Geni e o Zepelim é uma canção de 1978, composta e interpretada por Chico Buarque. A letra descreve Geni como um travesti que era hostilizado em sua cidade. Ante a ameaça do ataque de um Zepelim, cujo comandante se encanta com os dotes de Geni, ele começa a ser provisória e hipocritamente tratado de forma diferenciada pela população. Expressões como “boa de cuspir”, “maldita Geni”, “você vai nos redimir” e “você pode nos salvar”, se alternam numa letra em que a hipocrisia se torna uma alternativa ‘conveniente’…
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A abertura, um tanto ‘profana’, não invalida a máxima cristã “vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei.” (Mateus, 11: 28). Importante fique claro, que o Mestre não me convida a arrastar o fardo; muito menos depô-lo; muito pelo contrário, toma sobre Si a responsabilidade de me “aliviar” desde que eu com ele eu esteja ‘fechado’ ou que seja um Cristão com Cristo.
Quando a hipocrisia se torna a alternativa, ou em todas as situações que:
- Eu for fã do Mestre, porém não O enxergar nas diversas Genis deste mundo;
- Eu honrá-Lo por demais nos quadros da galeria, mas ferir com golpes de cinzel os diferentes do Planeta;
- Eu pronunciá-Lo com louvor em oratórias ou escritas, mas dilacerar com a palavra espinhosa aos que segreguei como marginais;
- Eu dedicar-Lhe cânticos de louvor, mas não poupar impropérios a todos os meus irmãos “bons de cuspir”; e
- Eu O procurar de mãos postas em minhas preces, mas engessá-las na defesa aos que assinalei como “malditos Genis”…
… Então eu estarei sendo Cristão sem Cristo, pois ainda não O entendi ou não consegui estabelecer com Ele uma verdadeira parceira, me lambuzando numa hipocrisia conveniente.
Dignificar a Jesus na pessoa do semelhante é como matricular-se na sagrada escola da caridade, única que pode livrar este Planeta do atual estágio em que é atacado por todos os comandantes de zepelins trevosos.
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Tal qual a cor que homologa meu clube ou partido, minhas atitudes também autenticarão o tipo de cristão que sou.
Ou, voltando ainda ao chocante ou ‘profano’, minhas atitudes perante as Genis talvez meçam a quantidade de cristianismo que possuo e a sua veracidade…
(Sintonia: Geni e o Zepelim, canção de Chico Buarque e o Cap. Cristão sem Cristo, pg. 50, Livro da esperança, de Emmanuel/Chico, CEC Editora) – (Verão de 2014).