Lei de Causa e Efeito , reencarnação e os gêmeos siameses (Jorge Hessen)
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Brasília-DF
Um caso raro de gêmeos siameses causou espanto na Índia. Babita Ahirwar e seu marido, Jaswant Singh Ahirwar, já sabiam que esperavam xifópagos [1], mas o nascimento da criança fez com que os pais entrassem em choque. As duas crianças compartilhavam os mesmos órgãos internos, incluindo um só coração, porém com duas cabeças separadas. Os bebês nasceram no dia 23 de novembro de 2019. O caso é descrito como sendo dicephalus parapagus [2], tipo que engloba cerca de 11% dos casos de gêmeos siameses, de acordo com uma revisão histórica feita pelo Journal of Pediatric Surgery. [3]
Pela tradição, o termo siameses surgiu no século XIX, precisamente em 1811, com o primeiro caso acadêmico registrado no mundo, ocorrido com os irmãos tailandeses Chang e Eng Bunker – decorrendo daí o termo “gêmeos siameses” [4]. Os dois irmãos foram conduzidos para a Inglaterra e posteriormente para os Estados Unidos.
Por uma questão de programação espiritual, e nem poderia ser diferente, Chang e Eng Bunker desencarnaram em 17 de janeiro de 1874, com poucas horas de diferença, aos 63 anos, estabelecendo um recorde de sobrevida dentre gêmeos siameses. O que nos chama atenção é o fato de que “os dois tiveram 22 filhos, que através deles geraram mais de 1.500 descendentes, a maioria deles não-gêmeos e em condições ideais de saúde.” [5]
Pelas leis reencarnatórias, num só corpo não há como reencarnar mais que um Espírito. Todavia, no caso dos seres xifópagos, existem dois espíritos em corpos grudados biologicamente, possuindo dois cérebros (dicéfalos), portanto são dois indivíduos e duas mentes.
Se na xifopagia os Espíritos forem amigos se aproximarão por afinidade de sentimentos e sentirão menos desconforto por estarem acoplados fisicamente. Todavia, nos casos dos Espíritos que afetivamente não se aturam e se repelem, serão intensamente infelizes como inquilinos de corpos grudados.
Nestas circunstâncias reencarnatórias, quais razões induziriam as Leis de Deus consentirem tamanhas anormalidades corporais?
Por quais razões esses espíritos necessitam permanecer algemados corporalmente, compartilhando vísceras e funções orgânicas, compreendendo que nada nos é mais intrínseco (íntimo) e individual que a organização física?
Na maior parte dos casos os xifópagos são dois espíritos comprometidos por imensos ódios, erigidos ao longo de múltiplas reencarnações, e que reencarnam nestas condições por recomendações dos Benfeitores sem que se constitua um processo de punição divina, até porque as Leis de Deus não são punitivas; elas apenas nos convidam (amorosa ou dolorosamente) para a reparação dos erros, sob às luzes misericordiosas da Lei de Causa e Efeito que funciona a fim de que nós nos protejamos de nós mesmos.
Alternando-se as posições como algozes e vítimas e, igualmente, nas dimensões físicas e espirituais, compelidos por irresistível atração de ódio e desejo de vingança, tais Espíritos pela divina Lei de Atração buscam-se continuamente e culminam se reaproximando em condições comovedoras, convidando-os a dividir amargamente o mesmo sangue vital e do ar que respiram.
Tal reencarnação dolorosa permitirá que ambos os espíritos, durante a experiência desafio no corpo carnal, ajustem os laços de união e sustentação moral, catalisando anseios de amizade, fraternidade e plausível começo de reconciliação pelo autoperdão e recíproco perdão.
Mesmo entre espíritos afins ou simpáticos, a experiência xifópaga deverá ser uma vivência muito desafiadora, inobstante ambos aceitarem, ou serem convidados a cumprirem a lei de amor, embora conectados biologicamente, tendo como meta diluir traumas morais do passado para robustecer a necessária reaproximação hoje para delinear um amanhã mais harmonioso.
Muitas vezes não é possível, de imediato, dissolverem-se essas vinculações anômalas, a fim de que haja total recuperação psíquica dos infelizes protagonistas. No decorrer dos anos, a imantação se avoluma, tangendo dimensões categóricas de alteração do corpo perispiritual de ambos. A analgesia transitória, pela comoção de consciência causada pela reencarnação expiatória, poderá impactar e recompor os sutis tecidos em desarranjo da mente doente.
Nessas reflexões doutrinárias não há como desconsiderar que os pais são invariavelmente coparticipantes do processo, até porque são os vínculos solidários do passado que os convidam a experienciar o drama da vida atual com os filhos.
Não podemos afirmar que são vítimas ingênuas de uma lei natural injusta e arbitrária. O reencontro comum pelas afinidades que atraem pais e filhos por simbiose magnética apenas retrata os lídimos mecanismos da Lei de Causa e Efeito à qual todos estamos submetidos.
A proposta espírita da questão aponta para algumas soluções que podem contribuir com a psicologia e a medicina de hoje e de amanhã, considerando a terapêutica. A prática da prece e da doação de energias magnéticas através do passe, por exemplo, são recursos adequados e indispensáveis para despertar consciências e minimizar os traumas psicológicos. Soluções essas que para eles (xifópagos) se descortinam eficazes, eliminando-lhes a mente para a necessidade da efetiva reconciliação, enfrentando a união pelo laço indestrutível e saudável do amor.
Notas e referências:
[1] A nomenclatura provém de xifóide que é o apêndice terminal do osso esterno (com s ), situado na frente do tórax onde se unem as costelas, isto porque muitos dos xifópagos estudados eram unidos por esta parte do corpo.
[2] Gêmeos dicephalus parapagus são unidos lado a lado pela pelve e/ou em todo o abdômen e no peito, mas têm cabeças separadas. Os gêmeos podem ter dois, três (tribrachius) ou quatro (tetrabrachius) braços e duas ou três pernas.
[3] Disponível em https://www.metropoles.com/saude/bebe-indiano-nasce-com-duas-cabeca… acesso em 06/12/2019
[4] Termo advindo do antigo reino de Sião (Tailândia).
[5] Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Chang_e_Eng_Bunker#cite_ref-mt-airy-n… acesso 04/12/2019