Kardec e a Revista Espírita
Revista Espírita retrata o papel de Kardec na construção do Espiritismo.
Revista Espírita retrata o papel de Kardec na construção do Espiritismo.
Wellington Balbo – Salvador BA
Ultimamente tenho recomendado, com ênfase, o estudo da Revista Espírita, publicação que Allan Kardec dirigiu de janeiro do ano de 1858 até o momento de seu desencarne, em março de 1869. Ainda desconhecida do público (Revista Espírita) é neste periódico que o estudioso do Espiritismo encontrará, de forma mais veemente, a atuação de Allan Kardec na produção da doutrina, além, é claro, de voltar ao tempo e entrar em contato com a história do Espiritismo.
Há reflexões muito interessantes. Kardec, por exemplo, de forma muito educada e cortês permite-se discordar dos Espíritos e, com maestria, discorrer sobre uma ideia de forma irretocácel. É assim que ele faz numa comunicação do Espírito Lázaro, inserida na revista do mês de maio do ano de 1862 sobre o instigante tema “Os instintos”. Ressaltamos que Kardec discordou da posição de Lázaro, porém com total respeito, sem atacá-lo ou diminuí-lo, ao contrário, inicia sua crítica agradecendo-o e elogiando suas constantes contribuições.
Dentre os mais variados temas da revista, destaco, também, uma instrução de Kardec referente a publicidade das mensagens espíritas. A instrução citada está no número de janeiro da revista de 1862.
Kardec aborda a importância de dar publicidade às mensagens espíritas e faz relevantes ponderações, levanta pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades das ainda parcas possibilidades de publicidade da época. Pode-se dizer que ali Kardec fez uma análise SWOT, análise esta que identifica os pontos fortes e fracos, as ameaças e oportunidades que as instituições encontrarão em seus respectivos cenários. Vale lembrar que a análise SWOT só veio ao mundo no século XX, obedecendo as necessidades das organizações de planejarem-se.
Ainda no texto pertinente a publicidade das mensagens espíritas, Kardec desculpa-se com o leitor por tratar de coisas puramente materiais, haja vista que toca em pontos financeiros para o sucesso das publicações, num espaço destinado às coisas celestes, todavia, ressalta que o faz por julgar necessário e com o objetivo de divulgação da mensagem espírita.
O tema financeiro, aliás, ainda é um tabu para o espírita. Indubitavelmente Kardec não teria problemas em aplicar grandes somas para que a divulgação espírita se tornasse pujante e atingisse um grande número de pessoas. Aliás, muitos o acusavam de enriquecimento as custas do Espiritismo, o que é sabido não ser verdade. Kardec tinha a ciência de que sem os recursos materiais necessários seria impossível atingir o pleno sucesso na divulgação espírita.
O que se percebe no estudo da Revista Espírita é um Kardec altamente envolvido com a divulgação do Espiritismo, alguém que empenhou todos os seus esforços para o sucesso da doutrina.
Imagino-o nos dias de hoje, com tantas possibilidades a sua disposição para levar o Espiritismo aos mais recônditos rincões deste planeta, certamente os utilizaria em plenitude. As redes sociais, pois, seriam um local em que se encontraria Kardec com muita facilidade. Teria, muito provável, perfis em Facebook, Twitter, Instagram e, fatalmente, espaço em jornais não espíritas.
Kardec foi muito corajoso e a dimensão de sua vinda à Terra ainda estamos distantes de entender.
Por isso, para que compreendamos, mesmo que palidamente, um pouco da importância de sua reencarnação no século XIX faz-se fundamental debruçar-se nas páginas da Revista Espírita.
Fica, então, registrada a sugestão ao leitor e estudioso do Espiritismo.
Wellington Balbo (Salvador – SP)