Há alguns dias atrás, assistindo a palestra semanal do Centro Espírita que trabalhamos, ouvimos o palestrante dizer que Emmanuel, o grande mentor do não menos grande Francisco Cândido Xavier, veio do futuro para nos orientar através do grande médium.
Utilizava-se, nosso querido palestrante, de uma metáfora para indicar a posição espiritual de Emmanuel, em comparação com a nossa, no sentido de mostrar o que seremos no futuro.
A propósito, já tivemos oportunidade de ouvir de um grande trabalhador do Evangelho que, quando o Senhor Jesus observa um espírito em atraso moral, encarnado ou não, ele enxerga a figura de um Emmanuel no amanhã, evidenciando a fatalidade do progresso individual.
Voltando à experiência inicial deste ensaio, lembramos, de imediato de três questões de O Livro dos Espíritos. A primeira é a de número seiscentos e vinte e dois:
Confiou Deus a certos homens a missão de revelarem a sua lei?
“Indubitavelmente. Em todos os tempos houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, que encarnam com o fim de fazer progredir a Humanidade.”
A resposta dos Benfeitores suscita algumas elucubrações.
No que se fundamenta a vinda de Espíritos Superiores até nós para nos auxiliar?
A resposta a esse questionamento encontra-se inserida na mesma obra citada, especificamente na resposta à questão oitocentos e oitenta e oito, dada por São Vicente de Paulo, quando questionado por Allan Kardec sobre a esmola material. Discursando sobre a Caridade, como a entendia Nosso Senhor Jesus Cristo, o Benfeitor nos adverte:
“Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, lei divina, mediante a qual governa Deus os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.
Não esqueçais nunca que o Espírito, qualquer que sejam o grau de seu adiantamento, sua situação como reencarnado, ou na erraticidade, está sempre colocado entre um superior, que o guia e aperfeiçoa, e um inferior, para com o qual tem que cumprir esses mesmos deveres. Sede, pois, caridosos, praticando, não só a caridade que vos faz dar friamente o óbolo que tirais do bolso ao que vo-lo ousa pedir, mas a que vos leve ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes com os defeitos dos vossos semelhantes. Em vez de votardes desprezo à ignorância e ao vício, instruí os ignorantes e moralizai os viciados. Sede brandos e benevolentes para com tudo o que vos seja inferior. Sede-o para com os seres mais ínfimos da criação e tereis obedecido à lei de Deus.”
A resposta por si só é esclarecedora; os Espíritos Superiores vêm até nós em cumprimento à Lei que vige em toda a obra divina, a Lei de Amor. Mas, assim como é esclarecedora, também traz em si o sentido de dever para nós outros, os atrasados no caminho da evolução, quando nos diz para também fazermos o mesmo com aqueles que se encontram em condições menos felizes do que a nossa.
A terceira e última questão é a de número seiscentos e vinte e cinco:
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
“Jesus.”
Allan Kardec comenta a resposta:
“Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava”.
Ora, se o mais perfeito modelo divino tomou para Si o encargo do socorro, urge, nesta “última hora” anunciada por Jesus, que participemos ativamente da transformação do mundo, a partir de nós mesmos, para ajudarmos na construção do Mundo de Regeneração que todos nós ansiamos por fazer parte, mas que só virá se fizermos por merecer.
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro