma, e, assim, evita ser vítima de ilusões e mistificações.” (Allan Kardec)

Percebemos que existe uma certa dificuldade no entendimento do termo “sensitivo”, daí resolvemos realizar essa pesquisa visando criar a oportunidade de sua compreensão por todos nós.

A primeira obra que consultamos foi Tratado de Metapsíquica, publicada em 1922 ([1]) por Charles Richet (1850-1935), prêmio Nobel de Fisiologia em 1913, criador da Metapsíquica, cuja definição tomamos diretamente do site Guia – Heu:

Metapsíquica – (do gr. meta – além + psikê – alma + suf.). Ciência estabelecida e estruturada por Charles Richet, destinada a estudar os fenômenos que transcendiam à Psicologia e que fugiam ao domínio físico da ciência dita materialista. Sobre este assunto, seu autor escreveu um tratado que, até a 15ª edição sofreu várias modificações. Inicialmente, de cunho materialista, admitia que todo fenômeno procedia do poder psíquico do seu sujet, ou seja, daquele que tinha essa capacidade. Assim, classificou os fenômenos ditos metapsíquicos em dois grupos:

Ø os objetivos, onde a ação se fazia sentir sobre objetos, como levitação, transportes, etc.,

Ø e subjetivos, os que não atuavam nos ditos objetos, como telepatia, desprendimento e outros.

Posteriormente, estudando os fenômenos ditos espiríticos, reformulou seu ponto de vista e passou a admitir os mediúnicos, preocupando-se sobremodo com os ectoplásmicos. Numa conferência de despedida da cátedra da Universidade de Sorbone, ele se declarou simpatizante da doutrina espírita, o que foi o suficiente para que seus seguidores laicos abominassem seu trabalho e, sob influência da escola metapsiquista alemã, propusessem a substituição da Metapsíquica, para eles comprometida com uma doutrina religiosa, pela Parapsicologia. ([2])

Vejamos o que em “Antelóquio”, do Tratado de Metapsíquica – Tomo I, Richet disse:

Pode-se, em três palavras, resumir os três fenômenos fundamentais que constituem essa nova ciência:

1º – A criptestesia (a lucidez dos autores antigos), ou seja, a faculdade de conhecimento diferente das faculdades sensoriais normais de conhecimento.

2º – A telecinesia, ou seja, uma ação mecânica diferente das forças mecânicas conhecidas, a qual, em determinadas condições, tem, à distância, atuação sem contato sobre objetos ou pessoas.

3º – A ectoplasmia (a materialização dos autores antigos), ou seja, a formação de objetos diversos, os quais, as mais das vezes, parecem saírem do corpo humano e tomam a aparência de uma realidade natural (vestuário, véus, corpos vivos). ([3])

A Metapsíquica transformou-se na Parapsicologia e com isso passou a ter uma abrangência maior, conforme entendemos do artigo “Fenômenos Mediúnicos, Metapsíquicos e Parapsicológicos” de Marta Antunes Moura, publicado no site da Associação Espírita Allan Kardec:

A Parapsicologia é também conhecida como Pesquisa Psi. A Parapsicologia (do grego para = além de + psique = alma, espírito, mente, essência + logos = estudo, ciência), significa, literalmente, o estudo do que está além da psique, viabilizado por indivíduos popularmente conhecidos como “sensitivos” ou “psíquicos”. ([4])

Aqui já podemos ver retratada a preponderância do uso do vocábulo sensitivo entre os parapsicólogos. Dessa forma, eles ficariam “livres” de qualquer ligação com temas religiosos ou espiritualistas, que se poderia fazer. Entretanto, um problema surgiu na Parapsicologia: é que, infiltrada de adeptos das religiões tradicionais, esses passaram a “defender” a teologia deles, demonizando o que estivesse fora do conceito que advogavam.

Do Tratado de Metapsíquica – Tomo I, na parte intitulada “Da metapsíquica subjetiva”, do cap. I – Metapsíquica em Geral, do tópico § 4º – Os médiuns, destacamos os seguintes trechos:

A palavra médium, execrável sob todos os títulos, está consagrada pelo uso. Não é mais possível bani-la. (2) Significam intermediários entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.

(2) – Deve-se empregar esta palavra no feminino? Parece-nos que se poderá dizer a médium.

O poder dos médiuns se exprime pelo termo, aliás muito mau também, de poder medianímico. A faculdade de ser médium é a medianimidade ou a mediunidade. Que lástima não podermos substituir esse odioso patoá! ([5])

O que nos surpreendeu foi comprovar que Charles Richet nutria forte ojeriza à palavra médium, provavelmente por ela ter relação direta com a comunicação com os mortos. Continuando:

A ciência é uma língua bem-feita, disse um filósofo. Não devemos pois dar o mesmo nome de médium a indivíduos assim tão diferentes, como, por exemplo, Eusapia e a Senhora Piper. Podemos chamar médiuns aos indivíduos que produzem efeitos físicos; sensitivos, aos indivíduos capazes de produzirem os fenômenos criptestésicos, que eles atribuem a uma força estranha; autômatos, aos indivíduos que, sem criptestesia, parece apresentarem, pela escrita automática, segundas personagens, criadas, sem dúvida, pela autossugestão, mas que parece serem espontâneas.

Como toda classificação, esta aqui é também arbitrária. Os sensitivos são sempre autômatos, enquanto os autômatos raramente são sensitivos. Poderia citar centenas de casos de escrita automática, os quais não são senão fantasias mediocremente interessantes do inconsciente desprendido, sem lucidez, sem criptestesia, sem nada que valha a pena de ser notado, a não ser o extraordinário poder do inconsciente. ([6])

Richet restringe o termo médium para os indivíduos que possuem a capacidade mediúnica de produzir os fenômenos designados de “efeitos físicos”, nos quais o ectoplasma é a fonte produtora, deixando os relacionados a “efeitos intelectuais” ao vocábulo sensitivo.

Detectamos que, na Codificação Espírita, a 1ª vez que o termo “sensitivo” aparece é em O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. V – Manifestações físicas espontâneas. No primeiro parágrafo da mensagem de Erasto, constante do item 98, lemos:

É indispensável, para obter fenômenos dessa ordem, dispor de médiuns que chamarei de sensitivos, ou seja, dotados no mais alto grau de faculdades medianímicas de expansão e de penetrabilidade. Porque o sistema nervoso desses médiuns, facilmente excitável, por meio de certas vibrações, projeta profusamente ao seu redor o fluido animalizado. ([7])

Os fenômenos, aos quais Erasto se refere, são os de transporte e as manifestações físicas, ambos classificados como de efeitos físicos. Então, para ele, Erasto, aqueles indivíduos que os produzem seriam os “sensitivos”, enquanto para Richet seriam os médiuns.

O fluido animalizado, mencionado por Erasto, foi designado por Richet de ectoplasma, termo que prevaleceu no movimento espírita mundial.

Do cap. XIV – Os médiuns, item 159, de O Livro dos Médiuns, destacamos o seguinte parágrafo:

Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns têm, geralmente, aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as espécies de manifestações. As principais são: médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos ou impressionáveis, auditivos, falantes, videntes, sonâmbulos, curadores, pneumatógrafos, escreventes ou psicógrafos. ([8])

Entre os vários tipos de médiuns aqui listados, encontramos os “sensitivos ou impressionáveis”, sobre os quais, em O Livro dos Médiuns, cap. XVI – Os médiuns, tópico “2. Médiuns sensitivos ou impressionáveis”, o Codificador explicou:

164. São assim designadas as pessoas capazes de sentir a presença dos Espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de arrepio geral que elas mesmas não sabem o que seja. Esta variedade não apresenta caráter bem definido. Todos os médiuns são necessariamente impressionáveis, de maneira que a impressionabilidade é antes uma qualidade geral do que especial: é a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras. Difere da impressionabilidade puramente física e nervosa, com a qual não se deve confundi-la, pois há pessoas que são necessariamente sensíveis e sentem mais ou menos a presença dos Espíritos, ao passo que outras muito suscetíveis absolutamente não os percebem.

Essa faculdade se desenvolve com o hábito e pode atingir uma tal sutileza que a pessoa dotada reconhece, pela sensação recebida, não só a natureza boa ou má do Espírito que se aproximou, mas também a sua individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei que, a aproximação desta ou daquela pessoa. Ela se torna, em relação aos Espíritos, um verdadeiro sensitivo. Um bom Espírito produz sempre uma impressão suave e agradável; a de um mau Espírito, pelo contrário é penosa, angustiante e desagradável; tem como que um cheiro de impureza. ([9])

Notamos que na explicação para “sensitivo” não foi mantida a anterior, que nos pareceu totalmente ignorada.

Um pouco mais à frente, em O Livro dos Médiuns, cap. XVI – Médiuns especiais, tópico “Quadro sinótico”, nos itens 187 e 188, lemos:

187. Podem-se dividir os médiuns em duas grandes categorias:

Médiuns de efeitos físicos – Os que têm o poder de provocar os efeitos materiais ou as manifestações ostensivas. (Ver n° 160)

Médiuns de efeitos intelectuais – Os que são mais especialmente aptos a receber e a transmitir as comunicações inteligentes. (Ver n° 65 e seguintes) (2)

Todas as demais variedades se ligam mais ou menos diretamente a uma ou a outra dessas duas categorias, e algumas participam de ambas. Analisando os diversos fenômenos produzidos sob influência mediúnica vê-se que há em todos um efeito físico, e que aos efeitos físicos se junta quase sempre um efeito inteligente.

É às vezes difícil estabelecer o limite entre ambos, mas isso não acarreta nenhuma dificuldade. Incluímos na classificação de médiuns de efeitos intelectuais os que podem mais especialmente servir de instrumentos para comunicações regulares e contínuas. (Ver n° 133)

______

(2) Essa classificação mediúnica foi duplamente confirmada pela pesquisa científica. Primeiro, pela Metapsíquica, que dividiu os fenômenos em objetivos e subjetivos. Depois, pela atual Parapsicologia, que criou as classificações psigama e psikapa, designando a primeira os fenômenos intelectuais ou subjetivos, e a segunda os fenômenos objetivos ou materiais. Ambas as ciências reconheceram também as duas categorias de sensitivos (médiuns), com as diversas variedades ou classes constantes deste livro (N. do T.) ([10])

A transcrição do item 187 tem como principal objetivo ressaltar a nota do tradutor, no caso o jornalista José Herculano Pires (1914-1979), que apresenta a visão da Parapsicologia sobre os dois tipos de médiuns.

188. Variedades comuns a todos os gêneros de mediunidade:

Médiuns sensitivos – Pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma sensação geral ou local, vaga ou material. Na sua maioria distinguem os Espíritos bons ou maus pela natureza da sensação que causam. (Ver n° 164)

Os médiuns delicados e demasiado sensíveis devem abster-se de comunicações com Espíritos violentos ou cuja sensação é penosa, por causa da fadiga resultante. ([11])

Completam a lista de gêneros de mediunidade: os médiuns naturais ou inconscientes, os médiuns facultativos ou voluntários.

Nesse item, a definição de médiuns sensitivos é a mesma do item 164, essa é a razão pela qual julgamos ser ela a que deve prevalecer.

Do cap. XIX – Transes e incorporações da obra No Invisível (1903), autoria Léon Denis (1846-1927), transcrevemos o seguinte trecho:

[…] Em nosso grupo contavam-se por dezenas os Espíritos que se comunicavam. Em cada sessão, tínhamos de seis a oito, dos quais dois ou três para cada médium. À medida que cada um deles se apresentava, mudava a fisionomia do sensitivo, a expressão das feições se modificava. Pela inflexão da voz, pela linguagem e atitude, a personalidade invisível se revelava, antes de ter dado o nome. Esses Espíritos não se manifestavam todos seguidamente. […]. ([12])

Pelo que pudemos entender, Léon Denis usa o vocábulo sensitivo para, genericamente, designar os médiuns.

Em Animismo ou Espiritismo? (1938), de Ernesto Bozzano (1862-1943), no cap. III – As comunicações mediúnicas entre vivos provam a realidade das comunicações mediúnicas com defuntos, vale a pena destacar:

Não esqueçamos que a denominação de “fenômenos mediúnicos” propriamente ditos designa um conjunto de manifestações supranormais, de ordem física e psíquica, que se produzem por meio de um “sensitivo” a quem é dado o nome de médium, por se revelar qual instrumento a serviço de uma vontade que não é a sua. Ora, essa vontade tanto pode ser a de um defunto, como a de um vivo. […]. ([13])

Mais um estudioso do Espiritismo que usa a palavra sensitivo para designar os médiuns.

Particularmente, preferimos ficar com a definição e a consequente especificação dada por Allan Kardec (1804-1869), deixando apenas para os parapsicólogos o uso de “sensitivo”.

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Fonte: Espiritismo na Rede

Referência bibliográfica:

BOZZANO, E. Animismo ou Espiritismo? Rio de Janeiro: FEB, 1987.

DENIS, L. No Invisível. Rio de Janeiro: FEB, 1987.

KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. São Paulo: Lake, 2006.

RICHET, C. Tratado de Metapsíquica – Tomo I. São Paulo: Lake, 2008.

GUIA – HEU, Metapsíquica, disponível em: LINK-1. Acesso em: 10 nov. 2022.

INTERNET ARCHIVE (site), Richet, Charles Robert, Traité de métapsychique, disponível em LINK-2. Acesso em: 15 dez. 2022.

MOURA, M. A. Fenômenos Mediúnicos, Metapsíquicos e Parapsicológicos, disponível no site Associação Espírita Allan Kardec pelo link: LINK-3. Acesso em: 10 nov. 2022.

[1] INTERNET ARCHIVE (site), Richet, Charles Robert, Traité de métapsychique, disponível em LINK-2.

[2] GUIA – HEU, Metapsíquica, disponível em: LINK-1.

[3] RICHET, Tratado de Metapsíquica, p. 11-12.

[4] MOURA, Fenômenos Mediúnicos, Metapsíquicos e Parapsicológicos, disponível no site Associação Espírita Allan Kardec pelo link: LINK-3.

[5] RICHET, Tratado de Metapsíquica, p. 67.

[6] RICHET, Tratado de Metapsíquica, p. 74.

[7] KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 139.

[8] KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 139.

[9] KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 143.

[10] KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 159.

[11] KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 159.

[12] DENIS, No Invisível, p. 269.

[13] BOZZANO, Animismo ou Espiritismo?, p. 51.

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Ressentimento doentio

Joanna de Ângelis

A queixa contumaz procede, na sua essência, das fixações ecoicas que predominam no comportamento do ser humano.

Quando o ego deseja fortalecer-se trabalha para chamar a atenção dos circunstantes, muitas vezes de maneira agressiva, revitalizando-se com a energia que lhe é direcionada.

Hábil, na dissimulação, oculta-se em condutas especiais que disfarçam as suas intenções de predomínio.

Nesse sentido, apresenta-se relativo, reclamando de tudo e de todos, de forma que os louros do bem e do bom exornem-no, exibindo-se como modelo digno de louvor e de comentários.

Em face desse comportamento, acumula toxinas emocionais nas paisagens íntimas, avançando para a manutenção do ressentimento.

Ressentir constitui uma forma de chamar a atenção dos outros em torno da sua morbidade. O egoísta sente necessidade de reviver, de reexperimentar as emoções perturbadoras das situações, mesmo as desagradáveis que lhe são impostas pelas circunstâncias, dessa maneira vestindo-se de vítima, que deve ser homenageada pela sua infelicidade…

À medida, porém, que o ressentimento acumula resíduos psicológicos de amargura, transforma-se em rancor.

Nessa fase, a quebreira se instala e o resultado nefasto surge, atingindo aquele que se permitiu derrapar no engodo personalista.

O ressentimento é estágio de censura contra a conduta do próximo, apontando-lhe os desvarios e os erros que, em hipótese última, trata-se da projeção dos próprios conflitos.

Não tendo coragem de proceder a uma autoanálise libertadora, muito fácil se torna a atitude censurável, rica de observações deprimentes, sempre lúcida no seu aspecto perverso, semeando dissensão e desencanto em torno de si, de alguma forma tornando-se centro da ocorrência.

O ressentimento demorado transforma-se num bafio pestilento que invade as áreas nobres do cérebro, perturbando-lhe as neurocomunicações, por consequência, dando origem a transtornos de variada catalogação.

A mente saudável sempre emite ondas de harmonia psíquica, enquanto aquela que se desvia das finalidades do bem produz energias para anular as ideias dignificantes, comprazendo-se em albergar as construções morbígenas que a enfermam.

Quando o ego não consegue exaltar-se através da fatuidade e da presunção, sente-se ferido, ataca e faz-se mais agressivo quando não encontra resistência, oposição, de que necessita para nutrir-se.

Não reagir ao mal do rancoroso, ao invés de ser uma atitude significativa de fraqueza moral, constitui uma verdadeira fortaleza espiritual daquele que padece os espículos disparados pela inferioridade de quem se lhe volta contra.

Carregar um sentimento semelhante, revidando acusações, entrando em debate inútil, constitui uma forma de armar-se e perder a serenidade.

Somente porque alguém se transforma em inimigo de outrem, esse não tem por que preocupar-se com a sua insânia, devendo prosseguir em paz.

Há, no entanto, eficiente antídoto, que não deve ser olvido, sempre que o ressentimento ensaie instalar-se nas paisagens mentais…

Trata-se do perdão incondicional, irrestrito.

O perdão é valioso recurso psicoterapêutico para as insinuações melindrosas do ressentimento.

Evitar-se a reclamação e a queixa contumazes é evidência de equilíbrio, de respeito pelo conjunto social. No entanto, ocasião surge em que se não pode conivir com o erro, deixando-se de advertir o equivocado quando a circunstância assim o ensejar, de chamar a atenção de alguém que se encontra em desalinho comportamental, no entanto, sem derramar fel na advertência nem chibatear com o verbo aquele que se apresenta leviano ou irresponsável.

Muitas pessoas egoístas e insensatas, embora se encontrem na ignorância em torno da realidade, comportem-se de maneira reprochável, não admitem ser admoestadas, como se tudo devesse estar submetido à sua conduta enfermiça.

Desse modo, cumpre ao cidadão ordeiro não permitir que o desequilíbrio tome conta do grupo social, receando sensibilizar esses indivíduos perturbadores do bem-estar dos outros, portadores de tal egoísmo que de olvidam dos demais para comportar-se inadequadamente lhe apraz.

Contribuir para a manutenção da harmonia é dever de todos, porque somente assim é possível fomentar-se o progresso, não se tornando, em consequência, um fiscal do comportamento alheio, um novo dono de tudo…

Diante, porém, dos ressentidos, a atitude de perdão para com eles deve expressar-se como tolerância e bondade, mantendo a compreensão em torno da sua dificuldade de agir corretamente, assim entendendo a sua incapacidade momentânea de manter-se em equilíbrio, abrindo espaço interior para a compaixão fraternal.

Dando-se direito de o outro, o seu próximo, estagiar em nível evolutivo mais atrasado, apresenta-se o interesse de o ajudar a crescer, não lhe exigindo conquista além das possibilidades de que se encontre possuído.

Essa visão fraternal enseja incomparável bem-estar, uma sensação de encontrar-se em harmonia, não se exaltando com os arroubos do entusiasmo em considerações de ser melhor do que os outros, assim como não se aturdindo ante as injunções negativas e perniciosas.

O perdão, o que equivale à compreensão do outro na sua situação ainda deplorável, exterioriza o equilíbrio interior, a harmonia existente entre o físico, o psíquico e o emocional.

Não se permitas, pois, acolher os miasmas do ressentimento que dá azo à antipatia e à animosidade.

Não te sintas discriminado, mal-amado, injustiçado, sempre amado…

As acusações que fazes, informando que os outros estão contra ti são síndromes doentias do ego dominador, desejando submeter as outras ao seu talante, conforme já o conseguiu em relação a ti.

Mantém-te jovial, mesmo nas circunstâncias adversas, não permitindo que os desvarios de fora, os petardos mentais venenosos que são dirigidos contra ti desajustem os equipamentos eletrônicos da tua casa mental e do teu sistema emocional.

Quando cogitas que os outros são opositores teus, desvelas o teu conflito em relação a eles.

Se não existe motivo real para que as demais pessoas apresentem-se indispostas ou indiferentes à tua existência, por que manteriam atitudes inamistosas?

Como depreenderás facilmente, o teu mau-humor e indisposição constante, assim como o teu temperamento rebelde são só responsáveis pelas suspeitas infundidas, geradoras do ressentimento.

Se buscas urze na seara, mesmo o trigo generoso te parecerá terrível escalracho.

Se a tua óptica está voltada para a censura, o céu que contemplas sempre se apresentará nebuloso e ameaçador.

Se esperas aplauso e entendimento, todo o reconhecimento e a afeição que te sejam doados, parecerão insuficientes para a tua exaltação.

Assim sendo, ama, sê o irmão do caminho, o samaritano da parábola, o cireneu gentil, e descobrirás que o ressentimento é morbidez que já não existe na tua conduta cristã e espirita, ou, genericamente, na tua cidadania.

Joanna de Ângelis

Pscicografia de Divaldo Franco, livro “Atitudes Renovadas”

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O nada cria alguma coisa?

Fernando Rosemberg Patrocínio

Não há efeito sem causa, e dito princípio é Lei, é fato, é coisa e lema, pois é a própria Ciência mundana que preconiza: desde que algo se dê (efeito), este algo procede de alguma coisa (causa), ou de algum outro fato, outro fenômeno e, pois, outra geratriz causal, etc., etc.

Assim, pois, as Leis universais existem como grandes efeitos cósmicos; mas tais Leis, se não são obra do acaso, hão de ter uma causa, um princípio que as gerou, pois que, repetimos: “Não há efeito sem causa”.

E, pois, nós todos, no início de nossas vidas, éramos compostos de água, de proteínas, ou de vitaminas do papai e da mamãe ao seio de nossas genitoras!

Mas pensar que nós todos, hoje adultos, homens inteligentes e, pois, de procederes éticos e coisas outras mais de nossa capacidade, pensar que nós mesmos – repito – somos derivados de uma porção de água e proteínas, é pensar pelas metades, pois que Algo, além de tal porção aquosa, estava ali, com suas respectivas leis, gestando, inteligentemente, o nosso edifício corporal, dotado de tão complexas funções: biológicas e éticas, espirituais e morais.

Ainda ontem vimos pela Internet, no site “Inovação Tecnológica”: “Universo Simulado em um Átomo Mostra Matéria Emergindo do Espaço Vazio”!

Noutros termos:

“… Esse Universo atômico, ou átomo-universo, já permitiu que se observasse um dos fenômenos mais enigmáticos com que os físicos já se depararam em seus experimentos: ver a matéria sendo criada ‘do nada’.”

Donde questionamos: – O nada cria alguma coisa?

Pelo que já vimos: não há efeito sem causa e, pois, a matéria há de ser criada por alguma coisa, e não cremos seja criada “do nada”, pois que o nada não existe!

Mas o simples fato de aqueles físicos alemães colocarem “do nada”, com aspas, isto já indica que a matéria surge de alguma coisa, que eles não sabem o que é, mas o Espiritismo sabe, e isso desde o Século 19: “A Alma dorme na pedra, sonha no vegetal, se agita no animal e acorda no Homem”.

Ou, noutros termos:

“Tudo se encadeia no Universo, desde o átomo primitivo ao Arcanjo que começou por ser átomo”. (Vide: “O Livro dos Espíritos”.)

Logo, tudo provém do Criador, sendo dita matéria sólida não mais que uma conversão da energia elementar em uma forma de energia condensada, ou solidificada como matéria, evolutindo, a partir daí, pelos mais diversos reinos da natureza até à condição de Espírito Puro, tal como se estuda e se aprofunda nas mais distintas obras do Espiritismo desde o Século 19, que no Século 20 prosseguiram com os mais renomados estudiosos e reveladores da momentosa questão.

Fernando Rosemberg Patrocínio

Fonte: Espiritismo na Rede

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Adivinhações – Elucidações de Emmanuel

Emmanuel / Chico Xavier

4 previsões climáticas catastróficas que nunca se tornaram realidade

Diante dos que usam cultura ou mediunidade para traçar prognósticos, acerca do futuro, não é necessário dizer que nos cabe acompanhar-lhes as experiências com a melhor atenção.

A ciência é neta da curiosidade e filha do estudo. A alquimia da Idade Média iniciou as realizações da química moderna. De certa maneira, os astrólogos do pretérito começaram a obra avançada dos astrônomos de hoje.

O conhecimento nasce do esforço de quantos se dedicam a desentranhá-lo da obscuridade ou da ignorância. No entanto, do respeito aos irmãos de Humanidade que se consagram ao mister da adivinhação, não se infere que devemos aceitar-lhes cegamente as afirmativas.

Especialmente no que se reporte a profecias inquietantes, é imperioso ouvi-los com reserva e discrição, porquanto estamos informados pela Doutrina Espírita de que não existe a predestinação para o mal.

Renascemos na Terra, indubitavelmente, com as nossas tendências inferiores e com os nossos débitos, às vezes escabrosos, por ressarcir, mas isso não significa estejamos obrigados a reincidir em velhas ilusões ou reacomodar-nos com a força das trevas.

O aluno regressa à escola na condição de repetente ou se encaminha para os exames de segunda época, a fim de se firmar na dignidade do ensino em que se comprometeu.

Clarividentes que desenvolveram faculdades psíquicas, fora do esclarecimento espírita evangélico, podem recolher observações infelizes a nosso respeito, seja relacionando cenas de nosso passado culposo ou descrevendo quadros menos dignos, projetados mentalmente sobre nós pelas ideias enfermiças daqueles que se fizeram nossos inimigos em outras eras; e das palavras que articulam podem surgir sombrios vaticínios ou apontamentos desencorajadores, tendentes a enfraquecer-nos a coragem ou aniquilar-nos a esperança.

Oponhamos, porém, a isso a certeza de que estamos reformando causas e efeitos diariamente, em nosso caminho, na convicção de que a Divina Providência nos oferece, incessantemente, através da reencarnação, oportunidades e possibilidades ao próprio reajuste perante as leis da vida, armando-nos de recursos e bênçãos, dentro e fora de nós.

Conquanto estudando sempre os fenômenos que nos rodeiam, abstenhamo-nos de admitir o determinismo do erro, do desequilíbrio, da queda ou da criminalidade.

Hoje é e será constantemente a ocasião ideal para transformarmos maldição em bênção e sombra em luz. Ergamo-nos, cada manhã, com a decisão de fazer o melhor ao nosso alcance e reconheçamos que o próprio Sol se deixa contemplar, nos céus, de alvorecer em alvorecer, como a declarar-nos que o Criador Supremo é o Deus da Justiça, mas também da Misericórdia, da Ordem e da Renovação.

Emmanuel / Chico Xavier

Do livro Encontro marcado, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

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A mediunidade: causas e consequências

Raul Franzolin

mediunidade2

A mediunidade é o processo de intermediação entre os dois mundos reais, visível e invisível. É a ponte de acesso que permite a comunicação dos Espíritos encarnados e dos que estão vivendo em estado fora do corpo físico.

Esse processo se realiza pela ação de médiuns que são pessoas intermediárias na relação da transmissão das ideias dos Espíritos, uma vez que livre da matéria, eles não têm toda a estrutura do corpo devidamente adaptada para uma comunicação simples e fácil como ocorre entre seres humanos.

O ser humano pleno é constituído por três componentes que se conectam entre si numa complexidade variável de acordo com a sua própria evolução espiritual e local de vivência. O corpo físico, temporário e perecível; o Espírito criado por Deus e eterno e um componente semimaterial que é o perispírito.

A conexão do Espírito se estabelece com o médium por meio de seu perispírito atuando no corpo físico de forma específica, principalmente envolvendo a glândula pineal localizada no cérebro. Essa é uma área ainda aberta para que as pesquisas científicas possam demonstrar o real papel da pineal, ou epífise na intermediação com o plano espiritual (Lucchetti et al. 2013; Oliveira).

Tendo em vista de que todo corpo humano possui a pineal e outras tantas estruturas complexas e necessárias a vida terrena, como também participa na formação de um campo magnético, qualquer pessoa pode exercer alguma forma de conexão com o mundo espiritual. Entretanto, os mecanismos da mediunidade envolvem uma complexidade de fatores físicos do mundo material e estrutura humana integrados com o mundo espiritual (Aniche 2017). Esse canal é extremamente importante para a sobrevivência da vida na Terra, pois a condição humana é frágil diante da natureza. Um exemplo vivo são os efeitos terríveis provocados por uma simples estrutura biológica, como o coronavírus, no mundo moderno de hoje com toda a tecnologia avançada.

A conexão espiritual promove benefícios significativos à vida na Terra, com o constante apoio principalmente do Espírito protetor que cada um possui, como também malefícios, por ação de Espíritos inferiores e desiquilibrados. Mas, a capacidade da manifestação mediúnica depende de vários fatores primordiais, como a afinidade espiritual, controle espiritual, vontade e desenvolvimento do médium e do Espírito comunicante, estrutura do corpo físico e do corpo extrafísico, entre outros.

A mediunidade se apresenta de um modo geral, numa acepção ampla, como a mediunidade intuitiva. Ela é sutil e despercebida, em que nem mesmo se imagina a ação espiritual em determinado momento. Porém, o mérito da ação diária é uma decisão inequívoca de cada um. Em outra acepção, ela é restrita, onde o médium apresenta características bem pronunciadas mantendo-se a ponte da conexão com os portões abertos para a comunicabilidade espiritual (Chibeni and Chibeni 1997). Essas acepções são adequadas para esclarecer que poucas pessoas atingem um grau de mediunidade restrita, mas ela pode acontecer em qualquer idade, desde crianças a idosos. Em muitos casos, as manifestações mediúnicas surgem na infância (Almeida 2004).

Após a publicação de O Livro dos Espíritos em 1857, Allan Kardec percebeu a importância e a necessidade de se publicar um livro específico para tratar sobre esse fundamental fenômeno, já com os muitos relatos acumulados e publicados na Revista Espírita. Além do que as manifestações mediúnicas ocorreram durante toda a história. Muitos foram excluídos, queimados, tratados como loucos etc.

O Livro dos Médiuns aborda os diferentes tipos de mediunidade e suas nuances. Devido a complexidade das manifestações mediúnicas, as classificações são vaiáveis sofrendo influências dos costumes e épocas. No geral, duas grandes categorias são definidas: (1) Médiuns de Efeitos Físicos com habilidade de produzir os efeitos materiais como os movimentos dos corpos inertes, ruídos etc. provocados pelos chamados Espíritos Batedores ou manifestações ostensivas. (2) Médiuns de Efeitos Intelectuais conectados as comunicações inteligentes que podem, mais especialmente, servir de instrumentos para comunicações regulares e contínuas (Kardec 1861).

Os médiuns de efeitos físicos tiveram seu auge no século XIX nos Estados Unidos e Europa, principalmente Inglaterra, Alemanha, Itália e França com a exibição de espetáculos em teatros, casas de show e até mesmo em palácios imperiais. O despertar curioso e assustador em se mexer com o mundo dos Espíritos era a vedete da época, com movimentação de objetos, mesas girantes, materialização de objetos e Espíritos, tocar instrumentos musicais sozinhos, entre outros fenômenos. Muitos médiuns que produziam fenômenos reais foram taxados de fraudadores e submetidos à humilhação e ao ridículo e muitos acabaram em processos judiciais e prisões (Conan Doyle 2013).

Com a codificação espírita, esses fenômenos foram devidamente esclarecidos. Os médiuns de efeitos físicos perderam interesse. As pessoas instruídas se afastaram da curiosidade ao entenderam que são manifestações improdutivas e provocadas por Espíritos de ordem inferior. Os Espíritos elevados procuram uma forma muito mais eficiente de atuação, capaz de promover o efeito desejado de forma clara e direta com a participação de médiuns de efeitos intelectuais preparados fisicamente e moralmente. Ressalta-se a possibilidade de um Espírito elevado produzir algum tipo de tiptologia por um motivo especial, mas ele o faz por intermédio de outro Espírito mais próximo das condições materiais, como alguém que pede um favor a outro. Além do mais, os Espíritos não podem sair promovendo esses fenômenos ao bel prazer, pois há um controle no mundo espiritual, da mesma forma que aqui uma pessoa não pode sair quebrando qualquer vidraça pelas ruas de uma cidade.

Um dos aspectos importantes no processo mediúnico trata-se da influência dos médiuns. Kardec considera uma divisão dos médiuns segundo as suas qualidades morais, em Médiuns Imperfeitos e Bons Médiuns. Como existe uma imensa variação dos níveis evolutivos entre os Espíritos, a afinidade entre o Espírito e o Médium acontece conforme o grau de evolução moral do médium. Quanto mais evoluído espiritualmente for o médium, seguindo a vida dentro dos princípios do amor, caridade desinteressada e humildade maior será a afinidade com Espíritos elevados. Daí as comunicações serem instrutivas e benéficas (curas etc.) a favor do desenvolvimento da humanidade de acordo com a Lei do progresso e a Lei do amor.

Existem ainda dentro dos Bons Médiuns uma ampla variedade permitindo que pessoas simples e comuns se tornem trabalhadores da fraternidade e solidariedade ajudando os que sofrem, tanto encarnados como desencarnados, a melhorar o equilíbrio espiritual e seguir a vida num patamar menos doloroso ou mais feliz.

O pensamento é um poderoso efeito gerado pelo Espírito com o uso da complexidade cerebral em forma de ondas mentais. Nas ocorrências cotidianas um pensamento negativo ou positivo emite ondas mentais que se associam a outras espirituais integrando-se em formas-pensamento. É por uma mediunidade ignorada e de acordo com as inclinações do indivíduo que as entidades espirituais são atraídas plasmando as formas-pensamento, mas que não exime, nem o autor, nem o Espírito influenciador, das consequências decorrentes dessa conexão. Assim a conjugação de ondas se faz presente em todos os fatos mediúnicos. Em expositores na tribuna e na pena a responsabilidade é ampla, já que eles influenciam milhares de vidas pelo mundo. Portanto, a prece é um potente meio na formação de conjugação de ondas benéficas para a vida mental, mas é no enriquecimento da virtude e do conhecimento que se obtém as mais sublimes conexões (Luiz et al. 1959). Aqui cabe a mensagem do Cristo “Orai e Vigiai”.

O conhecimento de todo o processo da mediunidade é de fundamental importância para aqueles que se habilitam a seguir nessa área. A sua complexidade exige o estudo constante e aprofundado para praticá-lo de forma adequada e com um propósito estabelecido de acordo com as Leis de Deus. Ao se lidar com pessoas, o primeiro mandamento que se deve ter em mente é a responsabilidade assumida diante de sua vida espiritual. O despreparo e a curiosidade são as causas de desequilíbrios e transtornos enfrentados por indivíduos que se aventuram nessa área com sérias consequências futuras. Por outro lado, o desejo em auxiliar o próximo com amor, caridade verdadeira e humildade aliado ao estudo sério e produtivo é uma grande oportunidade Divina de trabalho no Bem Comum.

Raul Franzolin Neto

Fonte: Grupo de Estudos Avançados Espíritas

Referências:

Almeida, Alexander Moreira de (2004), ‘Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas’, (Universidade de São Paulo).<https://www.geae.net.br/images/Dissertacao_Tese/Teses/Tese_2004_ALMEIDA_AM_Fenomenologiamediunidade.pdf>

Aniche, Roberto Antonio (2017), ‘Resumo simplificado do livro Mecanismos da Mediunidade com a orientação dos mentores espirituais’, 81. <https://www.geae.net.br/images/Artigos/AnicheRoberto-mecanismos-da-mediunidade-resumo.pdf>.

Chibeni, Silvio Seno and Chibeni, Clarice (1997), ‘Estudo sobre a mediunidade’, Reformador, 115 (2.021), 240-43(53-55). https://www.sistemas.febnet.org.br/acervo/revistas/1997/html5forpc.html?pagina=257

Conan Doyle, Arthur (2013), A história do espiritualismo – de Swedenborg ao início do século XX, trans. José Carlos da Silva Silveira (1ª ed. edn.; Brasília: FEB Editora) 558.

Kardec, Allan (1861), O livro dos médiuns: guia dos Médiuns e dos Doutrinadores, trans. J. Herculano Pires (2ª edição edn.; São Paulo: Edicel Ltda) 433.

Lucchetti, Giancarlo, et al. (2013), ‘Aspectos históricos e culturais da glândula pineal: comparação entre teorias fornecidas pelo Espiritismo na década de 1940 e a evidência científica atual.’, Neuroendocrinol Lett, 34 (8), 745-55. . https://www.geae.net.br/images/Artigos/Glandulapineal-comparacaoentreteoriasfornecidaspeloespiritismo.pdf

Luiz, André(Espírito), Xavier, Francisco Cândido(Médium), and Viera, Waldo(Médium) (1959), Mecanismos da mediunidade (28ª edição, 2020 edn.: FEB Editora).

Oliveira, Sergio Felipe de, ‘Glândula pineal. A união do corpo e da alma como o cérebro capta o magnetismo externo através da pineal’. <https://youtu.be/k7u-QjHZ-y8>

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O Perdão

Todos nós buscamos a felicidade. Mas que felicidade é essa que quanto mais se procura mais distante fica? Para que realmente a encontremos é necessário conhecermos a nós mesmos e colocarmos em prática a nossa reforma íntima, ou seja, a renovação das nossas atitudes.

Por isso, hoje, falaremos sobre o perdão, uma das maiores virtudes, através das quais alcançaremos a paz e a felicidade interior.

Como nos mostra Miramez em Horizontes da Mente, o PERDÃO é um fato, sem que exista discussão sobre o assunto, pois se fundamenta no amor e é sustentado pela caridade, sem insultar a lei da justiça.

Infelizmente, nosso conceito de perdão pode limitar ou dificultar a nossa capacidade de perdoar. Dizem que perdoar é coisa de gente fraca , medrosa, boba. Possuímos crenças negativas de que perdoar é aceitar de forma passiva tudo o que nos fizeram. Achamos que perdoar é aceitar agressões, desrespeito aos nossos direitos. Muitos afirmam: “eu não levo desaforo para casa!…” Somos alguns destes?

Será que a pessoa que perdoa demonstra fraqueza de caráter? Temos a certeza que não. Aliás esta certeza não é nossa, mas do Cristo que nos recomendou e viveu o perdão incondicional. E não consta que o Mestre tenha demonstrado em Sua vida fraqueza de caráter. Alguns até pensaram que ele era meio fraco, já que quando perseguido e açoitado, não esboçou qualquer gesto de reação e no auge do seu martírio ainda foi capaz de pedir ao Pai que perdoasse os seus ofensores.

Até hoje ninguém lembra daqueles que o crucificaram, mas o nome do “imaginado fraco”, do grande pacificador, cruzou os mares, venceu a linha do tempo, ficando conhecido em todo o mundo, a tal ponto de dividir a história da humanidade em antes e depois Dele.

Não existe uma razão plausível para não perdoar, mas existem muitas razões para exercitarmos o perdão. Vamos ver algumas delas?

A primeira razão para perdoar encontra-se na constatação de que todos nós ainda somos imperfeitos. Não há ninguém, no atual estágio do planeta Terra, que tenha atingido a perfeição, por isso, o erro faz parte das nossas vidas. A visão da eternidade, que a doutrina espírita nos mostra, abre os nossos horizontes, pois se já percorremos inúmeras encarnações, muito já aprendemos, porém temos que aprender outras centenas de lições. E como o Criador está em constante processo de criação, cada um de nós iniciou sua trajetória evolutiva em época diferente da dos demais. Logo, cada um de nós está em determinada faixa evolutiva, com determinados aprendizados já realizados e com muitos outros a serem realizados.

Então, se alguém nos ofende, não o faz por maldade, mas por ignorância. Ignorância, significa, que quem nos ofendeu ignora, ainda não aprendeu a lição do respeito. Somente quem tem a visão da imortalidade do espírito pode compreender a trajetória que todos nós realizamos, passo a passo, degrau a degrau.

Um exemplo simples: se déssemos a um aluno do Primeiro Grau uma equação algébrica para ele resolver, dificilmente conseguiria e nem por isso seus professores ficariam decepcionados com ele. Simplesmente entenderiam que ele não estava em condições de resolver o problema. Ele ainda era ignorante em álgebra. Futuramente não será mais.

Sendo assim, haveremos de aceitar as pessoas como elas são; cheias de virtudes e defeitos. Não há perfeição, ainda somos imperfeitos. Vamos sair da ilusão de que os outros devem ser perfeitos, principalmente quando agem conosco.

Muitos dizem: “Ah, eu me desiludi com aquela pessoa”. É claro! Sabem porquê? Porque se iludiram com ela, pensando que esta seria perfeita o tempo todo. Provavelmente, notaram muitas virtudes e aí passaram a imaginar que aquela pessoa era um “anjo caído do céu”, mas quando esta mostrou os seus defeitos, veio a desilusão, o engano, a decepção. Aí, muitos dizem que não conseguem perdoar porque estão muito magoados. Porém, o problema não está no outro, pois era previsível que por mais especial que esta pessoa fosse, um dia acabaria agindo de forma diferente daquela que esperávamos. O erro está em nós, que não aceitamos as pessoas como elas são.

Será que estamos aceitando as pessoas como são? Será que não estamos esperando muito dos outros? Será que estamos esperando lidar com seres angélicos num planeta de provas e expiações?

Podemos dizer: Sem Aceitação, não há Perdão!

Nos aceitando e aos nossos irmãos como eles são, nossos relacionamentos ficarão melhores. Sabem porquê? Porque não haverá tanta cobrança, tanta expectativa. E quando eles ou nós errarmos, e eventualmente nos prejudicarmos, haveremos de lembrar do Mestre Jesus, que perdoou a todos, exatamente porque aceitou a cada um de nós do jeitinho que somos.

Um outro motivo para esquecermos as ofensas está na constatação de que o perdão traz um grande alívio para quem perdoa. Nem sempre para quem é perdoado. Porque muitas vezes quem é perdoado não consegue se livrar da sua consciência, mas este também precisa aprender a se perdoar e a recomeçar novamente. O autoperdão também é importante. Para que reconhecendo os nossos erros encontremos forças para reformular nossas atitudes e começar uma nova vida.

Considerando a própria fragilidade, o indivíduo deve conceder-se a oportunidade de reparar os males praticados, reabilitando-se perante si mesmo e perante aqueles a quem haja prejudicado.

O arrependimento, puro e simples, se não acompanhado da ação reparadora, é tão inócuo e prejudicial quanto a falta dele.

O autoperdão ajuda o amadurecimento moral, porque propicia clara visão responsabilidade, levando o indivíduo a cuidadosas reflexões, antes de tomar atitudes agressivas ou negligentes, precipitadas ou contraditórias no futuro.

Quando alguém se perdoa, aprende também a desculpar, oferecendo a mesma oportunidade ao seu próximo.

Caso não nos perdoarmos ou não perdoarmos alguém, carregaremos os sentimentos de mágoa e ressentimentos e este lixo tóxico produzirá em nosso organismo doenças de difícil tratamento. Por que? Porque se alimentarmos idéias de ódio e vingança entramos na mesma sintonia de agressão e sobrecarregamos nossos centros energéticos, perturbando o nosso organismo, desencadeando um mundo de distúrbios, fazendo com que nosso espírito sofra as conseqüências do que provocou.

Eis o porquê do PERDÃO.

Muitos podem estar se perguntando como podemos aprender a perdoar.

Uma das ferramentas básicas para alcançarmos o perdão real, é conseguirmos nos manter a uma certa “distância psíquica” da pessoa, do problema ou das discussões. O que seria esta distância psíquica? É conseguirmos analisar, o problema como se não fosse conosco. Porque este distanciamento fará com que não exageremos na interpretação do problema, caindo em impulsos desequilibrados causando uma sobrecarga em nossa energia mental. A mente com este desequilíbrio dificulta o perdão. Então, nos desligando da agressão ou do desrespeito, nosso pensamento vai sintonizar com mais clareza e nitidez no bem, renovando a “atmosfera mental”.

Ao desprendermo-nos mentalmente, passamos a usar construtivamente os poderes do nosso pensamento, evitando os “deveria ter falado ou agido”, eliminando da nossa imaginação os acontecimentos infelizes que aconteceram conosco.

É fator imprescindível, ao “separar-nos” emocionalmente de acontecimentos infelizes, a TERAPIA DA PRECE como forma de nos harmonizarmos, pois, a prece refaz os sentimentos de paz e serenidade, facilitando a harmonização interior.

Desligar-se não é um processo de nos tornar insensíveis e frios, comportando-nos como criaturas inacessíveis as ofensas e críticas. Desligar-se, quer dizer deixar de alimentar-se das relações destrutivas, desvincular-se mentalmente das relações doentias ou de problemas que não podemos solucionar no momento.

Ao soltarmo-nos desses fluidos que nos amarram a essas crises, temos a chance de enxergarmos novas formas de resolver dificuldades e desenvolvermos a nobre tarefa de nos compreender e compreender os outros.

Quando aceitaremos fazer este “distanciamento” mais facilmente? Quando conseguirmos acreditar que cada ser humano é capaz de resolver seus problemas, e é responsável por todos os seus feitos na vida, permitindo que sejam, e se comportem como queiram, dando-nos a nós essa mesma liberdade.

Viver nos impondo certa “distância psicológica” às pessoas ou coisas problemáticas, sejam entes queridos difíceis ou companheiros complicados, não significa que deixaremos de nos importar com eles ou de amá-los ou de perdoar-lhes, mas sim de viver sem enlouquecer pela ânsia de tudo compreender, suportar e admitir.

Compreendendo, que ao promovermos, este distanciamento psicológico, teremos mais habilidade e disponibilidade para percebermos o processo que há por trás dos comportamentos agressivos, permitindo-nos não reagir da mesma maneira que fazíamos e sim olharmos “como é, como está sendo feito” nosso modo de nos relacionar com os outros, isto nos leva a começar a entender a dinâmica do perdão.

Uma das mais eficientes técnicas de perdoar é retomar o vital contato conosco mesmo, deixando-nos de ser vítimas de forças fora do nosso controle para transformar-nos em criaturas que criam sua própria realidade de vida, pois como já diz o nosso querido Divaldo Pereira Franco:

“O PERDÃO É SEMPRE PARA QUEM PERDOA”.

Por isso, não nos contaminemos pela raiva, pela cólera e pela mágoa. Vivamos em paz e com a nossa consciência tranquila pronta para merecer o perdão das pessoas que prejudicamos com os nossos atos, palavras e pensamentos, pois somente será perdoado aquele que perdoa. Essa é a lei.

Façamos uma proposta conosco mesmo: passemos uma borracha em todos os sentimentos de mágoa que ainda temos. Libertemo-nos do ódio, expulsemos a mágoa, perdoemos os nossos ofensores e a nós mesmos, pois todos nós necessitamos do perdão de Deus ensinado por Jesus na oração do Pai Nosso.

Se Deus, a Suprema Bondade, compreende nossos erros, porque não haveríamos de entender os erros alheios?

Experimente perdoar, pois quem aprender a perdoar jamais se esquecerá, por sentir os efeitos de felicidade que advém deste fato.

Cristiane Bicca

Fonte: Espiritismo na Rede

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Cuidar do corpo e do espírito

Américo Domingos Nunes Filho

CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO_editado - YouTube

A Medicina enfatiza a consideração dos cuidados a serem observados para se ter uma vida saudável, informando o que fazer para proteger o corpo e de se proteger contra os fatores de risco que influenciam o coração e o sistema circulatório, facilitando o aparecimento das doenças cardíacas e dos acidentes vásculo-cerebrais.

É imprescindível evitar o sedentarismo, o excesso de peso, a ingestão de gorduras perniciosas. O indivíduo que não se cuida adequadamente, com desfavorável estilo de vida, dominado pelos vícios e excessos de toda ordem, terá o seu corpo somático acometido de intensos desgastes, com comprometimento dos órgãos essenciais, acarretando a falta de retenção do fluido vital (Questões 68 e 70 de “OLE”) e, com a morte do corpo, o lento e difícil desprendimento da alma, processo conhecido como suicídio indireto.

Há alguns dias, encontrava-me, na fila de compra do setor de frios de um supermercado, quando a pessoa, na minha frente, bem obesa, solicita ao atendente, que lhe servisse de presunto com capa de gordura. De imediato, meditei na importância da elaboração desses artigos, objetivando a instrução dos indivíduos que ignoram a alimentação saudável e se constituem em candidatos à morte prematura, vivenciando intenso sofrimento além-túmulo.

É indispensável a consulta médica periódica, quando será feito o exame físico, sendo auferida a medida da pressão arterial, anotados o peso e a estatura, auscultados o coração e os pulmões, palpadas as áreas importantes do corpo e solicitados os exames laboratoriais de praxe, principalmente o exame de sangue, em especial o hemograma, a dosagem da glicose, uréia, creatinina e o lipidograma total, quando se constatarão os níveis do colesterol total, do LDL (prejudicial à saúde), do HDL (bom colesterol) e dos triglicérides.

Grau de obesidade

Para comprovação do grau de obesidade do paciente, é realizado um método simples e amplamente difundido de se medir a gordura corporal. É o IMC (Índice de Massa Corporal), sendo calculado dividindo o peso do indivíduo em quilos pelo quadrado de sua altura em metros. O normal é 18.5 a 24.9.

Sobrepeso: 25.0 a 29.9.

Obesidade grau I (moderada): 30.0 a 34.9.

Obesidade grau II (severa): 35.0 a 39.9.

Obesidade grau III (mórbida) = 40.0.

Igualmente, pode-se também empregar o método da Circunferência da Cintura (barriga). A gordura depositada na parede abdominal indica acometimento das vísceras, incluindo o fígado. Essa gordura, com facilidade, deposita-se nas artérias. É o principal indicador de obesidade e está mais associado às doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial.

Medida normal

A medida normal, na área do umbigo: <94cm nos homens e <80 cm nas mulheres. A circunferência preocupante (94-102cm nos homens e 80-88cm nas mulheres). A circunferência muito preocupante (>102cm nos homens e >88cm nas mulheres). Em medicina se conhece, como síndrome metabólica, a associação de hipertensão arterial, barriga avantajada e colesterol alto. A obesidade abdominal tem relação com a resistência à insulina: ação do hormônio não é ideal, não tem sua atividade plena, prejudicando o aproveitamento da glicose pelas células.

Obesidade

A obesidade abdominal está arrolada com o depósito acentuado de triglicérides ou triglicerídeos, que são gorduras com maior fonte de energia. Em excesso, depositam-se nos vasos arteriais (aumento no risco de doenças cardiocerebrovasculares). Os triglicérides ou triglicerídeos são resultantes da alimentação (80%) e igualmente produzidos no fígado (20%). Em excesso, são tão perigosos quanto os altos níveis de colesterol. Alimentos doces e farináceos ajudam na sua absorção.

O que fazer, então, para se desfrutar de boa saúde? Muito importante a prática de exercícios físicos, principalmente as caminhadas diárias com a duração mínima de 30 minutos. Fundamental a alimentação com frutas, hortaliças, grãos de cereais e óleos insaturados. Essencial consumir comida com pouco sal e açúcar; e, com moderação, café e as bebidas alcoólicas. Necessária também é uma boa noite de sono, evitando as bebidas cafeinadas a partir da tarde. Em relação às proteínas, evitar carne de suínos e escolher de preferência peixes (contém também a benéfica gordura ômega) e soja (importante fonte de fitoestrogênios). Quanto à carne de vaca, preferir o consumo de cortes magros. O excesso de consumo de proteínas não é saudável desde que o excedente será armazenado na forma de gordura. Quanto aos laticínios, deve-se comprar os que contêm baixos teores de gordura ou mesmo completamente desnatados.

Gorduras e fibras

A ingestão de gorduras deve ser moderada, fugindo das saturadas que estimulam o fígado a produzir LDL, e dando preferência às não saturadas encontradas em óleos vegetais (azeite, canola, etc.), frutos oleaginosos como o abacate, nos peixes gordurosos como arenque, sardinha, atum, cavalinha, salmão, ricos em ácidos graxos ômega-3, importantes na prevenção de acidentes vásculo-cerebrais, porquanto diminuem a viscosidade sanguínea. Quanto às gorduras trans, afastá-las, de imediato, do cardápio. Verificar sempre nos alimentos industrializados a presença da perigosa gordura vegetal hidrogenada, principalmente em biscoitos, massas, bolos, tortas, pães. Não ingerir frituras, porquanto o óleo em ebulição transforma-se em gordura trans.

O consumo de fibras solúveis e insolúveis deve ser sempre ressaltado, já que ajuda a reduzir o risco de doença cardíaca, impedindo a absorção de colesterol no intestino. São encontradas nos amiláceos integrais, farelos, leguminosas, aveia, frutos oleaginosos, hortaliças, sementes, etc.

Quanto à água, deve-se beber pelo menos oito copos por dia. O ideal é aumentar a ingestão de líquidos no caso de se alimentar de muitas fibras. Deve-se estimular o consumo de sucos de frutas, deixando de lado os refrigerantes.

Um capítulo à parte na boa alimentação é se nutrir com os antioxidantes, que ajudam na neutralização dos radicais livres que são perniciosos à saúde, promovendo o entupimento dos vasos arteriais (aterosclerose). Principais fontes são as frutas cítricas, alimentos ricos em vitamina D, betacarotenos, selênio, manganês, zinco, flavonoides, etc. O açaí, couve e acerola são fontes importantes de antioxidantes.

Portanto, o homem tem o dever de alimentar-se bem, velando pela conservação do seu corpo, “templo do Espírito Santo”, conforme foi dito por Paulo, em Carta aos Coríntios, Cap. três, Versículo dezesseis.

Assim sendo, é imprescindível para o espírito reencarnante, em sua trajetória evolutiva, procurar cuidar do seu corpo provisório, intentando investir na higiene, instrução e saúde para ser produtiva a sua reencarnação e não precisar passar pelo atroz sofrimento espiritual de uma desencarnação precoce.

Américo Domingos Nunes Filho

Fonte: Correio Espírita

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Os 162 anos de “O livro dos Médiuns”

Por Sérgio Thiesen

O Professor francês, didaticamente, começou a escrever sobre a mediunidade no seu “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas” (1858), obra que desempenhou papel inestimável nos primórdios da Codificação Espírita. Depois, em 1861, foi lançado um novo trabalho, muito mais completo: “O livro dos Médiuns”.

***

“O livro dos Médiuns”, ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, segunda obra da Codificação Espírita, foi publicada em 15 de janeiro de 1861, em Paris, e tem como conteúdo doutrinário:

“O ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo, constituindo o seguimento de “O livro dos Espíritos”.”

É obra destinada a todos os espíritas e estudiosos dos fenômenos produzidos pelos desencarnados, não só para os trabalhadores da mediunidade. Encontramos nela explicações essenciais para a prática espírita equilibrada; condições seguras favoráveis à manifestação dos Espíritos e as implicações daí decorrentes (dificuldades, empecilhos, equívocos etc.); como obter assistência dos bons Espíritos, recebendo deles boas comunicações; como desenvolver discernimento sobre a influência moral e do meio nas comunicações; saber avaliar as mensagens mediúnicas e a sua procedência, utilizando, entre outros, o critério da linguagem usada pelo comunicante, identificando-o acertadamente, se for o caso, sobretudo se o seu nome faz vinculações com personalidade de destaque ou conhecida; entender os mecanismos da obsessão, suas características, graus, tipos e formas de prevenção; orientar-se quanto à organização das sociedades espíritas, em geral, e dos grupos mediúnicos em particular.

Facsímile da capa original de “O Livro dos Médiuns”; imagem de domínio público.

Importa considerar que “O livro dos Médiuns” é um desdobramento de trabalho anteriormente escrito por Kardec.

Cerca de um ano após o lançamento da primeira edição de “O livro dos Espíritos”, cujo sucesso surpreendeu o próprio Allan Kardec, julgou este por bem editar uma espécie de manual essencialmente prático, que contemplasse a exposição completa das condições necessárias para a comunicação com os Espíritos e os meios de desenvolver a faculdade mediúnica.

Essa providência revelou-se de suma importância, porque apontava um rumo, uma direção segura a quantos quisessem familiarizar-se com os mecanismos que possibilitam o intercâmbio espiritual entre os dois planos da vida, uma espécie de vade-mécum destinado a orientar corretamente as pessoas que, com a sistematização do Espiritismo em corpo de doutrina, passaram a interessar-se pelos fenômenos mediúnicos. Deu-lhe o Codificador da Doutrina o título de “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas” (1858).

Não obstante o papel inestimável que esse livro desempenhou nos primórdios da Codificação Espírita, Allan Kardec avisou aos leitores da “Revue Spirite” (agosto de 1860) que aquela obra estava inteiramente esgotada e não seria reimpressa. Novo trabalho, muito mais completo e que seguiria outro plano, viria substituí-la dentro de pouco tempo. Foi a primeira referência ao lançamento de “O livro dos Médiuns”, publicado em 1861.

Organização de “O livro dos Médiuns”

Introdução: Kardec fornece explicações relativas à natureza da obra e às condições sérias de realização da reunião mediúnica. Ensina que, a despeito da faculdade mediúnica ser inerente ao ser humano, o desenvolvimento da mediunidade depende do esforço do médium em querer se transformar em legítimo instrumento de comunicação entre os dois planos da vida e da possibilidade dos Espíritos poderem manifestar-se.

Primeira Parte – Noções Preliminares: organizada em quatro capítulos (Há espíritos?; O maravilhoso e o sobrenatural; Método; Sistemas), Kardec analisa questões cruciais relacionadas à prática mediúnica, apresentando lúcidas argumentações sobre o método de investigação utilizado para comprovar os fenômenos mediúnicos, a imortalidade e sobrevivência do Espírito após a morte, o caráter não “miraculoso” ou “sobrenatural” das mensagens espíritas e as condições que justificam as comunicações dos Espíritos.

Segunda Parte – Manifestações Espíritas: composta de 32 capítulos, assim denominados: Ação dos espíritos sobre a matéria; Manifestações físicas. Mesas girantes; Manifestações inteligentes; Teoria das manifestações físicas; Manifestações físicas espontâneas; Manifestações visuais; Bicorporeidade e transfiguração; Laboratório do mundo invisível; Lugares assombrados; Natureza das comunicações; Sematologia e tiptologia; Pneumatografia ou escrita direta. Pneumatofonia; Psicografia; Médiuns; Médiuns escreventes ou psicógrafos; Médiuns especiais; Formação dos médiuns; Inconvenientes e perigos da mediunidade; O papel dos médiuns nas comunicações espíritas; Influência moral do médium; Influência do meio; Mediunidade nos animais; Obsessão; Identidade dos Espíritos; Evocações; Perguntas que se podem fazer aos Espíritos; Contradições e mistificações; Charlatanismo e embuste; Reuniões e sociedades espíritas; Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; Dissertações espíritas; Vocabulário espírita. Encontramos nessa parte o referencial espírita para a organização e funcionamento do trabalho mediúnico: comunicabilidade dos Espíritos, as relações com os encarnados e as influências, ocultas ou evidentes, boas ou más, sutis ou patentes, por eles exercidas.

Allan Kardec sempre se manteve fiel (e coerente) aos ensinos transmitidos pelos Espíritos orientadores da Humanidade, retirando de “O livro dos Espíritos” os subsídios necessários para a construção das demais obras de sua autoria. Desenvolveu, para tanto, metodologia adequada de investigação e análise, evitando premissas falsas e conclusões equivocadas. Neste contexto, concluiu que a Doutrina Espírita apresenta dois grandes fundamentos, que não devem ser ignorados pelo adepto: o esclarecimento doutrinário, obtido pelo estudo regular, e a melhoria moral, adquirida pelo combate às imperfeições:

“Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Portanto, quem quiser conhecê-lo seriamente deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e convencer-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido como se estivéssemos brincando. […]”.

Afirma, também, em outro momento: “[…] O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Há corações aflitos a aliviar, consolações a dispensar, desesperos a acalmar, reformas morais a operar. Essa é a sua missão e aí ele encontrará a verdadeira satisfação. […]”.

Um ponto muito importante, entre tantos veiculados pela obra, e que traça diretrizes para a correta prática mediúnica, é a desmistificação dos conceitos de médium – pessoa que veicula ideias, vontades e sentimentos dos Espíritos comunicantes – e de mediunidade – faculdade inerente ao psiquismo humano, independentemente do patamar evolutivo do medianeiro. Em consequência, Kardec e os Espíritos orientadores preferem considerar os médiuns como intérpretes, que podem ser bons ou ruins, dando preferência àqueles que não interferem nas ideias transmitidas pelos Espíritos, os quais “[…] procuram o intérprete que mais simpatize com eles e que exprima com mais exatidão os seus pensamentos. […]”.

Vale a leitura, releitura, exame minucioso, estudo e valorização da obra em nossas fileiras e por cada um de nós.

Fica a dica!

Fonte: Portal da Casa Espírita Nova Era – Blumenau – Santa Catarina – SC

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Advertências Espirituais

Deolindo Amorim

“Não acredito muito nessas coisas… Mas senti a presença de minha mãe e modifiquei o que estava escrevendo.”

Assim me falou, certa vez, um conhecido meu, faz alguns anos. Pelo que dizia, era cético em relação a comunicações do mundo espiritual. Disse-me ele, porém, que, tendo sido encarregado de um inquérito administrativo, estava à máquina, redigindo a conclusão do inquérito, mas em termos muito radicais, fazendo uma carga bem forte no funcionário acusado. Iria inutilizá-lo mesmo se não tivesse havido uma intervenção emocional, estranha e inesperada. Intervenção de quem?… Não viu nenhum vulto na sala, mas sentiu uma emoção muito forte, de um momento para outro, e quase chorara, apesar de ser um homem muito frio, por temperamento. Mas ia chorando e parou de escrever. Sentiu a presença de sua mãe, pela vibração, como se estivesse a lhe dizer:

— Meu filho, abrande essa informação; não seja tão rigoroso!

Foi o que ele me contou, embora não acreditasse muito nessas coisas…

Emocionado, como que dominado por uma força amorosa, arrancou o papel da máquina, rasgou tudo e escreveu outra página, muito diferente. Declarou-me que estava convicto da interferência de sua genitora. Ainda bem…

Muitos e muitos casos poderiam ser relatados, especialmente na vida familiar. Ainda que não se dê a presença de um espírito diretamente, por meio de manifestações físicas, o certo é que qualquer pessoa está sujeita a captar influências inesperadas. É a experiência que o demonstra.

Muitas vezes, quando estamos pensando sobre determinados problemas, ou quando estamos escrevendo, ocorrem ideias, que passam como relâmpagos, e nem sempre percebemos que essas ideias são de outra origem. Nosso contato com o mundo espiritual é muito e muito mais frequente do que supomos, o que, aliás, não é novidade para quem está “enfronhado” nesse assunto.

Nossa sensibilidade, desde que tenhamos condições predisponentes, tanto pode ser influenciada, pelas vibrações momentâneas de espíritos desencarnados, o que já aconteceu inúmeras vezes, principalmente com artistas, poetas e homens geniais, como também por motivações diversas, tais como uma paisagem, um quadro, o deslumbramento de um espetáculo como o da Foz de Iguaçu, a melodia de uma canção, etc., etc. Tudo isso, em seu momento, pode dar inspiração como ainda provocar reações especiais.

Contaram-me, por exemplo, que um crítico literário (já desencarnado), ao analisar um livro com o propósito de arrasá-lo, ouviu certa música e ficou tão embevecido, que terminou alternando o tom ferrenho da crítica e dando outra feição, mais amena, aos seus comentários.

Há ocasiões em que a natureza nos fascina de tal forma que chegamos a nos sentir fora do corpo, pois a nossa sensibilidade se eleva instantaneamente acima de todas as contenções da matéria. Lembro-me do que ocorreu comigo, em viagem de Belém do Pará a Manaus, faz algum tempo… Ao contemplar, do avião, a imensa e deslumbrante paisagem amazônica, confesso que fiquei a bem dizer fora de mim. Pouco depois, ao levantar voo em Santarém, à tarde, o avião começou a sobrevoar um trecho impressionante, justamente no chamado ponto das águas trançadas, onde se avista o Rio Solimões. Estava entardecendo… Senti-me tão emocionado, tão absorvido pela paisagem, diante de um espetáculo que eu jamais contemplara em minha vida — o pôr do sol sobre as águas e florestas na região amazônica — que cheguei a fazer uma prece de contentamento como se estivesse extasiado, perante tanta beleza natural, e falei assim, intimamente:

— Meu Deus, como é bela a Tua criação!…

A vida nos mostra muita coisa triste e horrenda, mas precisamos ver o outro lado, exatamente aquilo em que a natureza nos revela a beleza e a bondade, muitas vezes espontaneamente. Tudo isto parece divagação, mas não o é, não!… Quero chegar precisamente ao ponto de partida: influências inesperadas em nosso procedimento, ora pela ação sutil de espíritos, ora pela beleza de quadros naturais ou pela repercussão de músicas que se adaptem ao nosso tipo de sensibilidade.

Se a nossa sensibilidade pode ser influenciada por motivações naturais, na planície, no mar, na serra, no jardim, etc., muito mais aptidão tem ela para ser influenciada pelo mundo espiritual. Não é necessário que todos tenham mediunidade no sentido ostensivo. Nem é preciso que também todos “recebam” espíritos, como se costuma dizer. Muitas e muitas vezes, os espíritos estão ao nosso lado e nós não os percebemos… No entanto, absorvemos muitas ideias que nos levam a tomar nova direção. Eles sopram onde querem.

As influências do Alto, como se sabe, podem ser benéficas ou maléficas. Precisamos, pois, manter boas condições íntimas, para que eles, os espíritos desencarnados, encontrem em nós instrumentos dóceis, e, pelas suas interferências instantâneas, nos infundam energias e nos tragam sugestões capazes de modificar certos propósitos.

A presença de entidades amigas nos permite captar conselhos e advertências verdadeiramente providenciais, como no caso daquele conhecido meu, que sentiu, sem sombra de dúvida, a recomendação do espírito de sua própria mãe, aconselhando-o a não ser tão inflexível no que estava escrevendo. Daí, o acerto do velho ditado popular — somos cada vez mais vigiados pelo mundo espiritual.

Deolindo Amorim, do livro:   – Ponderações Doutrinárias

(Coletânea de artigos publicados por Deolindo Amorim, em diversos jornais e revistas espíritas do Brasil e do Exterior) (Livro organizado por Celso Martin)

Fonte: Espiritismo na Rede

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