O CÂNCER – BREVES REFLEXÕES SOBRE O IMPACTO DO PENSAMENTO NO PROCESSO TERAPÊUTICO (Jorge Hessen)
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Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
É comum, depois de vencer um câncer, o paciente precisar de reforço emocional para voltar à rotina da vida, pois continua precisando de cuidados especiais, física e emocionalmente, sabendo-se que cada caso envolve aspectos específicos. Até porque, as etapas são muitas e penosas: diagnóstico, exames, investigação, cirurgia, quimioterapia, radioterapia e os outros procedimentos médicos, motivo pelo qual, a pessoa fica debilitada e exige um acompanhamento cauteloso.
Vencer um câncer e voltar imediatamente à ativa, embora não seja a regra, não significa dizer que a doença não possa ser vencida. Pelos relatos de pacientes, o sofrimento não vem apenas da doença em si, mas dos próprios tratamentos, normalmente marcados pelos efeitos colaterais. É comum observar seqüelas emocionais e mudanças no estilo de viver do paciente e da família. Para amenizar um pouco os traumas deixados pelo processo terapêutico, o amparo emocional alivia angústias e o medo da recidiva.
Os espíritas têm consciência de que o paciente, ao chegar ao hospital, traz consigo, além da doença, sua história de vida atual e passada. O seu estado emotivo é resultante de vetores como a estrutura da personalidade, interpretação e vivência dos acontecimentos, considerando aspectos do imaginário e do real, além de outras variáveis de causas da patologia.
A ciência e a tecnologia cada vez mais possibilitam o diagnóstico precoce e a terapêutica adequada das doenças, acompanhando sua evolução e, até mesmo, obtendo êxitos em muitos casos. Porém, mesmo com tais avanços científicos, muitas moléstias promovem alterações orgânicas, emocionais e sociais, que exigem constantes cuidados e, conseqüentemente, processos adaptativos. Lembrando, sobretudo, que “o valioso contributo da medicina acadêmica, quando não acompanhado por um bom relacionamento médico-paciente, resulta incompleto para atingir as causas excruciantes das doenças e angústias.” (1)
Atualmente, estuda-se o otimismo, a espiritualidade, a criatividade, a fé religiosa e, sobretudo, o universo complexo do pensamento que têm sido associados ao bem-estar e à qualidade de vida de pessoas portadoras de doenças crônicas. Por outro lado, há pesquisa sobre a saúde humana que vem analisando se a mente, por meio de um estado psicológico ou emocional, tem a capacidade de curar doenças. Estudo esse, realizado por cientistas da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que tenta demonstrar que o fato de as pessoas com câncer estarem otimistas ou pessimistas em relação à cura não influencia diretamente nas chances de sobrevivência à doença.
Por razões consistentes, discordamos desses argumentos, uma vez que diversas provas apontam que no caso de doenças graves (como câncer avançado), a mente (a forma de pensamento) pode influenciar no resultado de cura, não se desconsiderando o valor dos médicos, obviamente. A rigor, a fé (no conceito do senso comum) não modifica as Leis da natureza, não faz “milagres”, muito embora possa ajudar, concomitante, o trabalho de uma boa equipe médica, fazendo grande diferença no tratamento hospitalar. Urge considerar, por oportuno, que afirmar-se dotado de fé religiosa para “sentir-se” poderoso diante das doenças, não resolve a questão da dor, até porque, os “títulos de fé não constituem meras palavras acobertando-nos deficiências e fraquezas. Expressam deveres de melhoria a que não nos será lícito fugir, sem agravo de obrigações. Em nossos círculos de trabalho, desse modo, não nos bastará o ato de crer e convencer”. (2)
Há especialistas que corroboram esta tese, ponderando que o olhar otimista sobre a doença, e o pensamento firme na cura, são mecanismos poderosos que podem ajudar os pacientes a lidarem melhor com os tratamentos do câncer e a retomarem uma vida normal. A exemplo disso, temos o que ocorre com o vice-presidente do Brasil – José Alencar. Atualmente, cada vez mais pessoas estão sobrevivendo ao câncer e essa sobrevivência deve-se, sem dúvida alguma, às emoções e pensamentos, ricos de conteúdos vibratórios entre o doente e o Criador. Muitos pacientes, diante do diagnóstico da doença, transformam a dor em esperança e despertam neles a vontade de lutar por uma vida melhor. Outros, porém, desistem e se entregam, admitindo que estão sob uma sentença de morte.
A respeito do processo do pensamento humano, a ciência acadêmica, materialista por excelência, estabelece que o fenômeno é meramente fisiológico, decorrente da incessante atividade neuronial. Porém, os espíritas sabem que a matéria mental é criação de energia que se exterioriza do Espírito e se difunde por um fluxo de partículas e ondas, como qualquer outra forma de propagação de energia do Universo. Tanto quanto no campo físico, o pensamento, em graus variados de excitação, gera ondas de comprimento e freqüência correspondentes ao teor do impulso criador da vontade ou do objetivo desejado.
Pensar é um processo de projeção de matéria mental e essa matéria “é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem, efetivamente, a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes [por enquanto imponderáveis], de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade.” (3) Nesse aspecto, o pensamento deixa de ter uma dimensão intangível para se consubstanciar na condição de matéria em movimento.
Os reflexos dos sentimentos e pensamentos negativos que alimentamos se voltam sobre nós mesmos, depois de transformados em ondas mentais, tumultuando nossas funções orgânicas. Portanto, o pensamento, como uma modalidade de energia sutil, atuando em uma forma de onda, com velocidade muito superior à da luz, quando de passagem pelos lugares e criaturas, situações e coisas nos afetam integralmente a saúde. “Quando nos rendemos ao desequilíbrio ou estabelecemos perturbações em prejuízo contra nós (…), plasmamos nos tecidos fisiopsicossomáticos determinados campos de ruptura na harmonia celular, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade e, conseqüentemente, toda a zona atingida torna-se passível de invasão microbiana.” (4)
Pelo pensamento de medo, angústia exacerbada, dissabor, escravizamo-nos nos troncos de suplício doloroso, sentenciando-nos, por vezes, a anos e anos de peregrinação nos trilhos da intranqüilidade espiritual. E, para abreviar o tormento que nos flagela de vários modos a consciência, é imprescindível atender à renovação mental, único meio de recuperação da harmonia espiritual e da saúde física.
Em face disso, procuremos adotar rígida disciplina de hábitos mentais e morais, estabelecendo como metas colocar os deveres que nos dizem respeito acima dos prazeres mundanos e mantenhamo-nos serenos com a oportunidade ímpar da atual experiência física, que nos favorece com a informação espírita.
Busquemos, acima de tudo, os hábitos salutares da oração, da meditação e do trabalho, procurando enriquecer-nos de esperança e de alegria, para nunca desanimarmos diante dos desafios de qualquer doença. “Devemos vigiar e orar para não cairmos nas tentações, uma vez que mais vale chorar sob os aguilhões da resistência do que sorrir sob os narcóticos da queda.” (5)
Para todos os males e quaisquer doenças, centremos nossos pensamentos em Jesus, pois “nosso remédio é e será sempre Jesus. Ajustemo-nos ao Evangelho Redentor, pois o Cristo é a meta de nossa renovação. Regenerando a nossa existência pelos padrões dEle, reestruturaremos a vida íntima daqueles que nos rodeiam. O Evangelho do Senhor nos esclarece que o pensamento puro e operante é a força que nos arroja das trevas para a luz, do ódio ao amor, da dor à alegria.” (6)
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
FONTES:
1- Franco Divaldo Pereira. Página ditada pelo Espirito Joanna de Ângelis, na sessão mediúnica da noite de 15/12/1997, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Texto retirado do prefácio do livro: Atendimento Fraterno ditado pelo espírito Manoel Philomeno de Miranda
2- Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditada pelo Espírito André Luiz, 14ª edição, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, páginas: 118 a 125
3- Xavier, Francisco Cândido. Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 2001
4- Artigo “Uma Visão Integral do Homem”, Grupo Espírita Socorrista Eurípides Barsanulfo disponível no site http://www.geocities.com/Athens/9319/chacras.htm, acessado em 25/04/2006
5- Xavier, Francisco Cândido. Fonte Viva, Ditada pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. Feb, 2002, cap. 110
6- ________, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditada pelo Espírito André Luiz, 14ª edição, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, páginas: 118 a 125