Moab José de Araújo e Sousa
São Luiz, MA – maio de 2005.
Meus amigos,
Existem pessoas que adoram e até mesmo acham bonito sofrer. Aproveitam qualquer oportunidade para desfiarem um rosário de queixas e de lamentações. Suas dificuldades são as maiores do mundo. Entretanto, não movem um dedo sequer para mudar o curso de suas vidas. Esquecem-se, de que todos – ou quase todos -, sofrem, mas que poucos sabem como sofrer: com resignação.
Assim, tornam-se infelizes, mal-humoradas e pessimistas. Carregam consigo uma aura negativa espalhando tristeza, discórdia, pessimismo e infelicidade por onde passam. Transformam-se em verdadeiras catástrofes ambulantes.
Acreditam – é bem mais fácil para elas -, que os seus infortúnios sejam culpa dos outros, ou da má sorte que as perseguem. Não trabalham seus projetos de vida e têm, como referencial, a felicidade que acreditam outros possam estar desfrutando. Desorientadas, buscam a felicidade em tudo e em todos, menos onde deveriam procurar: nelas próprias.
Ainda não perceberam que os problemas não estão fora, mas dentro delas, bem como as soluções, diga-se de passagem. Que não são os únicos seres humanos a passarem por provações e dificuldades. Que muitos vivem situações iguais ou até mesmo piores. Assim, fechadas em si mesmas, perdem a noção da realidade e da vida, tornando-se profundamente egocêntricas.
Quase sempre, são criaturas que têm uma baixa auto-estima. Não se amam, não acreditam em suas potencialidades, naquilo de que são capazes. E quem não gosta de si mesmo, não gosta de ninguém. Quando disse “Ama a teu próximo como a ti mesmo”, Jesus, em outras palavras, disse: o amor que tens por ti, é o mesmo amor que deves ter pelo teu próximo.
Amar a nós mesmos é aceitar tanto a luz quanto as sombras que em nós existem. Em sua obra, O Ser Fragmentado, o frei Ansel Grün, sobre isso diz: “Aquele que conhece sua sombra lidará com mais cuidado consigo mesmo e questionará mais criticamente suas próprias motivações. Cessará de projetar seus lados de sombra em outros povos ou no vizinho ao lado, e lidará de forma mais benéfica com as pessoas de seu entorno”.
Antes de gostarmos dos outros é necessário gostarmos de nós mesmos. Quando nos amamos, desejamos para nós somente o que é bom, o que faz bem, o que é prazeroso. Estando de bem com nós mesmos, felizes e auto-realizados, passamos a desejar aos outros, também, somente o que for bom e positivo. Felizes, queremos compartilhar com todos a nossa felicidade.
Em qualquer lugar, seremos sempre aquilo que pensamos acerca de nós próprios – isto é auto-estima. É reconhecer que temos direito à felicidade. Que o nosso destino não é obra do acaso, mas fruto das nossas escolhas. Não é algo que ganhamos, como uma dádiva ou um castigo, mas sim, algo que conquistamos diariamente.
Paz para todos!
Artigo recebido com autorização de reprodução