Os Espíritos evoluem sempre.
Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem.
A rapidez do seu progresso, intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.
Quando usamos a expressão perfeccionista, dependendo da entonação e circunstância, podemos estar exprimindo ácida crítica ou eloqüente elogio.
O homem diz:
– Minha mulher é uma perfeccionista. Incapaz de dormir se no quarto há uma gaveta ligeiramente aberta. As crianças e as domésticas vêem-se em papos-de-aranha com ela.
Está sugerindo que se trata de uma neurótica de carteirinha que perturba todos na casa com sua mania de limpeza e de ordem.
A secretária diz:
– Meu chefe é um perfeccionista. Nunca está satisfeito com meu trabalho. Obriga-me a alterar mil vezes o texto de uma correspondência, até deixar-me estressada.
Está anunciando que se subordina a um maníaco obcecado que quer levá-la à loucura.
Mas podemos também exprimir admiração por alguém, reconhecendo que procura dar o melhor de si.
– Aquele músico é um perfeccionista. Compõe poucas músicas, mas de harmonia irretocável.
– Aquele marceneiro é um perfeccionista. Enquanto outros fabricam vários móveis ele produz um apenas, mas será uma peça de arte, acabamento primoroso.
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Bem, nem todos somos perfeccionistas, no bom ou mau sentido, mas, sem nenhuma exceção, somos todos perfectíveis, isto é, passíveis de aprimoramento contínuo.
Seres imortais, evoluímos incessantemente ao longo dos milênios.
Fomos:
• O princípio espiritual que animou vegetais…
• A consciência embrionária que agitou irracionais…
• O selvagem que disputava espaço com feras famintas…
• O homem medieval às voltas com guerras e disputas…
Somos o homem moderno, perplexo com as conquistas deste século, a enfrentar complexos desafios relacionados com o desenvolvimento tecnológico.
Assim iremos, de degrau em degrau, desenvolvendo potencialidades, aprimorando-nos moral e intelectualmente, crescendo em espiritualidade, rumo a glorioso porvir, transformando-nos em prepostos de Deus, partícipes da Criação.
Jesus é o guia maior.
Está aonde chegaremos um dia.
Esteve onde estagiamos hoje.
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Aprendemos com a Doutrina Espírita que todo patrimônio intelectual, moral e espiritual que adquirimos é inalienável. Não o perderemos jamais. Será sempre o nosso passaporte para um futuro melhor.
Ninguém retrograda.
Mas, infelizmente, muitos se distraem, estacionam, atrasam-se…
Isso acontece quando as pessoas perdem o entusiasmo, quando deixam de olhar para dentro de si mesmas, quando desistem de aprender, de lutar contra suas imperfeições, quando se acomodam aos vícios e paixões.
Então marcam passo, vivendo na Terra como sonâmbulos.
Falam, ouvem, movimentam-se, mas têm a consciência adormecida.
Raros despertam por sua própria iniciativa.
Muitos só o fazem com o concurso da Dor.
E há os que insistem em permanecer adormecidos.
Competirá à morte, a grande ceifeira, a tarefa de renovar-lhes as disposições, despertando-os do sono voluntário.
Para não experimentarmos o constrangimento de constatar, quando chegar nossa hora, que fomos dorminhocos na Terra, seria interessante avaliássemos, diariamente, como anda nosso aprendizado.
Intelectualmente, quantos livros temos lido, que estudos temos feito, que experiências temos desenvolvido?
Moralmente, estamos melhores hoje do que ontem? Estamos contendo nossos impulsos inferiores?
Cultivamos valores espirituais?
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O Espiritismo deixa bem claro que não podemos perder tempo. É preciso caminhar, buscar novos horizontes, desenvolver potencialidades, ampliar conhecimentos, aprimorar sentimentos.
É importante, em nosso próprio benefício, que busquemos priorizar o desenvolvimento moral, procurando saber o que Deus espera de nós.
Como fazê-lo?
É simples:
A vontade de Deus está definida com perfeição, no Sermão da Montanha (Mateus, capítulo V):
Tendes ouvido o que foi ensinado aos antigos:
– Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo:
Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam; bendizei os que vos amaldiçoam; orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, Ele que faz nascer seu Sol sobre bons e maus e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.
Porque, se só amardes os que vos amam, que recompensa tereis?
Não fazem o mesmo os publicanos e os pecadores?
Se somente saudardes os vossos irmãos, que fazeis nisto de especial?
Não fazem o mesmo os gentios?
Sede, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai celestial.
Ao abordar o mesmo tema, no capítulo VI, de seu Evangelho, Lucas situa uma expressão complementar de Jesus:
Sede, pois, misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso.
Conciliando os dois textos, diríamos que Jesus situa a misericórdia como sinônimo de perfeição moral.
Ela se exprime na compaixão pelas misérias alheias, a capacidade de nos compadecermos do próximo, sem distinções ou discriminações, mesmo quando nos cause prejuízos.
Jesus foi o grande campeão neste particular, dedicando sua existência ao empenho por socorrer aos sofredores e necessitados de todos os matizes.
Compadeceu-se dos próprios algozes na cruz, pedindo a Deus:
Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem (Lucas 23-34).
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É interessante notar que estamos todos tão longe da misericórdia, que nos surpreendemos quando vemos alguém exercitá-la com desenvoltura.
É como se fosse um ET, um ser de outro mundo.
Ficamos pasmos diante de uma Madre Teresa de Calcutá, pequenina, frágil, saúde precária… Não obstante, exerceu poderosa e benéfica influência sobre centenas de seguidores e admiradores.
Como o conseguia?
Simplesmente sendo misericordiosa.
Madre Teresa fez de sua vida um exercício de misericórdia. Viveu para servir, devotando entranhado amor aos pobres, doentes e sofredores de todos os matizes.
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O Mundo assistiu emocionado, há algum tempo, às cerimônias que envolveram o sepultamento da princesa Diana, que o cantor Elton John chamou, inspiradamente, Rosa da Inglaterra, vela que se apagou breve, mas gerou a luz de uma lenda imortal.
Por que toda essa mística em torno dela?
Por que tanta gente chorando?…
Afinal, foi uma jovem comum, que teve seus sonhos, seus anseios, suas decepções e dores, suas fraquezas e limitações…
A resposta está em centenas de representantes de instituições filantrópicas, que foram convidados a acompanhar o cortejo fúnebre. Atendem a órfãos, a enfermos, a velhos, a aidéticos, a mutilados de guerra, que ela visitou, apoiou e beneficiou.
As imagens mais duradouras, que falam mais de perto a todos nós, não são dos paparazzi, envolvendo sua privacidade, mas aquelas em que ela aparece abraçando aidéticos, beijando crianças, acariciando anciãos, com espontaneidade e carinho.
Essas imagens nos dizem que ela foi alguém especial, que exercitou a misericórdia, caminho perfeito de nossa realização como filhos de Deus.
Por isso será inesquecível, como Madre Teresa de Calcutá.
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Ouvi, certa feita, um pregador afirmar que somos todos criaturas de Deus.
Somente os que aceitam Jesus, segundo os princípios de sua crença, são filhos de Deus.
Pobre pregador!
Decorou o Evangelho mas não entendeu Jesus.
Todos somos filhos do Altíssimo, herdeiros da Criação.
Para entrarmos na posse de nossa herança e assumirmos nossa posição, falta-nos um único dom:
Que cultivemos a misericórdia!
Então seremos filhos perfeitos de Deus!
– Do Livro Espiritismo, uma Nova Era para a Humanidade –