HISTÓRIAS DO CHICO
Foi o próprio Chico que contou o que se segue.
A sua casa era frequentada por um gato selvagem que não deixava ninguém se aproximar. Todos os dias, o Chico colocava num pires alguma alimentação para ele.
Numa noite, quando retornava de uma das reuniões, um amigo avisou que o gato estava morrendo estendido no quintal. Babava muito, mas ainda mantinha a cabeça firme em atitude de defesa contra quem se aproximasse. O Chico ficou bastante penalizado, pensando que ele poderia estar envenenado.
O amigo explicou que horas antes o vira brincando com uma aranha e que, provavelmente, ele a engolira. E sugeriu que o Chico transmitisse um passe no felino.
O gato, apesar de agonizante, estava agressivo. Ficando à meia distância, o nosso querido amigo começou a conversar com ele. – Olha – falou o Chico – você está morrendo. O nosso amigo pediu um passe e eu, com a permissão de Jesus, vou transmitir. Mas você tem que colaborar, pois está muito doente. Em nome de Jesus, você fique calmo e abaixe a cabeça, porque quando a gente fala no nome do Senhor é preciso muito respeito.
O gato teve, então, uma reação surpreendente. Esticou-se todo no chão, permaneceu quieto até que o Chico terminasse o passe.
O gato tornou-se um grande amigo e ganhou até nome.
(Livro: Mediunidade e Coração)
A cobra no caminho do Chico
Certo dia o Chico estava indo para o serviço e de um com uma cobra no meio do caminho.
Tentava deslizar, mas o réptil deslizava, cercando-o.
A primeira coisa que qualquer um de nós faria seria procurar uma pedra, um pedaço de pau para esmagar a cobra. Mas Chico, não.
Sua conversa com ela é algo que nos comove.
– Olha, minha irmã, estou indo para o serviço e é preciso que você me deixe passar.
A cobra olhou-o com menos agressividade, mas não saiu do caminho.
– Olha, minha irmã, repetiu ele, estou vindo mais cedo porque se eu vier de ônibus o dinheiro me fará falta no fim do mês, pois tenho uma família numerosa que preciso amparar. Logo o ônibus vai passar de Pedro Leopoldo e vai me encontrar aqui, porque, você será certamente esmagada e não gostaria que isso lhe acontecesse.
A cobra olhou-o demoradamente e se foi para o mato.
Chico pôde então passar e chegar a tempo no trabalho.
Livro: Chico, de Francisco
Autor: Adelino da Silveira