Perispírito

Perispírito

Martins Peralva

LE Questão 93. – O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer? R. – Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.

O perispírito é, ainda, corpo organizado que, representando o molde fundamental da existência para o homem, subsiste, além do sepulcro, demorando-se na região que lhe é própria, de conformidade com o seu peso especifico. – Emmanuel

Os conceitos acima definem, muito bem, o perispírito, envoltório com que os Espíritos se apresentam e com o qual, no mundo espiritual, assinalam sua vivência.

Em seu estudo, temos a considerar, basicamente:

a) – Funções.

b) – Forma.

c) – Organização.

d) – Densidade.

e) – Coloração.

Com tais elementos fundamentais, pode-se ter uma idéia, aproximada, do que seja perispírito, uma vez que, “tão arrojada é a tentativa de transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela depois de vencer a inércia da crisálida”, explica Emmanuel.

Funções: Reveste o Espírito, quando desencarnado, e serve de intermediário entre o Espírito e o corpo, durante a encarnação.

Do corpo para o Espírito, transmite sensações; do Espírito para o corpo, conduz impressões.

Forma: Quando os Espíritos possuem determinada elevação, podem modificá-la, à sua vontade. Caso contrário, sob a influência das leis que regem o mundo mental, ou sob a ação de entidades cruéis, como acontece nos processos de zoantropia (aparência de monstros animalescos) e licantropia (aspecto de lobo), pode haver alterações na forma perispirital, independente da vontade do Espírito.

Organização: Organiza-se o perispírito com o fluido peculiar ao mundo onde vive: “Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”

Densidade: Quintessenciada ou rarefeita, nas almas grandemente evoluídas, pastosa ou opaca, nas almas muito imperfeitas.

Coloração: Luminosa e brilhante, nos Espíritos Superiores; sem qualquer brilho, nas almas inferiorizadas.

A existência do perispírito, que é termo espírita designativo desse singular corpo que reveste o Espírito desencarnado, é conhecida desde a mais remota antiguidade, tendo recebido, através do tempo, várias denominações.

Entre os homens primitivos, no alvorecer da humanidade, dão-lhe o estranho nome de CORPO-SOMBRA.

Entre os egípcios, KÁ.

Os teosofistas denominam-no CORPO ASTRAL.

Paulo de Tarso designa-o CORPO CELESTE.

Filósofos do século XIX chamavam-lhe MEDIADOR PLÁSTICO.

Allan Kardec, codificando o Espiritismo, deu-lhe o nome de PERISPIRITO.

Nas palavras de Jesus – “Os teus olhos são a candeia do teu corpo” – identificamos clara referência ao perispírito, pois sabemos que olhos maus densificam-no, enquanto olhos bons e puros dão-lhe claridade.

Emmanuel, o elevado Instrutor Espiritual, define-o por “campo eletromagnético, em circuito fechado, constituído de gases rarefeitos”, classificando o seu desenvolvimento, no tempo e através das espécies, da seguinte maneira:

I) – Subhumana (forma) – Animais

II) – Protoforma humana – Macacóides

III) – Psicossoma primitivo – Selvagens

IV) – Psicossoma inferior – Homens animalizados

V) – Psicossoma normal – Homens normais

VI) – Psicossoma superior – Almas metanormais

VII) – Almas sublimadas – Angelitude

No tocante à densidade normal da 5.” classificação, a coloração, o psicossoma tem três categorias, a saber:

a) – Esforço

b) – Sacrifício

c) – Grandes Causas

Expliquemos:

Esforço: Almas que se esforçam no sentido do auto-aperfeiçoamento, lutando por superar as próprias imperfeições.

Sacrifício: Almas capazes de se sacrificarem pelo bem do próximo.

Grandes Causas: Almas que reencarnam para missões que interessam ao seu progresso e de parcelas ponderáveis da humanidade.

Essa variação, no sentido da densidade e tonalidade, não significa ter a alma ingressado na classificação VI: PSICOSSOMA SUPERIOR, próprio das almas metanormais, isto é, além do normal.

As alterações perispiritais processam-se gradualmente, acompanhando a evolução espiritual, que é, como todos sabem, muito lenta.

Sob a influência e comando mentais, é o perispírito extremamente sensível, daí as variações quanto à sua densidade e coloração.

Em termos esquemáticos, busquemos transmitir rudimentar idéia da densidade do mediador plástico, em suas naturais transformações:

a) No estado de primitivismo, pode o perispírito ser tosca e figuradamente comparado ao gelo (sólido, espesso).

b) O perispírito do homem pouco evoluído pode ser exemplificado em forma líquida, aquosa (flexível, maleável).

c) O perispírito do homem realmente evoluído, especialmente no estado de desencarnado, sem a menor constrição corporal, seria como o vapor (rarefeito, expansível).

Embora reconheçamos precária a imagem, cremos, no entanto, deixa no estudante certa compreensão, partindo, como estamos, da comparação básica: água e perispírito.

Uma e outro constituem a base para a transmissão do que desejamos dizer em torno de um assunto decerto ainda inacessível à mente humana, conforme se depreende da referência de Emmanuel, no início deste capítulo.

Entendamos, pois, que o estado de organização varia da concreção à volatilidade, do enclausuramento à expansibilidade.

Alcançado o estado de sublimação espiritual, desaparece a necessidade de acondicionar-se o Espírito no envoltório perispiritual, podendo, no entanto, reorganizá-lo tantas vezes quantas desejar, para efeito de apresentação a médiuns videntes, no plano terrestre, ou nas assembléias da Espiritualidade das quais participem entidades de menor gabarito.

As virtudes evangélicas, sintetizadas nas grandes conquistas do conhecimento, do amor e da pureza, dão ao Espírito beleza, encantamento, luminosidade.

As imperfeições do caráter, sintetizando as degradações morais do Espírito, no corpo material ou fora dele, dão-lhe ao perispírito feiúra, opacidade, pastosidade.

Na Parábola das Bodas, faz Jesus alusão, incontestável, ao perispírito: “Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia a veste nupcial, e perguntou-lhe: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu”.

Martins Peralva

Livro: Pensamento de Emmanuel – 3 – FEB

Martins Peralva

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