A diversidade religiosa corresponde à diversidade humana
Neste Natal, em que todos os Cristãos se confraternizam em memória ao nascimento do Cristo, paremos para celebrar também a diversidade de crenças e de suas expressões, convidando as diferenças ao abraço fraterno do entendimento universal.
A religiosidade é um fenômeno inerente ao ser humano e suas marcas estão espalhadas pelos achados arqueológicos de todos os períodos históricos. A expressão dessa religiosidade se diversifica em uma grande quantidade de formas, cultos, crenças, mas todas baseadas nos princípios fundamentais Deus, alma e uma realidade que transcende o mundo material.
As diversas expressões da religiosidade encontram dificuldades em conviver de forma harmoniosa, uma vez que todas buscam ‘a verdade’. Nesta busca da ‘verdade’ as ‘verdades’ se chocam e se contradizem quando colocadas em comparação umas com as outras. A espiritualidade superior, porém, afirma, através dos mecanismos da mediunidade, em especial a psicografia, que todas as religiões são escolas de espíritos, todas atendem a necessidade de educar-se para a transcendência, todas levam ao mesmo destino: viver como espíritos eternos; e atendem a diversidade de idades evolutivas em que se encontram os indivíduos.
Vejamos como isto é afirmado pelo orientador espiritual Áulus, que conduziu o aprendizado do Espírito André Luiz sobre mediunidade, descrito no livro ‘Nos Domínios da Mediunidade’, psicografia de Chico Xavier:
A religião digna, qualquer que seja o templo em que se expresse, é um santuário de educação da alma, em seu gradativo desenvolvimento para a imortalidade (XAVIER; LUIZ, 1955, p. 278).
(…) É preciso considerar que nem todos possuem idêntica idade espiritual e que a Humanidade Terrestre, em sua feição de conjunto, ainda se encontra tão longe da angelitude quanto a agressiva animalidade ainda está distante da razão perfeitamente humana.
É muito cedo para que o homem se arrogue o direito de apelar para a Verdade Total… Por agora, é imprescindível trabalhe intensamente, com devoção ardente e profunda ao bem, para atingir mais amplo discernimento das realidades fragmentárias ou provisórias que o cercam na vida física e, considerada a questão nesse aspecto, estejamos convictos de que a ausência de escolas do espírito ou a supressão dos instrutores constituiriam a multiplicação dos hospícios e o rebaixamento do nível moral, porque sem o apelo à dignificação da individualidade, em processo de crescimento mental e de sublimação no tempo, não poderíamos contar senão com a estagnação nas linhas inferiores da experiência. (XAVIER; LUIZ, 1955, p. 279).
Percebemos assim a necessidade de que afirmações como estas sejam popularizadas, para que as pessoas desenvolvam um olhar de empatia para a crença e a expressão da religiosidade do outro, sabendo que todas as religiões servem ao progresso dos espíritos, atendendo-os conforme as suas particularidades e idades evolutivas.
Vai ter Espírita achando que o espiritismo se situa dentre “as mais evoluídas”. Fazer esses juízos de valor é bem típico do egoísmo em que ainda nos situamos. Vale lembrar que o saber Espírita, na maioria das vezes, é um “tiro de misericórdia” no coração de quem já não acreditava em nenhuma outra escola de espiritualidade. Feliz daquele que conseguiu crer em uma transcendência sem precisar “vê-la”.
Feliz Natal a todos
e paz na Terra.
Referência
XAVIER, Francisco Cândido. LUIZ, Espírito André. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira – FEB – 22ª ed. BN 10.021. 12/1994. Copyright 1955 by.