O conflito da mentira
O conflito da mentira (Por Jane Maiolo)
O conflito da mentira
Por Jane Maiolo
Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? (1 João 2:21-22)
O médico Sigmund Freud, nascido em maio de 1856, criador da psicanálise, afiançava que a causa da histeria era de fundo psicológico, e não orgânico. Sua hipótese servia de base para os demais conceitos que desenvolvia, sobretudo sobre a estratificação do inconsciente.
Um ano após o nascimento de Freud, em 1857, nascia a Doutrina Espírita, consubstanciada pelas pesquisas e observações fecundas de Allan Kardec, pseudônimo do professor Rivail, um exímio pensador francês, que apresentava ao mundo, à época, um novo e instigante princípio: a de que o espírito sobrevive ao túmulo e se comunica com os homens oferecendo novas revelações.
A imensa necessidade de reflexões que cogitavam um sentido maior para a vida começavam a ganhar espaço nas conversas entre os pensadores, educadores e cientistas da época.
A humanidade ainda carregava o ranço deixado pelos materialistas sistemáticos e niilistas.
O ser humano diante de inúmeras angústias, correspondentes aos períodos de aferição de valores morais, buscava respostas na ciência para suas anedônicas vidas, visto que estava desiludido com a religião oferecida pelos sacerdotes de todas as designações religiosas.
Ciência e a Filosofia encetam seus marcos ante ao homem afoito em encontrar respostas para os crescentes problemas existenciais.
O “mundo espiritual” providenciava naquela conjuntura, a reencarnação de espíritos que colaborariam com as reflexões propiciando o avanço dos conceitos humanos sobre o ser espiritual e a vida real.
A Verdade sempre produz obras que edificam. E o Cristo sempre à frente das conquistas humanas.
A advertência joanina ainda ecoa na psicosfera planetária: “Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?”
Freud traz ao conhecimento acadêmico a teoria da consciência humana que subdivide-se em três níveis: Consciente, Subconsciente e Inconsciente – o primeiro contém o material perceptível; o segundo, o material latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente, que está ligado aos instintos primitivos do homem.
As teses psicanalíticas não se inteiraram da verdade sobre a imortalidade da alma e a conservação de suas memórias emocionais, contudo desconfiava que nem tudo pertencia ao cérebro. Freud mostrou a psique e Kardec o espírito e sua imortalidade. Ambos mudaram o conceito do Soma. Isto é, existe algo além dele. Não era a finalidade de Freud provar ou comprovar a existência do espírito, porém contribuiu com as ideias espiritualistas, indiretamente, mostrando o outro lado das doenças.
O Espiritismo contempla e integra os seres humanos em suas três dimensões: física (orgânica), mental (psicológica) e espiritual.
Desde que o homem atingiu as faculdades da razão ele busca caminhos para suavizar a sua performance ou soluções para minimizar os impactos indesejáveis nas suas relações com o outro, com o mundo e com a divindade. O consciente, o pré-consciente e o inconsciente compõem as estruturas do homem eterno.
A convivência com o próximo nem sempre é fator sereno e os conflitos de opiniões tendem a surgir nas experiências cotidianas.
A neurociência afirma que os comportamentos mentais que se repetem constroem “pontes” de fácil acesso para que se estabeleçam os hábitos.
A rede neural é composta de uma capacidade plástica espantosa. Dizemos que uma rede neural “aprende” quando uma ação (repetidas vezes) alimenta os circuitos de tal forma que, em situações futuras análogas, o conjunto alcance resultados melhores e mais rapidamente.
As sinapses disparada vão construindo pontes a fim de encurtar a distância e quando se dá conta o comportamento mental fora modelado surgindo o hábito.
Mentir, dissimular ou enganar passa-se a ser hábito dos fracos.
O conflito sobre mentir ou não surge quando o homem jaz sob confusão de valores e adota o caminho da mentira, a partir de então, o indivíduo passa a ter o comportamento mentiroso, blindando o sentimento de culpa.
O hábito da mentira é danoso ao homem pois que este perde a referência de si mesmo.
A deformidade do caráter do indivíduo surge diante de pequenos episódios que por pusilanimidade e imaturidade moral não soube contornar.
A transparência, a autenticidade nas relações humanas constituiu um princípio ético a se conquistar.
Em que pese Sigmund Freud ter analisado os distúrbios de personalidade asseverando que muitos transtornos ofereciam um fator meramente psicológico e não necessariamente orgânicos, o Espiritismo vai além, pois aprecia a interação mente e corpo. Assim sendo, explica que os transtornos psíquicos e a saúde orgânica são espelhos de escolhas que fazemos, razão pelo qual urge moldarmos na mente sadia as obras da verdade, apresentando o Cristo nas obras diárias, edificando assim a verdade na interação com o semelhante.
Referência bibliográfica:
1 João 2:21-22
Esta entrada foi publicada em
Artigos,
Ciência,
Espiritismo. Adicione o
link permanente aos seus favoritos.