Existem mundos particularmente destinados aos seres errantes, MUNDOS que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de acampamentos, pontos de repouso, de campos onde descansam de uma longa e demasiada erraticidade, estado este sempre um tanto penoso, (1) mas eles são gradativos, isto é, entre os outros mundos ocupam posições intermediárias (2), de acordo com a natureza dos Espíritos que a eles podem ter acesso e onde gozam de maior ou menor bem-estar.
Os Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los livremente a fim de irem para onde necessitem cumprir as suas necessidades. Podemos compará-los como bandos de aves que pousam numa ilha, para aí aguardarem até que suas forças se refaçam a fim de seguirem seu destino.
Enquanto permanecem nos mundos transitórios, os Espíritos progridem, pois os que vão a tais mundos o fazem com o objetivo de se instruírem e de poderem mais facilmente obter permissão para passar a outros lugares melhores até chegarem ao nível que os puros Espíritos atingiram.
Pela sua natureza especial, os mundos transitórios NÃO são perpetuamente destinados aos Espíritos errantes, a condição deles é meramente temporária.
Esses mundos possuem uma constituição análoga à dos outros planetas (3), mas a superfície deles é estéril, por isso, não são habitados por seres corpóreos, assim, os seres que acampam nesses mundos são isentos das nossas necessidades e das nossas sensações físicas. (4) Inclusive, a esterilidade desses mundos NÃO é permanente, são estéreis por transição.
A Natureza desses mundos se traduz pelas belezas da imensidade, que não são menos admiráveis daquilo que na Terra denominamos de belezas naturais.
No nosso sistema planetário não mais existem essas espécies de mundos. Contudo, a Terra, durante a sua formação, já pertenceu a essa categoria de mundo (3).
Estas informações do Espírito (Santo) Agostinho confirma uma grande verdade: nada é inútil em a Natureza; tudo tem um fim, uma destinação. Em nenhum lugar há o vazio, pois TUDO É HABITADO, A VIDA SE EXPANDE POR TODA PARTE (5). Assim, durante a longa série de séculos que passaram antes do aparecimento do homem na Terra, durante os lentos períodos de transição que as camadas geológicas atestam, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos, naquela massa informe, naquele árido caos, onde os elementos se achavam em confusão, NÃO HAVIA AUSÊNCIA DE VIDA (3). Seres isentos das nossas necessidades, das nossas sensações físicas, lá encontravam refúgio. Quis Deus que, mesmo assim, ainda imperfeita, a Terra servisse para alguma coisa. Quem, pois, ousaria afirmar que, entre os incontáveis mundos que giram na imensidade, um só, um dos menores, perdido no seio da multidão infinita deles, goza do privilégio exclusivo de ser povoado? Qual então a utilidade dos demais? Tê-los-ia Deus feito unicamente para nos recrearem a vista? Suposição absurda, incompatível com a sabedoria que esplende em todas as suas obras. Ninguém contestará que, nesta ideia da existência de mundos ainda impróprios para a vida material e, não obstante, já povoados de seres vivos apropriados a tal meio, há qualquer coisa de grande e sublime, em que talvez se encontre a solução de muitos problemas.
NOTAS:
(1) Ver Revista Espírita, maio de 1859, Música de Além Túmulo, Chopin, questão 22, resposta de Mozart.
(2) Ver O Livro dos Espíritos – Livro II – Capítulo VI: Mundos Transitórios.
(3) Podemos deduzir que a natureza desses mundos transitórios, são materiais, conforme a resposta dadas pelos Espíritos as questões 236 e 236a onde afirmam que a Terra na época de sua formação esteve na condição desses mundos.
(4) Santo Agostinho in Revista Espírita, maio de 1859, Mundos Intermediários ou Transitórios.
(5) No Universo, tudo serve, tudo se encadeia por liames que ainda não conseguimos perceber na sua amplidão.
Na Natureza, tudo se harmoniza através de leis gerais, e é nessa admirável harmonia que a solidariedade acontece entre os seres que habitam todos os reinos da natureza, eles progridem, se aperfeiçoam, se depuram, concorrendo dessa forma para o cumprimento dos desígnios da Providência.
No Universo a vida é uma ocupação contínua.
No momento em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entra no período de humanidade, a luz, para ele, se mostrará cada vez mais ampla, e ele passará a perceber cada vez melhor que todos devem percorrer os diferentes graus da escala de cada reino ou classe espírita para se aperfeiçoarem e, que ele, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação, estará sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual terá deveres iguais a cumprir, cujo objetivo natural, é fazer tudo tender na direção da Unidade (Perfeição), conforme se pode observar nas respostas dos Espíritos às questões 540, 558, 561, 566, 573, 604, 607a, 611 e 888a de LE.
Pesquisa: Elio Mollo
Fontes:
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, Livro Segundo, qq. de 234 à 236 e 540, 558, 561, 566, 573, 604, 607a, 611 e 888a.
Allan Kardec – Revista Espírita, maio de 1859, Mundos Intermediários ou Transitórios.
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