Adésio Alves Machado
– Um dos grandes males que atormentam a humanidade terrena, sem sombra de dúvida, é a obsessão, e justamente pela sua peculiar característica, a de não ser percebível por quem se acha submetido ao seu jugo infelicitador.
O Espiritismo é o grande remédio, um verdadeiro antídoto contra a obsessão, porque mostra com riqueza de detalhes toda ação maléfica dos Espíritos inferiores, os quais procuram arrastar as criaturas para os abismos tenebrosos dos vícios, das paixões dissolventes, dos ódios, do desejo de vingança e para os crimes e suicídios.
Conhecesse o homem da Terra a influência espiritual em sua vida, naturalmente recuaria diante da possibilidade de cometer algum ato que pudesse, mais tarde, levá-lo ao arrependimento.
Salientemos, na oportunidade, que para haver a influência desses Espíritos atrasados, necessário é que eles encontrem a sintonia mental no Espírito reencarnado, aquilo chamado por Manoel Philomeno de Miranda de “plug”. Portanto, há a participação do “influenciado”, mais ainda quando alimenta pensamentos em desarmonia, desequilibrados que ferem, conflitam-se com a Lei Maior. Sem este detalhe não há como eles, Espíritos inferiores, acessarem a nossa mente e nos conduzirem ao erro.
È bem verdade, também, que “eles”, não conseguindo nos atingir diretamente com suas “sugestões”, utilizam pessoas de nosso relacionamento afetivo, parentes mais próximos, por exemplo, que estejam na condição de invigilantes. Atormenta-os e os leva ao desequilíbrio, o que, de alguma forma, termina por nos infelicitar, por mexer com o nosso emocional, nossos sentimentos mais profundos.
Todo cuidado, toda atenção requer de nós, os espíritas mais ainda, o “modus operandi” dos chamados obsessores. Precatemo-nos contra “eles”, procurando conhecer como atuam, quais os mecanismos de que se utilizam para nos perturbar a existência.
Falemos do retorno ao processo obsessivo, ou seja, à recidiva, pelo fato desta ser bem mais grave do que a obsessão em si.
Necessário usarmos o raciocínio em tudo que fizermos, e quando conseguimos ver com clareza o que ocorre ao nosso derredor, faz-se imprescindível que nos revistamos de maior dose de atenção, vigilância e de oração, a fim de nos precatarmos contra a recidiva obsessional. Ela nos fará cair em lamentável e constrangedor processo de aflição.
Logo de início evitemos, o mais possível, frases desanimadoras, comumente utilizadas pelo ser humano diante de problemas, de dificuldades: “não posso mais”, “não suporto isso”, “não gosto desta medicação terapêutica, porque ela não resolve”, “eu sou muito infeliz”, “só dou azar”, etc, etc. Todas estas reações interiores, verbalizadas ou não, são pontos negativos que atraem os “negativos” do mais além, Nada se consegue sem esforço e trabalho, conseqüentemente sem lutas, sem o enfrentamento de dificuldades. Não temos como nos furtar deste aspeto.
Com referência ao tratamento espírita, seguido rigidamente, podemos afirmar, com toda segurança, que nada há de melhor, de mais eficaz para a volta à normalidade.
A medicação receitada, a terapêutica preceituada e não tomada, é desperdício, tenham elas o sabor amargo que tiverem, precisam ser “ingeridas”, da mesma forma como se faz quando um médico nos prescreve esse ou aquele medicamento. Ninguém logrará ir conosco além do lugar onde queremos estacionar.
A partir do momento em que o envolvido no processo obsessivo estiver em condições de logicar, necessária será a sua colaboração para o êxito do tentame. A integração e participação efetiva da “vítima” na sua própria cura é imprescindível, não há quem a possa substituir.
Vigiemos a nossa mente porque somos os condutores da nossa vida, o que quer dizer: senhor de nossa vontade. Caso esta exercitemos, ela nos ajudará na sedimentação dos meios para controlarmos os nossos impulsos, a fim de fixarmos mensagens otimistas, pensamentos sadios. Assim agindo, novamente retomaremos os hábitos deixados há pouco e dos quais nos afastamos.
O estudo de páginas saturadas de otimismo tem a finalidade de imprimir clichês mentais idealistas, os quais funcionarão como estímulo, incentivo de que necessitamos.
Com a praxiterapia, evitamos a terrível “hora vazia”, este mal que costuma levar ao desfalecimento ou à queda nos abismos da desordem mental.
Há os que sofrem mais do que nós, e vencendo o nosso problema, capacitamo-nos para os ajudar, mais tarde, desde o momento em que conhecemos, por experiência pessoal, a significação da alienação transitória.
Porfiar na prece é medicamento para todo instante, pelo fato dela ser alimento do Espírito, criando em torno do orante uma psicosfera superior que impedirá a presença ou a insistência do perseguidor desencarnado.
Mutismo e isolamento são comportamentos que se instalam no influenciado, o que pode levar a um estado letárgico mental, favorecendo o “trabalho” pernicioso dos perseguidores implacáveis.
O cultivo da humildade e da submissão dão valor moral e fazem com que a “vítima” granjeie mérito perante a Vida, o que muito a ajudará na sua libertação do jugo mental opressor.
Seguidores de outras filosofias religiosas costumam não aceitar a terapia espírita, a qual se baseia no passe, na água fluidificada, no serviço do bem e na oração pelo bem do obsessor. Só temos que lamentar, porque somente ajudando somos ajudados, somente perdoando somos perdoados, e é esforçando-nos por alcançar uma sintonização com o labor dos bons Espíritos que haveremos de nos impregnar das forças celestes que nos querem socorrer.
Aquele que se esforça, porque não só acredita mas está convicto, alcançará os resultados salutares possíveis e imediatos.
(Artigo publicado originalmente em Reformador / FEB – setembro de 2001)