Trabalho, lei da vida
Aristides Spínola
Diante das atuais dificuldades enfrentadas pelos cientistas das áreas diversas da saúde, no que tange aos surpreendentes surtos de doenças, irreversíveis ou não, porém, sem controle, que degeneram em voluptuosas e lastimáveis epidemias, pessoas cépticas e ignorantes da realidade espiritual indagam por que os Numes Tutelares da Humanidade não vêm utilizar das faculdades mediúnicas para apresentar terapias de emergência, soluções imediatas, em se considerando os constantes insucessos no campo da investigação acadêmica?…
Câncer e AIDS, herpes e lúpus, esquizofrenia e psicoses, apenas para citar alguns males que afligem as massas, ou hanseníase e tuberculose, sífilis e conjuntivite, distúrbios psicossociais e idiotia, ou ainda, gripe e dengue, impaludismo e febre amarela nos trópicos, permanecem recrudescendo em obituário expressivo, tanto quanto os perturbadores desconsertos cardiovasculares, digestivos e respiratórios, atendidos por terapias específicas, e, no entanto, prosseguindo como danosas ameaças à salubridade das gentes e suas comunidades.
Porque as suas opiniões e caprichos não encontram ressonância nos Espíritos desencarnados, que não acorrem a resolver as questões que são pertinentes aos homens, aqueles observadores e desavisados zombam da comunicabilidade espiritual e, desdenhando-a, negam-na, apressadamente.
Ignoram que a função dos Espíritos Superiores é auxiliar o progresso da sociedade, promovendo os homens pelo trabalho deles mesmos, quais mestres sábios que estimulam os aprendizes a se desincumbirem das tarefas, ao invés de executá-las no lugar deles.
Inspirando as criaturas, não as imobilizam num parasitismo que terminaria por entorpecer-lhes os sentimentos e bloquear-lhes as inteligências, condenando- as à inutilidade.
Toda vez que os homens devem ter os seus processos de sofrimento atenuados, a Divindade faculta a abnegados Missionários que se reencarnem, e, através de esforço digno, encontrem os meios de diminuir as conjunturas aziagas e os dramas, físicos quanto morais, que constituem mecanismos de advertência para os seres, a fim de que despertem para a valorização dos bens da Vida.
Desse modo, no momento próprio, surgiram o éter e o clorofórmio, as várias técnicas de anestesia, as vacinas e as conquistas no campo da microbiologia e das partículas subatômicas, para melhor compreender- se o mecanismo da existência corporal, ao tempo em que outros apóstolos penetraram nos esconsos departamentos da mente, clareando os abismos da psique e libertando os que ali jaziam ergastulados.
De Hipócrates a Flemming, de Galeno a Sabin, de Ambrósio Paré aos microcirurgiões, de Pasteur a Lister, a Hansen, a Kock, desde as experiências de Charcot a Pavlov… ou mesmo de Kraepelin a Griesinger, a Bechterev, a Metchinikov, de Freud, Breuler, Jung, aos modernos antipsiquiatras, todos, porém, lutando afanosamente para conquistar, palmo a palmo, os terrenos áridos ou selvagens, nos quais vieram ensementar, com vistas a um futuro humano melhor.
Não poucas vezes, no auge das suas labutas, quase vencidas pela ignorância dos seus coevos ou graças ao cansaço de que se viam objetos, ou enfraquecidos por enfermidades outras e escassez de recursos, eram reconduzidos ao Mundo Espiritual, em desdobramento parcial pelo sono, a fim de receberem estímulos e instruções, dando prosseguimento ao ministério abraçado, sem o que não lograriam as metas que fizeram coroar de êxito..
Noutras oportunidades, quando se sentiam perdidos no báratro das investigações de resultados imprecisos, sem cobaias próprias que lhes propiciassem a coleta dos valores necessários, eram levados a estados de insight, que lhes facultavam encontrar os elos de que tinham necessidade para completar o trabalho.
Não se encontram a sós, os homens probos e devotados do bem geral.
Cercados por Espíritos nobres que os protegem, deles recebem inspiração e encorajamento para os empreendimentos a que se afervoram, desde que, por sua vez, também procedem de Esferas Elevadas, momentaneamente mergulhados no corpo para realizarem missões especiais.
O mesmo ocorre noutros campos do saber em que a vida se expressa, arrebanhando as criaturas para a conquista dos horizontes infinitos do conhecimento e do amor.
Fosse de outra maneira, e a acomodação, a astúcia se encarregariam de desnaturar o esforço pessoal, fomentando maior ociosidade e aventureirismo, descaracterizando a grandeza do trabalho e do esforço individual que selecionam os indivíduos e premiam-nos com as realizações íntimas de que se exornam.
Recomendam os Espíritos que, ao lado das ásperas realizações pelo sacrifício, sejam desenvolvidos os recursos morais que promovem o ser a escalas mais elevadas, permitindo-lhes a superação dos “instintos agressivos” nele jacentes e das paixões inferiores que remanescem das experiências primeiras no processo da evolução.
Fadado à liberdade e à plenitude, o Espírito alcança o seu fanal encarnando, desencarnando e reencarnando sucessivamente até sublimar-se, mediante o trabalho, que é Lei da Vida, porquanto o próprio Jesus afirmou: “O Pai até hoje trabalha e eu também trabalho”, não dando qualquer ensejo à indolência, à exploração do próximo, ao progresso por meio da usurpação das conquistas alheias.
Aristides Spínola por Divaldo Franco do livro: Antologia Espiritual