“MELINDRE”, orgulho disfarçado que traz muito sofrimento.
Postado por ANA MARIA TEODORO MASSUCI
O FILHO DO ORGULHO
Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. (LACORDAIRE -ESPÍRITO,1863 – ESE, IN: CAP. VII, ITEM 11)
O “Melindre” — filho do Orgulho — propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral. Assim, quando o Espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa libertadora em que se consola e esclarece. O melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, ao invés de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má-vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma. Evitemos tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser. Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo: É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente desprestigiado, não mais comparecendo às assembleias.
O Médium advertido construtivamente pelo condutor da sessão, quanto à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugindo às reuniões. O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o volume da voz e que se amua na inutilidade. O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e que se supõe menosprezado, encerrando atividades na imprensa.
A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença. O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-se infantilmente injuriado. O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de agradecimento e surge magoado, esquivando-se a nova cooperação.
O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com respeito ao comportamento do filho, e que, por isso, se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança. O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência. A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a própria subsistência.
O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo. O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo.
Devemos perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir. A rigor, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém? Somos sempre auxiliados. Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. Todos nós aí comparecemos para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias.
Fujamos à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranquilidade da consciência, sustentada pelo dever cumprido. Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém.
Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias. E para terminar, meu irmão, imagine de um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos…
CAIBAR SCHUTEL
Psicografada por Waldo Vieira
Sobre o Item 11 do Cap. VII do ESE