Kardec, o educador da humanidade

Kardec, o educador da humanidade

Marcus De Mario

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Hypollite Leon Denizard Rivail, mais tarde conhecido como Allan Kardec, viveu de 04 de outubro de 1804 a 31 de março de 1869.

Foi aluno do educador Pestalozzi, tendo estudado no Instituto de Iverdon, na Suíça, dos dez anos de idade até sua formação como professor e administrador educacional aos dezoito anos.

O professor Rivail introduziu o método pestalozziano de ensino na França, tendo fundado e dirigido o Instituto Rivail, escola de ensino fundamental, de 1826 a 1834. Nesse meio tempo casou-se com Amélie Gabrielle Boudet, professora e poetisa, isso em 1832.

Homem culto, estudioso das ciências, e ao mesmo tempo simples, de grande afetividade, tornou-se tradutor de livros, foi magnetizador, era apreciador das artes e, naturalmente, escritor pedagógico. Tudo isso teve como consequência a participação e diplomação em doze academias literárias e científicas.

No total escreveu vinte e dois livros, vários deles premiados pelo governo francês, que os adotou nas escolas públicas, destacando-se o “Plano Proposto para Melhoria da Instrução Pública”, de 1828, onde revoluciona as idéias educacionais da época propondo a criação de cursos de formação de professores, escolas para mulheres e implantação de uma proposta pedagógica de educação moral.

O homem Rivail e a sociedade francesa

No livro “Amor e Ódio”, escrito pelo espírito Charles e psicografado pela médium Yvonne Pereira, encontramos no capítulo dois da primeira parte, interessante descrição de uma homenagem feita ao professor Rivail por um seu ex-aluno, Georges de Franceville de Soissons, com o comparecimento de outro ex-aluno, Gaston D’Arbeville, Marquês de Saint-Pierre. A homenagem ocorreu em 1847, tendo por motivo o lançamento do livro “Soluções Racionais de Questões de Aritmética e de Geometria”. Vejamos parte do texto:

“Realizou-se o ágape sob a melhor cordialidade, a ele comparecendo ainda outras nobres amizades do círculo de relações dos dois amigos, dentre estas o insigne poeta Vitor Hugo. (…) Verificou-se então substancioso debate entre o professor e seus antigos alunos, durante o qual, com aquela visão admirável que possuía, Rivail ponderou as grandes vantagens de ordem material e financeira decorrentes da realização desse desejo de seu aluno (viagem aos Estados Unidos da América)”.

Há registros informando que, nos salões da nobreza francesa, quando acirrada discussão acontecia sobre determinado assunto, essa discussão era encerrada procurando-se ouvir a opinião sensata do professor Rivail.

No livro “Plano Proposto para Melhoria da Instrução Pública”, encontramos o seguinte texto sobre educação moral:

“A educação é a arte de formar os homens; isto é, a arte de fazer eclodir neles os germes da virtude e abafar os do vício; de desenvolver sua inteligência e de lhes dar instrução própria às suas necessidades; enfim de formar o corpo e de lhe dar força e saúde. Numa palavra, a meta da educação consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais”. (…) Não se pode esperar obter um bom sistema de educação, e por conseguinte, uma boa educação moral, se não se tiver uma massa de educadores que compreendam verdadeiramente o objetivo de sua missão e que tenham as qualidades necessárias para cumpri-la. Em resumo, a educação é o resultado do conjunto de hábitos adquiridos; esses hábitos são eles próprios o resultado de todas as impressões que os provocaram, e a direção dessas impressões depende unicamente dos pais e dos educadores”.

Kardec, os espíritos e a educação

Essa visão sobre a educação moral vai ser ampliada a partir de 1855, quando o professor Rivail entra em contato com os fenômenos mediúnicos e revela a existência e comunicabilidade dos espíritos, consolidando-se em 18 de abril de 1857 com o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, obra básica do Espiritismo, onde encontramos, entre diversas perguntas e respostas acerca da educação, o seguinte:

Questão 208 – “O espírito dos pais não exerce influência sobre o do filho, após o nascimento?” Resposta: “Exerce, e muito, pois como já dissemos, os espíritos devem concorrer para o progresso recíproco. Pois bem: o espírito dos pais têm a missão de desenvolver o dos filhos pela educação: isso é para eles uma tarefa? Se nela falhar, será culpado”.

Questão 685-A – Comentário de Allan Kardec: “Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é o conjunto de hábitos adquiridos”.

Questão 917 – Comentário de Kardec: “A cura (do egoísmo) poderá ser prolongada porque as causas são numerosas, mas não se chegará a esse ponto se não se atacar o mal pela raiz, ou seja, com a educação. Não essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A educação, se for bem compreendida, será a chave do progresso moral”.

A ligação da doutrina espírita com a educação moral é mais do que estreita, é interativa, motivo pelo qual o Espiritismo é doutrina de educação do espírito imortal e o centro espírita é, acima de tudo, escola de almas. Allan Kardec, o ilustre professor Rivail, transforma-se de educador da França para educador da Humanidade. Quando os pais e professores compreenderem sua sagrada missão educadora, e a imortalidade da alma e a reencarnação nortearem tanto a filosofia da educação quanto a pedagogia, então o atual sistema de ensino passará por uma grande renovação, a família será revitalizada e conseguiremos implantar a educação moral.

Marcus De Mario

Fonte: Correio Espírita

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