ESPÍRITAS CONFUSOS COM A IDEOLOGIA DE GÊNERO
Ivomar Costa
Há algumas semanas li no site de um conhecido articulista espírita que faz parte de uma destacada entidade espírita paulista, o seguinte:
“está provado que ninguém nasce homem ou mulher, mas torna-se homem ou mulher”.
Talvez, numa interpretação equivocada da lei de liberdade, o articulista e escritor tenha confundido o princípio reencarnatório da alternância de sexos, meio de aprendizado para os espíritos em evolução, como liberdade para romper com os rígidos padrões disciplinares desta importante experiência do espirito.
Os espíritos reencarnam como homens ou mulheres para que cada um aprenda a entender o mundo subjetivo do outro; o espírito predominantemente masculino para entender o mundo feminino, assim como os espíritos predominantemente femininos para entender o mundo masculino. Contudo, nenhum deles, quando nascidos em sexos diferentes das suas polaridades sexuais está autorizado a manter práticas que ferem a sua conformação biológica terrena. O que deve imperar é a disciplina, o autocontrole.
Certamente, não se deve extrair sentidos inexistentes nestas afirmações. De modo algum a pessoa com tendências homossexuais deve ser excluída do convívio dos outros, sobretudo a dos espíritas. Se a pessoa mantém práticas homossexuais, isso também não é motivo para afastamentos, ou impedimentos outros, ademais desnecessários. A indisciplina sexual, lembremos, não ocorre somente com os homossexuais, pois a maioria das pessoas, ainda que em segredo, é sexualmente indisciplinada.
O grande problema da atualidade brasileira, e talvez mundial, é que existe uma campanha massiva para conduzir as pessoas a aceitarem as esdrúxulas hipóteses da “sexualidade em fluxo”, a qual propõe que a cada momento podemos ser homens ou mulheres, de acordo com as nossas disposições, sem qualquer freio. O nível de insanidade chegou a tal ponto que os apologistas dessas ideias querem que crianças, ou seja, seres ainda em formação psicológica e em busca da sua identidade, possam realizar delicadas cirurgias para mudança de sexo. O absurdo vai mais longe ainda quando assume corte totalitário, ao tentarem criar leis que permitam essas arriscadas e imorais operações sem o consentimento dos pais!!!
Em termos políticos isso significa que o estado, o governo, pode se imiscuir na liberdade e na autoridade dos pais permitindo que crianças, sabe-se lá com que critérios, possam extirpar suas genitálias sem possibilidade de readquirir estes órgãos caso mudem de ideia mais adiante. No fundo, estas cirurgias monstruosas servem apenas para, se aprovadas, dessensibilizar as pessoas no que tange às teratologias morais que representam, acostumando-as a cederem sua liberdade para o estado que se agiganta e passa a interferir em tudo.
Parece que já não bastou o que diversos poderosos faziam com os meninos na antiguidade e na Idade Média, castrando-os para que permanecem todo o restante das suas vidas com vozes infantis, ou modernamente, em alguns países da África muçulmana, com a extirpação dos clitóris das meninas púberes. Felizmente, esta prática injustificável foi legalmente proibida na Nigéria.
Infelizmente, muitos espíritas, seduzidos por essas ideias tresloucadas, passaram a apoiá-las abertamente. O perigo reside no fato de que outros espíritas acreditam piamente nestas pessoas, atribuindo autoridade doutrinária a elas, porque escreveram um ou outro livro, ainda que tais obras careçam de lógica e, sobretudo, de lógica espírita, amontoando ideias desconexas.
Judith Butler
Como vimos, o autor que citei anteriormente afirma que a tese do fluxo dos gêneros está provada. A pergunta é: quem provou? Judith Butler? Ora, esta senhora indecisa, que uma hora se diz homem e na outra se diz mulher, não provou absolutamente nada. O que ela fez foi apresentar uma hipótese, apenas; Simone de Bouvoir? como podemos ver na postagem do site Gospel (veja aqui), ela também não defendia a atual ideologia de gênero. Então, a tal prova não existe. Mas alguns espíritas, talvez por privação de conhecimentos mais profundos, tanto de lógica quanto de Espiritismo, já tomam as ideias como provadas.
Simone de Bouvoir
O nosso grande problema está, entretanto, na assunção dessas teses pelos mais altos tribunais do país, justamente aquele que deveria ser o primeiro a afastar estas imbecilidades, mas contrariamente, passam a defendê-la.
Os autênticos espíritas precisam reagir, retomando as verdadeiras teses espíritas, os postos de comando nas federações, hoje quase que totalmente ocupados por pseudo-espíritas, e tendo a coragem de se posicionar firmemente na sociedade.
No estudo das obras fundamentais do Espiritismo aprendemos que aqueles que não praticam o bem, estão automaticamente praticando o mal. Aqueles que não se opõem ao mal reinante na sociedade contribuem para a sua expansão e são considerados cumplices de todos os que o promovem.
Estamos em guerra, mas não uma guerra militar, com tiros e canhões, mas uma guerra cujas armas são as palavras. A técnica baseia-se em distorcer o sentido das palavras para confundir as pessoas, levando-as a aceitar o mal como se este fosse o bem. Estamos numa guerra semântica e o campo de batalha é a sua consciência.
Ivomar Costa