Paulo escreveu quase que a metade do Novo Testamento, com suas 13 cartas, que são os textos cristãos bíblicos mais antigos. Só mais tarde é que os evangelhos foram escritos, cujos autores se basearam muito nas cartas paulinas. E, assim, o cristianismo tem muito a ver com a teologia do Apóstolo dos Gentios. Ademais, a tônica das suas cartas é teológica. E o próprio Jesus o denomina de vaso escolhido para divulgar o cristianismo entre os gentios, os reis e o povo de Israel (Atos 9:15).
Os pregadores cristãos, com exceção dos espíritas, sempre fogem da abordagem sobre o fato de que Paulo não conheceu Jesus encarnado e que, pois, todos os contatos entre ele e o Nazareno aconteceram quando o excelso Mestre já havia passado para o chamado mundo dos espíritos, impropriamente chamado de mundo dos mortos. Se Paulo só conheceu Jesus em Espírito, todos os seus contatos com o Mestre são mediúnicos. E para uma comunicação direta com Jesus, que muito dificilmente se manifesta, só mesmo por meio de um médium do nível espiritual e moral de Paulo ou de alguém semelhante a ele. Para saber mais sobre esse assunto de mediunidade na Bíblia e de um modo geral, recomendo os capítulos 12, 13 e 14 de 1 Coríntios, “O Livro dos Médiuns”, de Kardec, de várias editoras, o meu “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM, SP, e “Espiritismo – Princípios, Práticas e Provas”, Ed. GEEC.
E a teologia paulina, perfeita ou imperfeita, influenciou, principalmente, a teologia da Eucaristia (1 Coríntios 11: 23, 24, 25 e 26) e da divindade de Jesus decretada no Concílio de Nicéia (325). Paulo começou a escrever suas cartas pelos anos 50. Seu discípulo Lucas o engrandece, dando-lhe destaque em grande parte em Atos. E Paulo se considerava um apóstolo privilegiado de Jesus, dizendo que sua escolha foi feita pelo Cristo celestial e não segundo a carne, como no caso dos demais apóstolos, e até fala em seu próprio evangelho. (2 Coríntios 5:16 e 17; Gálatas 1:15 e 16; e Romanos 2:16). Paulo fala que ouvia a voz desencarnada de Jesus. (2 Coríntios 12:9; e 1 Tessalonicenses 4,15). E outros fenômenos mediúnicos aconteceram com ele, não só com o Espírito de Jesus, mas também com outros espíritos humanos.
Com Jesus tudo começou na estrada de Damasco, quando a voz do Mestre retumba em seus ouvidos, dizendo-lhe: Saulo, Saulo, por que me persegues? E uma luz através da qual Jesus se lhe manifesta é tão intensa, que Paulo fica cego e desmaia. Lembremo-nos aqui de que a maneira mais comum de um espírito se manifestar é em forma de luz (fogo) e nuvem (fumaça). Daí a sarça ardente, a nuvem e a tocha na caminhada de Moisés com seu povo para a Terra Prometida, e a Estrela de Belém. Outro exemplo de o Espírito de Jesus ter aparecido a Paulo foi quando esse apóstolo foi aconselhado a não ir para Bitínia. (Atos 16:7). E a Paulo apareceu também o espírito de um homem macedônio, pedindo-lhe que fosse para a Macedônia. (Atos 16:9).
Deve-se a Paulo, como vimos, grande parte do Novo Testamento e da teologia cristã. Mas não nos esqueçamos de que as revelações que ele recebeu foram por meio de fenômenos mediúnicos ou espíritas.
E qual cristão não espírita ousaria falar que se trata de questões visionárias e alucinatórias e que, pois, elas não merecem crédito, como o fazem, geralmente, os teólogos, os dirigentes religiosos e seus inocentes úteis, referindo-se aos fenômenos mediúnicos espíritas?
(1) N.R.: Conforme o livro Paulo e Estêvão, de Emmanuel, as anotações de Levi ou Mateus já circulavam quando Paulo de Tarso se iniciou no Cristianismo. O Consolador – Ano 5 – N° 233 – 30 de Outubro de 2011 JOSÉ REIS CHAVES jreischaves@gmail.com Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)
O Consolador – Ano 5 – N° 233 – 30 de Outubro de 2011
JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)