O Natal de Chico Xavier
A distribuição natalina que Chico Xavier promove, juntamente com diversos amigos, há vários anos, desde os tempos de Pedro Leopoldo, tem inspirado diversos grupos espíritas de todo o Brasil. As chamadas “repartições” de Natal constituem hoje o cartão de apresentação do trabalho assistencial desenvolvido pelos espíritas.
No mês de Dezembro, jamantas carregadas de viveres, bolas, bonecas, roupas, doces, enxovais para recém-natos, etc., chegam a Uberaba, procedentes de São Paulo, para a grande festa da fraternidade.
Cerca de 4.000 pessoas, entre adultos e crianças, são beneficiadas pela distribuição sem que haja qualquer tumulto ou acontecimento deprimente.
O próprio Chico fazia questão de entregar simbolicamente, algum dinheiro aos irmãos que têm, igualmente, as suas mãos osculadas por ele.
Mas quem imagina que o Natal de Chico Xavier se restringe a essa grande distribuição que muitos interpretam erroneamente, estão equivocados.
Na véspera de Natal, na noite do dia 24, sem que ninguém o veja, Chico sai com reduzido número de amigos para visitar aqueles que nem sequer podem se locomover de seus barracos …
Acobertado pelo manto da noite, percorre vários bairros carentes de Uberaba, visitando pessoalmente, em nome de Jesus, os doentes, as viúvas, os filhos do infortúnio oculto …
Além de levar algum presente para cada um, Chico conta casos, sorri com eles, lembra a sua infância, toma café e, depois de orar, segue em frente …
Poucas pessoas sabem que Chico passa o Natal peregrinando. Enquanto muitos se reúnem em torno da mesa faustosa, sem qualquer crítica a eles, ou a nós, esse verdadeiro apóstolo de Jesus na Terra caminha quase solitário, levando um pouco de alegria aos lares e aos corações dos que enfrentam rudes provas.
Para muitos, Chico é um verdadeiro pai. Ainda há pouco tempo, uma senhora já bastante velhinha nos disse:
– O sêo Chico tem sido nem sei o que pra mim … Deus é que vai abençoá ele pro resto da vida… Quando o meu marido morreu, mandei avisá ele … Nóis num tinha dinheiro nem pro enterro … Ele feiz tudo e mandô me dize que vai me interrá tumém …
Chico não é só o médium missionário que conhecemos, cuja produção mediúnica não encontra similar no mundo inteiro, seja em volume ou em variedade de temas de incontestável qualidade; ele reconhece que não basta estar empunhando lápis ou falando aqui e acolá ou tendo o seu nome nas páginas dos jornais… Na simplicidade de suas atitudes está a grandeza do seu Espírito.
Se a vida de Chico nas páginas abertas é bonita, nas páginas que ninguém conhece, naquelas que só o Senhor pode ler, ela é muito mais, porquanto o seu amor pelo Cristo é algo que transcende, se perdendo na noite insondável dos séculos …
O Natal de Chico Xavier é assim …
Do livro CHICO XAVIER mediunidade e coração, de CARLOS ANTÔNIO BACCELLI