SEXO E COMPROMISSO
Joanna de Ângelis
O problema do sexo é, invariavelmente problema do Espírito.
Reencarnado para o superior desiderato de recuperações morais, em face dos impositivos da evolução, o espírito elabora, com os recursos de que dispõe, o domicílio de células que se torna valioso instrumento para as operações de resgate e crédito na esfera física.
Abusos de ontem surgem como limitações de hoje.
Desgastes do passado aparecem como carência de agora.
Emboscado nos tecidos carnais, o espírito imprime por imperiosa necessidade de crescimento frustrações e ansiedades, distúrbios e falsas necessidades genésicas nas telas mentais responsáveis pelas aspirações e investidas que o atormentam inexoravelmente.
Por esse motivo, a questão essencial no panorama do sexo não diz respeito à continência ou à concessão emocional, mas à maneira como se cultiva uma ou outra condição.
Nesse particular, é urgente o processo de educação mental em relação ao aparelho genésico, sublime santuário de perpetuação da espécie na Terra.
Muitas escolas, fascinadas pelo assunto, sugerem a abstinência matrimonial através do celibato, sem o respeito, no entanto, à castidade.
Diversas outras prescrevem a castidade sem o amor disciplinante e educativo, e ambas as correntes, por constrição, criam desajustes e aflições dificilmente abordáveis.
Outras mais, ainda insistem no “amor-livre”, convocando o corpo e a mente ao retorno à selvageria instintiva, condimentada com toda sorte de concessões amesquinhantes, em que o homem se corrompe e perverte, impondo futuros renascimentos marcados pela desventura e anormalidade…
Todavia, no celibato sem a abstinência sexual o homem se despudora; na castidade sem a educação moral desequilibra, e no abuso se compromete…
Qualquer atitude extremista opera desarmonias e perturbações com lamentáveis consequências que se estendem após o decesso carnal, em processos de sombras e aflições indescritíveis…
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As águas que, embora represadas recebam um continuo fluxo das suas nascentes, transbordam com graves consequências, quando as comportas não lhes franqueiam o vasto campo para espraiar-se.
A chama indisciplinada que saltita irresponsável pode tornar-se causa de incêndios calamitosos e devoradores.
O que é desprezado, em estagnação, se converte em abismo de morte que a todos ameaça…
E também o sexo indomado ou incorreto constitui ameaça ao homem que o porta, fazendo-se grave problema sociológico e eugenético como só acontece na tormentosa vida hodierna…
Destinado aos nobres objetivos da vida, degenera-se quando incompreendido, em fator aniquilante, comprometendo gerações inteiras…
Causa de conflitos sem nome, é o sexo em desalinho a geratriz de muitas guerras de extermínio e dos crimes mais hediondos.
No entanto, na Terra, vive-se mais em função dele do que ele em função da vida.
Pensa-se, fala-se, cultiva-se o sexo como se o ser fosse destinado unicamente à função sexual, sem outro objetivo.
Por isso o desespero e a anarquia moral campeiam soberanos…
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Respeita, no altar genésico da câmara física em que enclausuras no renascimento carnal, a excelsa concessão da Divindade para a tua libertação santificante.
Utiliza-te do amor, na elevada expressão do matrimônio e permuta com a alma eleita a tua expressão de saúde, tecendo sonhos de ventura indestrutível para o futuro imortal.
Mas não te deixes conduzir pelas falsas e imaginosas conjeturas da emoção em desequilíbrio, inspirado por atentos verdugos da tua paz, desencarnados que te seguem, a conúbios amorosos de ilicitude, justificando tardios reencontros espirituais, em consequentes deserções do dever. Nem te afastes do compromisso assumido, alegando necessidade de libertação…
Cumprimento de deveres no tálamo conjugal é também castidade libertadora.
A conjuntura afetiva que desfrutas é a que mereces. Aproveitá-la sabiamente é a honra que disputas.
E, se encontraste no ideal que esposas o campo de estímulos fraternais para a nobre preservação dos deveres elevados do sexo que acalentas, cultua o trabalho e o bem, convertendo tuas disponibilidades em energias nervosas revigorantes, para que a virtude da caridade – essa venerável ginástica do espírito – te conceda os louros da vitória sobre a luta que travas nos dédalos íntimos.
No entanto, se o exercício de renúncia a que te afervoras te faz hipocondríaco e triste, não vaciles em obedecer a prescrição do Apóstolo dos Gentios, na primeira epístola aos Coríntios, capítulo 7, versículo 9: “Mas se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se”.
Teu sexo pode ser comparado aos teus olhos, requerendo idênticos, especiais cuidados.
Para que vejas é necessário que o raio de luz fira a câmara óptica. Para que vivas equilibrado, servindo a Jesus, nas lides espíritas, deixa que os superiores estímulos do teu equilíbrio sexual, como luz de harmonia interior haurida na dignidade evangélica que o espiritismo restaure, atinjam a câmara da tua visão espiritual, oferecendo-te panoramas jamais antes imaginados, como libertação real e ascensão legítima, a que aspiras.
Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade – 54