Mensagens psicografadas sempre são autênticas?

Mensagens psicografadas sempre são autênticas?

Entrevista de Richard Simonetti sobre Mensagens Psicografadas

O estudioso, palestrante e escritor Richard Simonetti nos dá importantes esclarecimentos sobre esse tema muito polêmico no meio espírita, mas também com repercussões no meio “não espírita”.

 “Restabelecer verdades é agravar a animosidade dos que apoiam a hipocrisia e seu desassombro não pode provocar a sinceridade dos que se distanciam das boas intenções…”

(Chico Xavier – Arthur Joviano)

Pérolas de sabedoria – Vinha de Luz

 1 – Após o falecimento de Chico Xavier, inúmeros médiuns vêm recebendo mensagens atribuídas a mentores espirituais que o assistiam, como Emmanuel e André Luiz.  Como encarar esse fenômeno?

 S. – Com estranheza. Não estão impedidos esses espíritos de se manifestarem, porquanto não constituem propriedade de Chico Xavier. Não obstante, até para evitar dúvidas conturbadoras e críticas depreciativas, acredito que adotariam outro nome, considerando quanto aprendemos com Kardec que o importante é o conteúdo da mensagem.

 2 – Obedecendo a este critério, como situar mensagens atribuídas ao espírito Emmanuel, como tem ocorrido com alguns médiuns?

 S. – Especificamente, em se tratando de Emmanuel, duvidarei de sua autenticidade, ainda que de teor aceitável, porquanto, segundo informações do próprio Chico, ele reencarnou em 2000, no interior do Estado de São Paulo. E é altamente improvável que, em processo reencarnatório, estivesse disposto a marcar presença mediúnica com novas mensagens.

 3 – Como ficamos se o médium é respeitável e leva a sério seu trabalho?

 S. – Isso não o exime de erro quanto à identidade do espírito, refletindo até mesmo o desejo inconsciente de receber mensagens de  determinada personalidade. Aí entraria o processo anímico, não quanto à mensagem, que até pode ser boa, mas quanto à autoria.

 4 – Não pode ocorrer que o próprio espírito dê o nome de alguém ilustre para ser melhor aceito?

 S. – Sem dúvida. Em “O Livro dos Médiuns”, há uma manifestação de razoável conteúdo atribuída a Bossuet (1627-1704), teólogo francês. Consultado, o espírito de São Luiz, um dos mentores de Kardec, explicou que era uma manifestação apócrifa. Posteriormente, o próprio espírito que a produziu, confessou: “Eu desejava escrever alguma coisa, a fim de me fazer lembrado dos homens. Vendo que sou fraco, entendi de apadrinhar o meu escrito com o prestígio de um grande nome”. Quando lhe perguntaram se não imaginasse fosse a fraude descoberta, respondeu: 

“Quem sabe lá, ao certo? Poderíeis enganar-vos. Outros menos perspicazes a teriam aceitado”.

 5 – Você diria  que está faltando perspicácia para identificar mensagens apócrifas?

 S. – Quem o diz é Kardec, ao comentar esta manifestação: “De fato, a facilidade com que algumas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que anima os espíritos embusteiros. A lhes frustrar os embustes é que todos devem consagrar a máxima atenção; mas a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai antes de praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria custa”.

 6 –  E quanto às mensagens atribuídas a Chico Xavier?

 S. – Chico, obviamente, não está impedido de manifestar-se. Se isso ocorresse, suas virtudes seriam um castigo, não uma vantagem, ele que recebeu milhares de comunicações, que psicografou centenas de livros.

 7 –  Fala-se numa senha que Chico teria deixado para autenticar suas mensagens…

 S. – Acho complicado uma senha, porquanto poderia ser desconhecida dos médiuns, mas não dos espíritos. Um mistificador inteligente poderia facilmente capturá-la na mente de seus depositários. Melhor atentar ao conteúdo.

 8 – Considerando sob esse ponto de vista, que sejam aceitáveis as mensagens que um médium receba de Chico, deveriam ser divulgadas?

 S. – Aqui está o “X” da questão. Geralmente são dirigidas a um círculo íntimo de pessoas que conviveram com ele. Dar-lhes divulgação é temerário, até porque estarão sujeitas às limitações do médium e distanciadas do potencial do espírito. Há um provérbio chinês: “Cala-te ou fale algo que valha mais que o teu silêncio”. De Chico, publiquemos o que for mais importante do que ele psicografou ao longo de seu apostolado mediúnico, como um acréscimo, não como um decréscimo na forma e no conteúdo.

 Fonte: Revista Internacional de Espiritismo.

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