Espiritualidade em comportamento de crise
Espiritualidade em comportamento de crise
Por Jane Maiolo
Então disseram os fariseus entre si: vede que nada é proveitoso! Eis que o mundo vai atrás dele.
As anotações contidas no capítulo 12 do versículo 19 do Evangelho de João nos traz o diálogo dos fariseus sobre a infrutífera armadilha de prender Jesus, que dias antes houvera ressuscitado Lázaro, o amigo de Betânia. Lidar com a verdade e a superação não é tarefa fácil ao homem contemporâneo, arraigado ao materialismo e ao imediatismo da vida terrestre.
Vivemos em tempos de crises sob o guante do conflito existencial, da subversão de valores éticos, das deficiências morais. Em face disso, é flagrante a incapacidade humana de lidar com os desafios das experiências do cotidiano. Nos escandalizamos com o comportamento dos outros, ficamos assombrados com a liberdade do próximo, discordamos dos propósitos de muitos e quase sempre nos iludimos com aquilo que diz respeito ao nosso eu.
Na verdade, todo crescimento é doloroso segundo explicação de Allan Kardec, contida em A Gênese: “(…) a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação se assinala por uma crise que é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento”.²
O homem atormentado, produto do século XXI, não se permite aquietar-se a fim de comprazer-se ante a beleza da vida. Entretanto, há silenciosas vitórias diárias e imensas conquistas no mundo íntimo daquele que desperta gradativamente para a sua realidade de espírito imortal que é. De tal modo que não tem faltado empenho do mundo espiritual a fim de oferecer luzes aos nossos dias. O comportamento de crise que agora se manifesta em abundância, demarca um período de grandes e profundas decisões.
A inteligência emocional há que se desenvolver a duros entraves, mas haveremos de lidar com as situações de crescimento.
A advertência do Cristo persiste ativo e altivo, conclamando os homens de boa vontade para a luta, que é e sempre será individual e intransferível, em qualquer plano da vida. O Evangelho do Cristo é o único roteiro infalível para nossa redenção. Talvez sigamos outros itinerários mais animados, festivos, longos ou sinuosos, porém, é da Lei divina que, enquanto não incorporarmos a vivência evangélica cristã no nosso comportamento não haverá equilíbrio e lucidez para o espírito imortal.
O pensamento do homem deve inundar-se de espiritualidade. Os avanços científicos e tecnológicos não podem eliminar a ideia de Deus, de imortalidade, de esperança e de fé racional do homem. Toda ciência que promove esse afastamento do divino é desumana em si mesma. A espiritualidade é o canal invisível que possibilita ao homem continuar sua trajetória ascensional.
Oportuna a reflexão de João para os dias atuais: “Vede que nada é proveitoso! Eis que o mundo vai atrás dele”, prossigamos, mesmo que em crises, buscando Jesus, o Cristo, para nossa real transformação.
Referências bibliográficas:
2- KARDEC, Allan /A Gênese – CAP.XVIII- São Chegados os Tempos