Gravidez sem espírito

(Do site: www.redeamigoespirita.com.br)

GISELLE FACHETTI MACHADO (Goiânia/GO)

Pertenço a um grupo envolvido em um Projeto chamado Esperança e Luz, que foi elaborado pela equipe espiritual que assiste a Comunidade Espírita Ramatís e que pretende auxiliar espíritos que se preparam para reencarnar, assim como auxiliar, também,  as famílias que os receberão.

 O trabalho é realizado em dois momentos. Inicialmente estudamos um trecho instrutivo e à seguir passamos ao treinamento mediúnico. Em nossa última reunião, eu fui escalada para apresentar o capítulo número 21 do Livro Gravidez Sublime Intercâmbio, de Ricardo di Bernardi.

O que li, pesquisei e apresentei sobre o assunto abordado me intrigou. O título do capítulo é Gravidez sem reencarnação. Ricardo di Bernadi abre esse capítulo com a transcrição da questão 356 do Livro dos Espíritos.

– Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espírito?

“Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nenhum espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças então só vem por seus pais.”

Essa  resposta me levou a raciocinar sobre a enormidade de possibilidades relacionadas com o processo reencarnatório. Posso afirmar, sem medo de errar, que nenhum processo reencarnatório é igual a outro. Assim como observamos que nenhuma gravidez é igual a uma outra.

Entretanto, apesar das variações serem imensas, existe um certo grau de padronização entre grupos com maior ou menor afinidade.

Os espíritos nos esclareceram, naquela oportunidade, que  é possível ocorrer a situação extrema de haver uma gravidez sem que haja espírito determinado para aquele corpo em desenvolvimento, todavia, quero crer que o contrário é que é a regra e esse fato, a exceção.

Durante o exercício de treinamento mediúnico, realizado naquele dia em particular, inúmeras entidades foram atendidas em caráter emergencial. Eu, ao contrário da maioria dos meus colegas, não participei desse atendimento, pois fui levada a uma sala do Hospital da Criança (localizado na Colônia Espiritual…..) e ali fui conduzida a uma seção em que havia aparelhos estranhos, pelo menos sob minha ótica ainda muito presa aos padrões da matéria densa.

Um desses aparelhos foi colocado sobre meu crânio e tive a impressão que eles me passavam informações para que eu pudesse redigir um artigo sobre esse assunto, tarefa  que julguei altamente complexa. Ainda mais que ao pesquisar sobre essa possibilidade, da gravidez sem espírito, poucas referências encontrei.

Após nosso retorno ao corpo físico, no ambiente do Centro Espírita, uma colega percebeu, ainda, a presença do tal capacete energético sobre meu crânio.

Ela me alertou sobre o medo que tenho de assumir essa responsabilidade, qual seja, de manifestar-me sobre assuntos polêmicos dentro da Doutrina Espírita. O que não pude deixar de admitir, pois o conforto de escrever sobre assuntos já bem estabelecidos me é muito mais convidativo do que navegar em águas turbulentas da dialética vanguardista.

Portanto, esforçando-me para superar meus temores me presto a oferecer argumentos para que uma nova concepção seja construída, gradualmente, sobre os sólidos pilares Doutrinários codificados por Kardec. Esses argumentos são um amálgama do que estudei, raciocinei e recebi por intuição mediúnica conforme relatado anteriormente. Não consigo distingui-los pela origem, quais elaborei e quais me foram sugeridos.

E espero que essa nova análise seja especialmente iluminada pelo exemplo da  sistemática de investigação crítica e racional como a utilizada pelo Mestre Lionez em seu gigantesco trabalho de codificação da Nova Revelação.

Sabemos que o espírito imortal, altamente complexo,  atua em relação ao desenvolvimento embrionário como o Modelo Organizador Biológico descrito por Hernani Guimarães já em …..

Teoria similar veio a ser proposta, apenas recentemente,  pelo renomado biólogo Rupert Sheldrake que chamou esse sistema imaterial com função modeladora, de H. Guimarães, de campo morfogenético.

Inicialmente, ele descreveu os campos mórficos que atuam  em grupos de seres conectados entre si por inter-relação perene e os descreveu como a teoria do 99º macaco.

Os campos mórficos não são campos elétricos ou eletromagnéticos, não são campos carreadores de  energia,  por isso eles não perdem potência em relação á distância em que atuam. Isso se reveste de grande importância quando consideramos os campos mórficos que unem populações de animais, seres humanos e
outros grupos de seres vivos. Esses campos transportam informação, por mais estranho que isso possa parecer.

O campo morfogenético, de ação individual, atuaria como modelador tridimensional do crescimento de células e tecidos específicos permitindo uma adequada proporção somática entre os diversos órgãos e o organismo como um todo. Função essa não cumprida pelos ácidos nucléicos.

Tal pode ser inferido pela adaptação de um tecido exógeno implantado às dimensões espaciais do receptor, como ocorre nos  transplante de fígado.

A porção do órgão recebida mantém sua carga genética original, porém cresce e molda-se ao receptor conforme seu tamanho e não conforme as dimensões orgânicas do doador, pois se assim fosse, o doador teria que ter além de carga genética compatível, ter também compatíveis o tamanho de seus órgãos e vísceras passíveis de doação.

É claro que essa compatibilidade se faz necessária, em certos graus, em casos de órgãos como o coração, cuja dimensão influi na capacidade de ação como bomba ejetora que é.

Sem o campo morfogenético, limitador e organizador do crescimento celular e tecidual, esse processo ocorre apenas sob as ordens dos ácidos nucléicos, mas sem a possibilidade da organização espacial tridimensional proporcional como é encontrada em organismos vivificados por esse principio.

Tratar-se-ia de proliferação tissular semelhante à que  observamos em meios de cultura artificiais. Talvez, algum grau maior de ordem possa ser oferecido pela ação indireta do sistema modelador próprio do psicossoma materno. E, é este o argumento usado por André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos para explicar a questão 356 do livro dos espíritos.

Questão esta intrigante pela afirmação da existência de natimortos para os quais não haveriam espíritos designados. É provável que o termo natimorto não tenha sido usado conforme  é hoje definido pela medicina moderna.

Natimorto é a morte do feto ocorrida ainda dentro do útero. Trata-se de morte fetal e não embrionária. Quando ocorre morte fetal precoce, antes de 20 semanas de gestação ou embrionária, até 12 semanas de gestação, o processo de  perda é chamado de abortamento e o  produto do abortamento é o aborto.

Quando uma gestação chega ao período fetal houve necessariamente a formação de todos os órgãos da economia sistêmica humana em seus mais minuciosos detalhes.

O feto precisa de um coração eficiente no bombeamento sanguíneo e de um sistema circulatório perfeito para que seu adequado crescimento ocorra. Essa precisão somente seria  obtida sob a direção do campo morfogenético, imaterial, mas imprescindível para a morfogênese exata dos seres vivos.

Caso o sistema morfogenético do pisicossoma, ou espírito  materno, fosse capaz de oferecer  esse controle a um outro indivíduo em processo de desenvolvimento orgânico na intimidade dos seus próprios tecidos, poderíamos inferir que analogamente existiria, também, outra possibilidade ainda mais questionável.

A possibilidade de que, pelo mesmo processo, os tumores oriundos das células germinativas  pudessem se desenvolver com arquitetura mais harmônica do que encontramos, por exemplo,  em portadoras de teratomas ovarianos.

Os teratomas possuem a capacidade de multiplicação e diferenciação tecidual  que encontramos nos embriões, mas a falta de um modelador de ordem espiritual faz com que, efetivamente, produzam-se  apenas tecidos monstruosamente aglomerados.

Argumentariam outros que, neste caso, não existe a vontade materna em gestar e receber um filho em seus braços. O que, de fato,  agiria na condução da força do campo morfogenético materno para que atuasse indireta e excepcionalmente sobre os tecidos ovulares.

Entretanto se o campo morfogenético materno já é o molde para seu próprio organismo, esperaríamos, nesta circunstância hipotética, que o organismo gestado, através dessa influência, preservasse as características somáticas maternas. O que nos parece um tanto complexo para se dar freqüentemente.

Além dessa questão, mais nos mobiliza o fato relatado em diversas publicações psicografadas através de médiuns sérios, de que a gravidez que termina em aborto é um meio terapêutico do  qual espiritualidade se utiliza para recuperação de espíritos com risco de ovoidização,  ou ainda, para a recuperação daqueles portadores de deformidades severas do períspirito.

O trânsito pela matéria, ainda que fugaz, permite a reestruturação do corpo espiritual. Os mecanismos de miniaturização e amnésia envolvidos no processo permitem o reequilíbrio de espíritos em sofrimento, principalmente naqueles vítimas de dores de tamanha intensidade que são tomados por estados de desagregação mental severa com grande risco de implosão do corpo espiritual.

Tal morbidade espiritual é também chamada de segunda morte, ou ovoidização. É descrita tanto por André Luiz no Livro Evolução em Dois Mundos, quanto por… no excelente livro, Ícaro redimido.

Outro argumento que se impõe que seja considerado é que se uma experiência aparentemente traumática e frustrante, como o abortamento espontâneo,  pode ser utilizada para benefício dos sofredores, por que permitiria Deus, que esse aspecto fosse desprezado, enquanto inúmeros espíritos necessitam da abençoada terapia do choque físico?

Sabemos que ocorrem 90 milhões de nascimentos por ano no mundo e 60 milhões de abortamentos entre os espontâneos e os provocados. A energia mobilizada nesses processos dolorosos  é imensa e tem utilidade não só para os envolvidos fisicamente  no processo, mas também,  para os que precisam recuperar  anatomia do seu perispírito.

Nestes casos, mesmo havendo a influencia do campo morfogenético do espírito reencarnante, a formação do corpo físico fica prejudicada pelo grau de deformidade que esse principio estruturador apresenta.

Gravidezes nestas circunstâncias geram embriões e fetos com deformidades que são incompatíveis com a vida física, muitas vezes mesmo que a carga genética seja absolutamente normal. Por isso temos cerca de 10 a 20 por cento de abortamentos em gravidezes clinicamente detectadas.

Do ponto de vista médico existirão diversas explicações para o desenvolvimento inadequado do concepto e sua posterior eliminação. Doenças genéticas, teratogenicidade induzida por fatores ambientais, tais como infecções e medicamentos, alterações imunológicas, distúrbios do metabolismo enzimático e protéico…..

Tais explicações são absolutamente verdadeiras do ponto de vista material, mas sua origem vai além da questão física. O espírito, que deveria presidir a formação de um novo corpo físico, traz em sua complexidade morfológica as deformidades que se transmitirão por ressonância mórfica ao seu duplo físico.

Em algumas entidades tal é a deformidade que apresentam que não são capazes de induzir a matéria a mais do que uma proliferação desordenada e agressiva de tecido placentário como observamos nos casos de mola hidatiforme.

Os espíritos parasitas que se habituaram por séculos a extrair energias vitais de seus parceiros obssediados, os quais cumpriam sua penosa caminhada terrena, não mais do que esse talento podem oferecer aos tecidos cuja  neoformação induziram.

Uma vez tratada a doença e eliminadas as células agressivas do organismo materno, a fonte de exploração seca. E, então, o parasita é forçado a obter energias da sua própria economia fisiológica.

Neste momento crucial ele é capaz de vislumbrar flashes de consciência, que se reforçados pela energia amorosa da família que sofreu a perda com resignação e esperança, servirão de combustível para o seu desabrochar definitivo como espírito consciente, o que já foi antes de afundar no charco de seu desespero.

Portanto, apesar de ser possível em situações excepcionais, a existência de gestações sem que haja espíritos a elas destinados, essa situação é raríssima. Rara, pois que a espiritualidade superior é extremamente organizada e procura não perder nenhuma oportunidade de realizar o bem.

E ainda, quando isso excepcionalmente acontece, tenhamos a certeza que não se formará um sistema orgânico perfeito e funcional, pois tal não é possível sem a influência de um espírito com sua estrutura fisiológica minimamente adequada.

Serão no máximo as gravidezes anembrionadas e mais freqüentemente os microabortos, que ocorrem de forma até imperceptível ao diagnóstico clínico.

Sabemos que cerca de 70 % dos ovos são perdidos sem que cheguem a gerar gravidez clinicamente detectável. Isto sim, ocorre por não haver espírito determinado para encarnação naquela oportunidade.

Hoje, podemos esclarecer melhor, o que foi genericamente abordado no Livro dos Espíritos. Naquela época sequer se conheciam as diversas possibilidades em termos de causas orgânicas de abortamento e teratogênese. Daí por que houve uma resposta essencialmente genérica. Agora, entretanto, já temos condições de nos depararmos com verdades mais profundas.

A utilidade desse conhecimento se faz pelo objetivo primordial de valorização da vida, quer ela progrida, ou não, além das barreiras do ventre materno. Qualquer que seja a duração de uma gravidez, ela deve ser vivida com amor.

Os pais devem saber que o amor que transferem ao espírito que foi espontaneamente abortado, ao portador de deformidade física incompatível com a vida, ao deficiente, é o medicamento abençoado que os curarão da morbidez que longamente carregam, em função de seus próprios delitos,  mas que por caridade Divina tem essa oportunidade impar de tratamento reestruturador.

Se o amor e a aceitação impregnam as entranhas maternas que acolhem o doente frágil em internação de caráter  intensivo, emergencial  e, na maioria das vezes, compulsória, o resultado só pode ser  o milagre da recuperação plena da anatomia espiritual.

Repercussões ainda mais significativas ocorrem como resultados dessas experiências marcantes. Em um  futuro breve a família que sofreu com a perda inesperada, pode ser presenteada com uma linda criança, para que cresça sob sua guarda. Criança esta agradecida e doutrinada para o bem, já que aprendeu pelo exemplo e pelo sentimento.

A redoma de amor que se formou durante a gravidez frustrada permanece incubando o ex-sofredor e protegendo-o em sua nova fase. É um reservatório energético que o conduz firmemente através das desventuras que terá que atravessar, ainda no mundo espiritual, para ser digno de uma outra oportunidade reencarnatória, agora passível de  êxito do ponto de vista de realizações cristãs.

Ele, após essa sublime transfusão energética recuperadora do seu corpo espiritual debilitado, passa a captar as instruções superiores e consegue, finalmente, fortalecer-se no caminho do bem. Bem que o conquistou nesse breve período de terapia intensiva que denominamos  de choque físico de amor.

Esperamos ter ajudado você em sua missão e que o medo de se expor sucumba mediante seu objetivo maior, que é a plena valorização da vida. Lição esta que te compete mais aprender do que ensinar, pelo fato de que mais aprendemos quando ensinamos é que você foi convidada a atuar nesse ministério….

Giselle Fachetti Machado (Goiânia/GO)

Médica Ginecologista e Obstetra. Graduada pela Faculdade de Medicina da UFG e,  Residência médica e especialização em Colposcopia no HC da UFMG. É responsável pelo Serviço de Colposcopia do Laboratório Atalaia de Goiânia. É membro da Comunidade Espírita Ramatís, em Goiânia e atuante no movimento em Defesa da Vida e na AME Goiás (Associação Médico Espírita). Nasceu em 20/05/1962 em Cianorte, no Paraná. Reside em Goiânia desde os 6 anos de idade. Oriunda de família espírita sendo que seu avö Osmany Coelho e Silva foi pesquisador espírita na década de 1940 no Rio de Janeiro.

gfachettimachado@uol.com.br/

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