Paulo da Silva Neto Sobrinho
(Reproduzido do site: www.espirito.org.br)
O Espiritismo possui em sua base de sustentação três aspectos, quais sejam: Científico, Filosófico e Religioso. Assim, teríamos representado:
Embora muitos queiram levar a reencarnação para o lado religioso, na verdade é um princípio que deverá ter a ciência como apoio, pois se trata de uma lei natural que é da alçada da Ciência, portanto, nada tem a ver com religião ou mesmo com a filosofia, embora sob esses dois pontos possamos também justificá-la.
Recordação Espontânea de Vidas Passadas
Fato muito comum, mais do que possamos pensar, é encontrarmos crianças que se lembram de alguma vida anterior.
Vários pesquisadores têm se dedicado a pesquisas com elas. A razão mais forte para esse tipo de pesquisa é pelo fato de que as crianças são mais autenticas nas informações que passa, já que muitas vezes nem mesmo possuem conhecimento daquilo que estão descrevendo sob sua vida anterior. Podemos citar:
O Dr. Ian Stevenson – americano, que foi chefe da Divisão de Parapsicologia do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Virginia, EUA, num trabalho que durou mais de trinta e oito, pesquisou e arquivou mais de dois mil e seiscentos casos, na sua maioria de crianças, que, em dado momento de suas vidas, sem uma razão muito clara para isso, passaram a dizer que tinham sido outra pessoa em outra vida diferente, lembrando-se com impressionante nitidez de fatos e situações vividas, assim como de nome de pessoas e cidades.
O Dr. Stevenson também elaborou e publicou interessante estudo, ainda não traduzido para o português – Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects (Reencarnação e Biologia: Uma contribuição à Etiologia das Marcas-de-Nascença e Defeitos de Nascença com 2.300 páginas). Busca a comprovação da reencarnação através das ditas “marcas de nascença”, que demonstram que as pessoas além de trazerem marcas semelhantes a de seus antepassados já falecidos, traziam também inconfundíveis traços de sua personalidade, tão marcantes que faziam acreditar tratar-se do mesmo espíritos, agora em corpo diferente.
Um caso relatado por Stevenson:
“Trata-se do caso do pescador Willian George, membro da tribo dos tlingits, Alasca, EEUU. Em várias ocasiões, conversando com seu filho e sua nora, ele disse que iria reencarnar como filho deles e que seria reconhecido pelas marcas que traria no corpo, semelhantes às que tinha no ombro esquerdo e na face interna do antebraço. Em julho de 1.949 entregou a seu filho um relógio de ouro que estimava muito, pedindo que o conservasse para quando retornasse em outra existência. No mês seguinte Willian George saiu para pescar e desapareceu, sem que seu corpo fosse jamais encontrado”.
“Pouco tempo depois sua nora engravidou e, a 5 de maio de 1.950, deu à luz a um menino. Durante o parto ela sonhou que seu sogro aparecera e, quando voltou a si depois do parto, esperava ver o sogro (talvez como um espírito) em sua forma adulta anterior. Mas o que viu foi um bebê robusto que trazia em seu corpo sinais exatamente iguais aos que seu sogro tinha em vida e também nas mesmas regiões. A identificação dessas marcas de nascença levou os pais a chamá-lo de Willian George Júnior”.
“À medida que o menino crescia, mostrava traços de gostos, aversões e aptidões semelhantes aos do avô. Este, por exemplo, costumava virar o pé direito para fora, hábito que o menino também apresentava. Os traços faciais, a tendência à irritabilidade, o hábito de dar conselhos, o conhecimento de pesca e de barcos e dos lugares piscosos eram semelhantes aos do avô, e, o que é bastante estranho, o jovem tinha um incomum medo da água. Também era mais sério e sisudo que seus companheiros”.
“Além dessas características, o menino mostrava marcante identificação entre a sua personalidade e a do seu avô, dizia que a tia-avó era sua irmã e tratava os outros como se fossem filhos ou filhas”.
“Quanto ao relógio de ouro, um dia sua mãe resolveu examinar as jóias que possuía e tirou-as juntamente com o relógio, do porta-jóias. Quando o garoto viu o que ela estava fazendo, agarrou o relógio dizendo que era seu e só com muita dificuldade a mãe conseguiu que ele o devolvesse”.
“Os familiares do menino, que foram cuidadosamente inquiridos pelo pesquisador, afirmaram, categoricamente, que jamais haviam falado sobre o relógio ou mencionado as palavras de Willian George”.
“O caso de Willian George Jr mostra as seguintes evidências reencarnacionistas: recordações iniciando-se na infância, visão, déjá vu (reconhecimento de um lugar onde nunca se esteve antes), sonhos anunciadores, informações da própria pessoa antes de morrer, prometendo voltar, defeitos congênitos e marcas de nascença, aptidões inatas ou sankharâ”.
O Prof. Hemendra Nath Banerjee (1929-1985), Diretor do Departamento de Parapsicologia da Universidade de Rajasthan, Índia, iniciou uma série de investigações acerca de diversos casos de crianças que se lembravam de suas vidas anteriores, três mil casos catalogados. Tais casos são numerosos na Índia, bem como em diversos países do Oriente: Burma, Líbano, Sri Lanka, Turquia e outros.
Muito embora essas pesquisas realizadas por Dr. Ian Stevenson (EUA) e Dr. H. N. Banerjee (Índia), não sejam ainda consideradas como provas científicas, trazem fortíssimas evidências que, com certeza, dentro de algum tempo, passarão da classe de teoria para a de prova concreta, tal é o critério científico utilizado nelas.
Vamos mostrar alguns trechos do livro Vida Pretérita e Futura – 25 anos de estudos sobre a reencarnação publicado em l.979 pelo Dr. Banerjee:
– “Durante anos, os pesquisadores parapsicólogos que estudam os casos de reencarnação têm sido considerados charlatões, e seus estudos classificados como de efêmero valor. Mas, depois de mais de vinte e cinco anos de pesquisas neste campo, em que estudei mais de 1.100 casos de reencarnação em todo o mundo, e publiquei vários trabalhos sobre o assunto, a crítica diminuiu e surgiu maior interesse. Os fatos que cada vez mais chegam ao nosso conhecimento são tão impressionantes, que agora a comunidade científica passou a considerá-los como dignos de pesquisa”.
“Desde o começo, decidi formar um centro de estudos internacional sobre a reencarnação. Seu objetivo seria estudar cientificamente casos de vidas anteriores em todo o mundo e coligir dados relativos aos mesmos”.
– “Minhas pesquisas de um quarto de século convenceram-me de que há muitas pessoas, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, dotadas de memórias diferentes, o que não se pode obter por vias normais. Chamo esse tipo de memória de” memória extracerebral “, porque as afirmações dos sujeitos de possuírem lembranças de vidas anteriores parecem ser independentes do cérebro, principal repositório da memória. É fato científico que ninguém é capaz de lembrar o que não aprendeu anteriormente (grifo nosso)”.
– “Os casos descritos neste livro não se baseiam no ouvir dizer nem em estórias de jornais; baseiam-se em pesquisas que fiz através de rigorosos métodos científicos. Meu estudo sobre a reencarnação foi concebido à luz de várias hipóteses, tais como, a fraude, a captação de lembranças através de meios normais, e a percepção extra-sensorial”.
– “Usei os nomes das pessoas aqui citadas e dos locais onde ocorreram os fatos, a fim de realçar que os sujeitos dotados de lembranças de vidas anteriores realmente existem, não são fictícios; além disso, suas afirmações foram convenientemente confirmadas”.
Recordação induzida a vidas passadas
Devemos citar o pioneiro nessa área que é Eugène-Auguste Albert de Rochas d’Aiglun (1837-1914), autor do livro As vidas Sucessivas, foi com este trabalho que de praticamente lançou os fundamentos da técnica de regressão de memória. Pesquisou pessoalmente dezoito pessoas, entre 1903 e 1910, levantando não apenas a questão das vivências passadas, mas numerosos aspectos complementares e subsidiários que ainda permanecem à espera de mais amplas e profundas pesquisas.
Caso 2, a caligrafia:
Vida Atual: Joséphine, 1904, está com 18 anos.
Vida anterior: Jean-Claude Boudon, nasceu em 1812.
Vejamos uma experiência narrada por Albert de Rochas:
Foi em 1887. Havia na Espanha um grupo espírita chamado “A Paz”, cujo fundador e presidente era Fernandez Colavida, apelidado do outro lado dos Pirineus de Kardec Espanhol.
Em todas as suas sessões, esse grupo fazia o estudo e o controle dos fenômenos espíritas. Minha esposa e eu éramos, naquela época, membros desse grupo.
Ora, certo dia, o sr. Fernandez quis experimentar se podia provocar sobre um sonâmbulo a recordação de suas existências passadas. Eis como agiu. Estando o médium magnetizado em alto grau, ordenou-lhe que dissesse o que havia feito na véspera, na antevéspera, uma semana antes, um mês, um ano e, conduzindo-o assim, ele o fez recuar até a infância, que descreveu como todos os seus detalhes.
Sempre estimulado, o médium contou sua vida no espaço, a morte em sua última encarnação e, conduzido continuamente, chegou a quatro encarnações, das quais a mais antiga fora uma experiência completamente selvagem. É interessante observar que, a cada existência, as feições do médium modificavam-se completamente.
Para trazê-lo de volta ao seu estado normal, ele o fez retornar até sua existência presente, depois o despertou.
Não desejando ser acusado de ter-se enganado, ele fez o médium ser magnetizado por um outro magnetizador, que deveria sugerir-lhe que as existências passadas não eram verdadeiras. Apesar desta sugestão, o médium expôs novamente as quatro existências como o havia feito alguns dias antes.
Obtive o mesmo resultado sobre o mesmo fato com um outro médium. (1)
(1) Os primeiros estudos foram controlados por todos os membros que formam o grupo “A Paz”. A. R.
É cada vez mais empregada a TVP – Terapia de Vidas Passadas no sentido de ajudar às pessoas. O psiquiatra leva, por hipnose ou relaxamento, o paciente às vidas anteriores, em busca da causa que deu origem ao problema vivencial desse paciente, já que não foi encontrada nesta existência. Por exemplo: uma pessoa tem um medo tremendo de água, após a regressão descobre-se que, em uma existência anterior, ela morreu afogada, e quando volta da regressão, se liberta do medo, parecendo que ao reviver o problema o seu trauma também passa a ficar só no passado.
No campo da TVP, podemos citar os pesquisadores:
Dr. Patrick Drouot, físico francês, doutorado pela Universidade Columbia de Nova York, autor dos livros Reencarnação e Imortalidade e Nós somos todos imortais;
Dra. Edith Fiore, norte-americana, doutorada em psicologia na Universidade de Miami, autora dos livros: Você já Viveu Antes e Possessão Espiritual;
Dra. Helen Wambrach, psicóloga norte-americana, autora do livro: Recordando Vidas Passadas;
Dr. Brian Weiss, M.D., psiquiatra e neurologista norte-americano, formado pela Columbia University, é professor catedrático de um dos mais conceituados hospitais universitários americanos, como é o Mount Sinai Medical Center, autor dos livros: Muitas Vidas, Muitos Mestres, Só o Amor é Real, A Cura através da Terapia de Vidas Passadas e A Divina Sabedoria dos Mestres.
A confirmação sobre a realidade da regressão
a) Pelo mapeamento das ondas cerebrais
Destacamos o estudo do psicólogo Júlio Peres, do Instituto de Terapia Regressiva Vivencial Peres, que fez um mapeamento de ondas cerebrais de pacientes em regressão para se saber qual ou quais as áreas do cérebro que estariam em atividade naquele momento. Assim, alguns pacientes foram submetidos a uma tomografia com emissão de radifármaco (método spect), cujos exames foram analisados pelo médico Andrew Newberg, especialista em estados modificados de consciência da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos. Estes estudos revelaram que as áreas do cérebro mais requisitadas durante a regressão de memória são as do lobo médio temporal e as do lobo pré-frontal esquerdo, que respondem pela memória e pela emoção. Ou seja, não é fruto da imaginação. “Se o paciente estivesse criando uma estória, o lobo frontal seria acionado e a carga emocional não seria tão intensa”, conforme a explicação de Júlio Peres.
Disso podemos concluir:
b) Dados estatísticos
Dra. Helen Wambach em seu livro Recordando Vidas Passadas relata sua experiência com a regressão a vidas passadas feitas em 1.088 pacientes. Por indução hipnótica levou esses pacientes aos períodos 1850, 1700, 1500, 25 d.C e 500 a.C.
Diz:
“Se a lembrança da vida passada não passasse de fantasia, seria de esperar que as imagens fossem proporcionadas pelo nosso conhecimento consciente da história. Quando as imagens contrastam com o que imaginamos ser verdadeiro e, não obstante, após cuidadoso estudo, se revelam exatas, temos de rever o conceito de que a rememoração de vidas passadas é fantasia”.
Ao levar os seus pacientes nos períodos escolhidos perguntava-lhes: qual classe pertencia, raça, sexo, roupa usada, calçado usado, alimentos comidos, pratos usados, tudo tabulado estatisticamente, cujo resultado graficamente é o seguinte;
1) Classes sociais em cada período de tempo
2) As raças nas vidas passadas
3) A distribuição dos sexos em cada período de tempo
4) Os tipos de roupas usados em vidas passadas
5) Os tipos de calçados em cada período de tempo.
6) Tipos de alimentos comidos em cada período de tempo
7) Tipos de pratos usados em cada período de tempo
8) A curva da população mundial em cada período de tempo
c) Em relação ao corpo físico
Citamos as pesquisas feitas por Dr. João Alberto Fiorine, Delegado de Polícia, atuando no Departamento do Serviço de Inteligência do Paraná, especialista em impressão digital.
Fiorine, em busca da comprovação científica da reencarnação vem trabalhando em suas pesquisas com os seguintes dados: impressão digital, exame grafotécnico, prosopográfico e marcas de nascença.
Impressão digital
Exame grafotécnico
Exame prosopográfico
Marcas de nascença
Bibliografia:
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Revista Internacional do Espiritismo, fevereiro 2001.
-
Revista Espiritismo & Ciência, nºs. 2, 3, 4 e 6.
-
Revista Espírita Além da Vida, nº 2.
-
Revista Cristã de Espiritismo, jul/ago 2000; jun/jul 2002 e fev/mar 2003.
-
ANDRADE, H.G., Você e a Reencarnação, Bauru, SP: CEAC, 2002.
-
BANERJEE, H. N. Vida Pretérita e Futura, Rio de Janeiro: Nórdica, s/data.
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BRIAN L. W., Muitas Vidas Muitos Mestres, Rio de Janeiro, Salamandra, 1991.
-
DROUOT, P. Nós Somos Todos Imortais, Rio de Janeiro: Record, 1995.
-
FIORE, E. Você já Viveu Antes, Rio de Janeiro: Record, 1993.
-
ROCHAS, A. As Vidas Sucessivas, Bragança Paulista, SP: Lachâtre, 2002.WAMBACH, H. Recordando Vidas Passadas, São Paulo: Pensamento, 1999.