O Magnetismo pede licença
Jacob Melo
Desde muito jovem lido com o Magnetismo. A rigor, de forma direta e praticamente ininterrupta, já passa de 45 anos o tempo que contabilizo nesse estudo e nessa prática.
Nem sempre estive tão certo do que sabia nem aonde isso tudo me levaria, mas a certeza de que este caminho é certo e seguro nunca saiu de minha emoção nem da consciência com que me envolvi. Afinal era exatamente em Allan Kardec que eu me fundamentava; foi em suas obras que firmei minhas convicções e em quem sigo lastreado sem temer qualquer queda ou naufrágio.
Por tanto tempo, assim como dúvidas de difíceis respostas me surgiam, bênçãos e grandiosas maravilhas se descortinavam como a sinalizarem o longo trajeto a ser percorrido.
E embora jamais tenha havido em meus sentimentos qualquer réstia de anseios subalternos, algo muito forte me inquietava: “Será que as pessoas não percebem a grandiosidade dessa Ciência?”
E saí estudando, exercitando, aprendendo, aplicando, me aperfeiçoado e levando avante o que sinto ser um dos mais seguros e eficientes meios de se ajudar a qualquer criatura… E nisso vieram as palestras, as apostilas, as aulas, os cursos, os livros, as viagens…
E sigo firme, apesar de alguns momentos de passageiros desânimos. Todavia, estes não vinham em relação ao Magnetismo, mas devido ao meu não entendimento de tanta dificuldade da parte do meio espírita em entender e aplicar o que Allan Kardec e os Espíritos Superiores indicaram, insistiram e ainda seguem orientando.
Mas o tempo sempre traz as respostas às expectativas dos que semeiam.
Hoje, seguindo totalmente voltado a essa divulgação, sou agraciado com a percepção de que por todos os lados surgem novos grupos, outras sociedades e interessados das mais diversas origens ou regiões, dando-nos conta de que o Magnetismo volta a atrair o interesse de muitos, sobretudo pelos resultados irretorquíveis que apresenta ainda que nossa base teórica siga fragilizada por contarmos com bibliografia clássica ainda muito rara e restrita, e por contarmos com argumentações geradoras de atitudes excessivamente passivas e pouco produtivas, como as decorrentes de frases do tipo: “Os Espíritos fazem tudo”, “basta ter boa vontade”, “se não melhorou é porque não tem fé ou lhe falta merecimento”, “o amor é suficiente”, “só precisa impor as mãos, como fez Jesus”…
De fato, os Espíritos são fundamentais em nossas ações magnéticas, mas não podem fazer tudo; se a boa vontade é necessária, o estudo, a dedicação e a atenção são igualmente indispensáveis e intransferíveis.
As questões de fé e merecimento, ainda que existam, nos levam a refletir no que podemos e devemos fazer melhor e não usar tais argumentos como se fossem condenações aos enfermos; embora o amor seja a maior força do universo, será que temos tamanho amor em nós mesmos? Finalmente, Jesus não se limitava a impor as mãos (Ele usou os mais variados mecanismos e as mais ricas técnicas de magnetismo, basta ver Lucas, 7, 32 a 34; 8, 22 a 25) e ainda que assim o fosse, teremos nós tamanho poder, tamanho amor, tamanho conhecimento da Lei?
Com o advento da internet, da facilidade de comunicação e da rapidez com que as informações correm e percorrem o mundo, o Magnetismo pede passagem e começa a chegar aonde durante tanto tempo encontrou cerradas portas e janelas. Ficamos assim na posição de apenas abrir-lhe caminhos, oferecer-lhe nossas mãos e nosso amor, buscando aumentar o saber para melhor fazer, pois se é dando que recebemos, doemos e doemo-nos com amor e sabedoria, pois o mundo melhor que todos buscamos nasce dentro de cada um, onde magneticamente estamos todos albergados.
Como disse uma amiga, talvez o coração pudesse ser na cabeça e o cérebro no peito, assim pensaríamos com mais amor e amaríamos com mais sabedoria. Por isso mesmo posso concluir dizendo que o Magnetismo acima de tudo pede passagem na mente e no coração, não separados, mais sabiamente unidos no amor.
Jacob Melo
Fonte: Correio Espírita