Por que as coisas não melhoram?

Por que as coisas não melhoram?

Sidney Fernandes

Infelizes que procuram casas religiosas em busca de equilíbrio, amparo, socorro e consolo, são motivados à oração, ao trabalho, à resignação e ao aprendizado.

Mas, estranho, quando adentram esses locais, em busca do esclarecimento, da fluidoterapia, da aposição de mãos, dos tratamentos espirituais ou do trabalho que equilibra, santifica e afasta as más influências, parece que alguns pioram. Sentem-se aturdidos, cercados e com a sensação de que as dores e os incômodos aumentaram, não obstante terem iniciado os tratamentos recomendados.

Vocação para a tristeza

A principal causa de nossos sofrimentos encontra-se nas sombras de nossa consciência. Antes de culpar espíritos ou más vibrações, devemos entender que as máculas internas provocam inquietações que, sua por vez, se transformam em doenças físicas e da alma. Pessoas começam atormentando a si mesmas e acabam sendo atormentadas por seres que se afinam com seus desequilíbrios.

Está aí a corporificação do ditado popular quem namora a doença, acaba se casando com ela, que tem, como vítimas preferidas, criaturas que costumam usar óculos escuros e veem somente sombras na vida e nas outras pessoas.

Tristeza tem remédio?

Fui encontrar, em brilhante artigo da escritora Denize Gonçalves, intitulado “Qual é o melhor remédio para tratar a tristeza? ”, excelente recomendação. Diz ela que o melhor remédio para tratar a tristeza não é a alegria, como muitos pensam. A gratidão é que leva a pessoa à alegria. A partir daí a autora discorre sobre a necessidade de agradecermos a Deus por mais um dia de vida e pelas oportunidades de desenvolvimento de nossas virtudes.

Obsessores? Não! Sócios no vício

Como vemos, amigo leitor, não nos cabe apenas defenestrar terceiros, atribuindo-lhes a culpa de nossos sofrimentos. O primeiro passo, sem dúvida, é olharmos para dentro de nós mesmos e lavarmos as sombras que imprimimos em nossas consciências. E os espíritos, são sempre vilões?

Aqueles que chamamos de temíveis obsessores, muitas vezes nada mais são do que sócios no vício. André Luiz, em Sexo e destino, descreve a situação de Cláudio, em que ele não conseguia especificar se o viciado era o encarnado, o desencarnado ou ambos. Não havia violência ou tortura e sim processo de fusão entre os dois, por deliberação própria.

Processo obsessivo

Pode acontecer, no entanto, que esteja instalado o processo obsessivo movido por espíritos não necessariamente cruéis, nem encarniçados perseguidores. Os vícios, por exemplo, não produzem apenas condicionamentos físicos, pois atingem o âmago de nossa alma. Todo viciado é um obsidiado em potencial, que acaba atraindo viciados desencarnados. Quando comparece a uma instituição — igreja, templo, centro espírita ou casa de recuperação —, os patrocinadores do seu processo vicioso podem reagir, por não admitir perder a sua presa, e acentuar os seus sintomas.

Os bons podem ser assediados pelos maus?

Não somente os tristes, os nostálgicos, os sócios dos desencarnados ou os portadores de vícios e feridas morais são objeto de ataque de irmãos infelizes. Os que se dedicam ao bem também atraem sua atenção.

Mestre da síntese, o exegeta Emmanuel, ao analisar este texto do evangelista João — E os principais sacerdotes tomaram a deliberação de matar também a Lázaro —, apresenta a intenção do farisaísmo de destruir Lázaro, para que não se consolidasse o poder do Cristo. Nessa análise, Emmanuel alerta os participantes do Evangelho quanto à ameaça dos fariseus nos dias que passam, que se sentem incomodados e perseguem os que se unem ao amor de Jesus. Em outras palavras, Emmanuel recomenda cuidado aos que saem da sombra para a luz e do mal para o bem, para que se previnam contra os fariseus dos dias atuais, visíveis e invisíveis, isto é, encarnados e desencarnados, que trabalham contra os valores da fé e a força dos ideais cristãos.

Qual é a melhor defesa?

Diante dos ignorantes que querem nos manter afastados do conhecimento e do sentimento, precisaremos agir firmemente, como recomendam os espíritos, diante de providencial pergunta feita pelo Codificador:

— Como podemos neutralizar a influência dos maus espíritos?

Se queremos combater a tristeza, desfazer associações infelizes, libertar-nos dos vícios e reunir forças para vencer os adversários da verdade, o remédio infalível será abrir o guarda-chuva da persistência no bem e da confiança em Deus, praticando a recomendação dos mentores a Allan Kardec:

— Praticando o bem e pondo em Deus a vossa confiança, repelireis a influência dos espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejam ter sobre vós.

Guarda-chuva divino

Pode acontecer de as coisas piorarem, por algum tempo, quando resolvermos abandonar velhos vícios e velhos parceiros. No entanto, ao nos inclinarmos para o lado do Cristo, ele, cheio de abnegação e amor, nos dará forças, na exata medida dos recursos específicos para cada um de nós. Estaremos abrindo o divino guarda-chuva, que nos abrigará e protegerá de todas as intempéries.

Referências:

Uma razão para viver, Richard Simonetti; Vinha de Luz e Pão Nosso, Emmanuel; Ação e reação e Sexo e destino, André Luiz; Artigo de Denize Gonçalves publicado no Diário de Votuporanga, em 21/8/21; O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

Sidney Fernandes

Fonte: Espiritismo na Rede

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