Paulo e a ética cristã
Postado por Grupo de Est. Esp. Chico Xavier em 22 agosto 2017
Paulo e a ética cristã
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Paulo de Tarso, como principal divulgador da mensagem do Mestre Jesus, fundou em muitos locais as chamadas igrejas cristãs (ecclesia – local de reunião, atualmente significando “igreja”).
A igreja de Corinto foi fundada durante os 18 meses que Paulo lá viveu entre os anos 50 e 52 d.C. À época, Corinto era uma cidade cosmopolita, a principal do mundo helênico; conhecida pelas tendências ao paganismo, à proliferação de cultos, e à devassidão. Paulo se dedicou muito a Corinto. A 1ª Epístola aos Coríntios foi escrita no ano 54 d.C. quando ele se encontrava em Éfeso, para atender aos companheiros que solicitavam apoio ou aos que ele não poderia visitar.
A primeira epístola aos Coríntios é considerada um dos escritos clássicos de Paulo e preserva acima de tudo o “padrão da ética cristã”. Nessa Epístola, o apóstolo faz uma recomendação da mais alta importância, pois considerava a igreja de Corinto uma das provas palpáveis do ministério apostólico. Por causa da penetração de certos problemas ali, como práticas más e vis, contendas e divisões que chegaram a ameaçar a sua aceitação como um apóstolo de Cristo por aquela igreja, é que Paulo lhes escreveu com consternação mesclada de repreensão e demonstrações de afeto.
Da epístola em análise transcrevemos os trechos que merecem reflexões e adequações aos dias atuais:
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem” (10: 23, 24).
O fato de Paulo citar o chavão da época referente à cidade de Corinto – “todas as coisas são lícitas” -, aponta para uma situação que o afligia. A passagem faz referência à liberalidade predominante em Corinto, que Paulo não aprova. Os cristãos dos nascentes grupos de Corinto sofriam influências do contexto da época daquela cidade. A expressão “viver como um coríntio” referia-se a desregramentos comportamentais e que eram considerados “normais” naquela cidade. Essa questão ética e a tendência de adoção de práticas aberrantes, motivaram o apóstolo da gentilidade a elaborar a 1a Epístola aos Coríntios.
Em seus textos Paulo desenvolveu o raciocínio de que alguns princípios que eram defendidos na sociedade local e da época precisavam ser observados através de diretrizes ligadas à conduta cristã, não se restringindo às normas que eles adotavam, e das quais dependiam tanto.
No conjunto da legislação – Constituição do país, Leis e normas -, define-se o que é legal, o que é “lícito” no dizer de Paulo de Tarso.
Como ficariam as ideias de conveniência e de edificação que Paulo emprega na citada Epístola? O altruísmo e a alteridade devem sobrepujar objetivos pessoais. É a essência da mensagem do Cristo, de se amar e se respeitar o próximo.
A coerência entre licitude e conveniência, na ótica cristã e espírita, considerando que somos espíritos imortais, deve merecer continuados estudos e reflexões principalmente no contexto do mundo conturbado de nossos dias. Como princípio espírita, as vidas sucessivas ou reencarnação, demonstram que o bem e o mal sempre têm consequências, ou seja, nesta ou em outras vidas. O melhor será sempre o esforço pelo bem ao próximo e a si mesmo.
(Ex-presidente da USE-SP e da FEB; autor do livro Epístolas de Paulo à luz do espiritismo)
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