Porque nossas preces não são atendidas?

POR QUE NOSSAS PRECES NÃO SÃO ATENDIDAS?

01/12/2003

A grande maioria das pessoas só recorrem à oração quando estão com problemas de ordem material ou por motivo de doença.

E sempre aguardando passivamente uma solução imediata para aquilo que as afligem.

Se o atendimento demora, se revoltam, não acreditando na eficácia da oração.

Geralmente esperam por um milagre, e não desprendem um mínimo esforço para a realização do que foi solicitado.

Em geral, só vemos o presente, o imediatismo.

Não queremos e não gostamos de sofrer. Mas, se o sofrimento é de utilidade para a nossa felicidade futura, com certeza Deus deixará sofrermos por algum tempo. Entretanto, os Benfeitores Espirituais estarão do nosso lado nos dando força, confiança, coragem, paciência e a resignação, desde que a fé esteja abrigada em nossos corações.

I – Por que não oramos com frequência?

(1)          “Não tenho tempo. Ando muito cansado. Como posso orar dessa maneira?” E não orando, acabamos sendo vencidos pelo stress, pelo desânimo. A oração poderia nos ser útil para conseguirmos a energia necessária que nos falta para esses momentos.

(2)          “A oração é para os momentos difíceis e de provação”.   E quando vivenciamos a dor, dizemos: “Como posso orar com um sofrimento desses? Orem por mim!”.

A prece nos dá a sustentação necessária para suportar a dor com resignação e paciência, encarando este momento como um aprendizado.

(3)          “Mas a oração é para ser feita nos momentos em que estamos bem. Assim a realizamos com mais eficácia”.     E por estarmos felizes, esquecemos ou não temos tempo para a prece.

Deus só entra em nossas vidas se assim O desejarmos e permitirmos. E este caminho é através da oração.

II – Quando nossas preces não são atendidas

Para ilustrar este tópico, vamos exemplificar com 2 casos:

Caso (A): Um adolescente não estuda para a sua prova na escola. Ele reza para Deus para que alguém possa passar “cola”, ou que ele seja inspirado para ir bem no seu exame. Qual a chance desse adolescente em ser atendido em sua prece e ir bem na prova escolar?

Caso (B): Uma esposa está vivenciando um período muito ruim no relacionamento com seu marido. Ela reza para que o seu marido mude de postura e comportamento. Mas ela nada faz para mudar as suas atitudes e nem procura iniciar um diálogo de reconciliação. Qual a chance desse relacionamento dar certo?

No caso (A), se o adolescente tivesse realmente estudado para a prova, poderia pedir em suas orações para que os Benfeitores Espirituais lhe proporcionasse a calma, e que pudesse ter a inspiração para lembrar da matéria estudada.

No caso (B), a esposa deveria orar para pedir ao Plano Maior que ela tivesse mais calma e paciência, para aprender a aceitar as pessoas como ela são, para pedir inspiração para iniciar um diálogo de reconciliação, para que a Paz possa reinar no seu Lar.

As pessoas sempre ficam passivas esperando que os outros mudem e se adaptem aos seus gostos e caprichos. A mudança deve iniciar dentro de nós. Façamos as mudanças necessárias em nosso íntimo, e por consequência, as mudanças ao nosso redor se efetuarão.

Sempre procuramos jogar os nossos problemas nas mãos de outras pessoas para que possam ser resolvidos. Estamos sempre esperando por soluções milagrosas, não assumimos as nossas devidas responsabilidades. Achamos que basta realizar determinado números de orações para que todos os nossos problemas sejam resolvidos. Se a solução não vem em curto prazo, achamos que Deus não atendeu as nossas preces e, portanto, não vale a pena rezar.

III – Nem sempre o que pedimos é o melhor para nós

Em certos casos, Deus pode momentaneamente dizer NÂO para certos pedidos. Talvez porque não estejamos suficientemente maduros e esclarecidos para arcar com o que estamos solicitando. Outras vezes, esta solicitação poderá trazer prejuízos para outras pessoas.

Vamos transpor o Nosso Deus Pai, para um pai terreno.

A título de exemplo, vamos supor que um filho de 9 anos de idade, procure seu pai, e peça a chave do carro para dar uma volta pela cidade. Um pai prudente com certeza não atenderá este pedido. Esperaria o filho crescer, chegar na idade adequada, para adquirir a carteira de habilitação e aí poder dirigir o veículo.

Assim age Nosso Pai Celestial com determinadas solicitações. Com sabedoria, aguarda o momento oportuno para nos atender.

Existem determinadas Leis no Universo e estas devem ser respeitadas!

Portanto, devemos sempre lembrar de dizer no final de nossas preces:

“Seja feita a Tua vontade Pai, e não a nossa!”

IV – “Ajuda-te e o Céu te ajudará”

O Homem recebeu de Deus a inteligência e o entendimento para que pudesse ser utilizado.

Se o Nosso Criador nos houvesse isentado do trabalho, do esforço e do desenvolvimento da vontade, nosso Espírito ainda estaria na infância espiritual.

Deus assiste aos que se ajudam a si mesmos, e não aos que ficam esperando por um milagre, sem nada fazer para mudar as situações, a esperar pelo socorro.

Pela prece, podemos atrair os Bons Espíritos que nos vêm sustentar com bons pensamentos e conselhos, para assim adquirirmos a força necessária para vencermos as dificuldades, pelo nosso próprio esforço.

Muitas vezes reclamamos que nossas orações não são atendidas. Acontece que vivemos num certo padrão mental e emocional, somos muito rígidos em nossos estilos de vida e em nossas atitudes, não encontrando, ou não querendo encontrar, a força de vontade para mudar o nosso interior. Se recusamos estas mudanças tão necessárias para a nossa evolução, como Deus poderá nos ajudar em outras coisas em nossas vidas?

Vamos supor que uma determinada pessoa teve uma vida de excessos, má alimentação e extravagâncias, prejudicando a sua saúde. Passa uma vida com grandes sofrimentos corporais, devidos as doenças que acumulou, em consequência da péssima vida que levou. Esta pessoa não pode reclamar de Deus pela situação em que está vivenciando. Se tivesse a prática constante da oração, poderia ter encontrado a força necessária para resistir às tentações que a levaram ao estado de penúria do seu corpo.

V – Para que serve a oração?

Não é só nas horas de aflição é que devemos recorrer a este recurso maravilhoso.

A prece pode ser feita todos os dias.

Pela manhã, agradecendo pelo descanso do nosso corpo físico e pedindo a proteção para mais um dia de trabalho.

Ao anoitecer, antes de dormir, agradecendo pelo dia que tivemos, e pedir para que o nosso Espírito possa estar com nossos Amigos Espirituais, para buscar novos esclarecimentos e aprendizados.

Podemos utilizar a oração para pedir proteção, bons conselhos, as inspirações de nosso Guias Espirituais para a resolução de nossos problemas, a saúde e a energia para o nosso corpo físico.

Devemos orar, não só para pedir, mas também para agradecer pelas conquistas do dia-a-dia, e para emitir vibrações positivas para os nossos entes queridos que estejam doentes ou em dificuldades.

Oremos também, e isto mostra a nossa grandeza e elevação de nossa alma, para os nossos inimigos e por todos aqueles que nos desejam o mal. Vamos pedir às Entidades Benevolentes para que possam iluminar seus pensamentos para a prática de atos maia elevados.

Acima de tudo, oremos com muita fé!

VI – Maneiras de orar

Para orar não há necessidade de palavras decoradas, ditas sem nenhum sentimento. Mais valem dez palavras expressadas com amor e devoção.

Muitos falam que não sabem rezar. Basta fazê-lo humildemente, com suas próprias palavras, acreditando que o que está sendo pedido será concretizado.

Inútil pedir à Deus para que abrevie as nossas provas, ou que nos dê a fortuna material. Devemos solicitar a resignação, a fé e a paciência.

Na questão 658 de “O Livro dos Espíritos” diz que “a prece é sempre agradável a Deus quando é ditada pelo coração, porque a intenção é tudo para Ele. A prece do coração é preferível a que podes ler, por mais bela que seja, se o leres mais com os lábios do que com o pensamento. A prece é agradável a Deus quando é proferida com fé, com fervor e sinceridade”.

Mas, há em algumas situações em que a prece lida é de grande utilidade quando a pessoa se encontra desequilibrada e ela não encontra harmonia para fazer a oração, desde que se esforce para sentir o seu conteúdo, poderá aos poucos encontrando a sua calma, e encontrando a serenidade, poderá efetuar a sua sintonia com Deus.

Um dos objetivos da oração, e talvez o mais importante, é para fazer agradecimentos. Ficamos a maior parte do tempo só pedindo. Recebemos a graça do Pai Celestial e nem ao menos um “Muito Obrigado” dizemos.

Palavras que expressam graças, alegria ou gratidão, liberam certas energias dentro e ao nosso redor. O ato de fazer agradecimento carrega nossos pensamentos para uma atmosfera de fé e confiança.

“Agradeço ao Senhor, Pai Amado, pelas graças alcançadas” deve ser o nosso refrão constante.

VII – “Vigiai e Orai”

“Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mateus, 26:41).

Vigiemos os nossos atos, a nossa conduta, os nossos pensamentos e as nossas palavras.

Oremos para pedir bons conselhos, a proteção espiritual e a força para vencer as nossas imperfeições.

Vamos pedir o despertar de nossa consciência para que possamos vencer a influência perturbadora dos Espíritos inferiores, que estão continuamente nos arrastando para a repetição dos equívocos de nosso pretérito, tentando nos desviar da seara do Cristo.

A oração é o pensamento do Homem em comunhão com Deus. É a chama necessária para iluminar a nossa alma.

A vigilância é o cuidado com os nossos pensamentos e reações, a fim de que, possamos agir tão logo percebemos as manobras da tentação.

Juntas, oração e vigilância, constituem o mais poderoso antídoto contra o mal.

VIII –  O que os Espíritos disseram a Allan Kardec

Extraímos as questões 660, 661 e 663 de “O Livro dos Espíritos” para nos esclarecer melhor no que tange sobre a prece:

[660]: A prece torna o homem melhor?

R: Sim, porque aquele que faz a prece com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir. É um socorro jamais recusado, quando o pedimos com sinceridade.

[661]: Pode-se pedir eficazmente a Deus o perdão das faltas?

R: Deus sabe discernir o bem e o mal: a prece não oculta as faltas. Aquele que pede a Deus o perdão de suas faltas não o obtém se não mudar de conduta. As boas ações são a melhor prece, porque os atos valem mais do que as palavras.

[663]: As preces que fazemos por nós mesmos podem modificar a natureza das nossas provas e desviar-lhe o curso?

R: Vossas provas estão na mão de Deus e há as que devem ser suportadas até o fim, mas Deus leva sempre em conta a resignação. A prece atrai a vós os bons Espíritos, que vos dão a força de as suportar com coragem. Então elas vos parecem menos duras. A prece nunca é inútil quando é bem feita, porque dá força, o que já é um grande resultado. Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará.

IX – BIBLIOGRAFIA

–              “Consciência e Mediunidade” – Projeto Manoel Philomeno de Miranda – Ed. Leal

–              “As Leis Dinâmicas da Oração” – Catherine Ponder

–              Revista Allan Kardec nº 22 (Abril/Maio/Junho de 1994)

–              “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec

–              “Evangelho Segundo O Espiritismo” – Allan Kardec

Índice Geral

I –    POR QUE NÃO ORAMOS COM FREQUÊNCIA?          4

II –   QUANDO NOSSAS PRECES NÃO SÃO ATENDIDAS 5

III – NEM SEMPRE O QUE PEDIMOS É O MELHOR PARA NÓS      7

IV –   “AJUDA-TE E O CÉU TE AJUDARÁ”               8

V –    PARA QUE SERVE A ORAÇÃO?        9

VI–    MANEIRAS DE ORAR          10

VII – “VIGIAI E ORAI”     11

VIII – O QUE OS ESPÍRITOS DISSERAM A ALLAN KARDEC              12

IX–    BIBLIOGRAFIA       13

Organizador desta compilação: Rubens Santini (rubsanti@uol.com.br)

A cópia é permitida, desde que sejam citadas as fontes bibliográficas.

São Paulo, dezembro de 2003.

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Uma resposta para Porque nossas preces não são atendidas?

  1. Gline Sarmento disse:

    Sensacional! Como pode aprender!!!

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