Entrevista com Divaldo

Divaldo Franco

A Vida propõe o Crescimento Interior

Texto: José Lucas

Revista de Espiritismo – Quais as possíveis conseqüências para o autor de abusos sexuais?

Divaldo Franco – Todo e qualquer atentado que o homem perpetra gera-lhe em conseqüência distúrbios na área correspondente. É natural, portanto, que os abusos de ordem sexual de uma existência ressurjam em expressão de limite ou de conflito numa nova experiência carnal. Seria difícil definir como se manifestará o impositivo da Lei, já que inúmeros fatores constituem atenuantes ou agravantes, que somente a Consciência Cósmica pode avaliar. Igualmente, os efeitos do mau uso não se dão necessariamente de imediato, tendo-se em vista que não há nos códigos divinos determinações punitivas, mas atitudes que facultam a reparação do equívoco, propondo crescimento interior. A verdade irrefragável é que ninguém viola as leis de equilíbrio sem sofrer-lhe os efeitos dolorosos.

RE – Passando o planeta Terra a mundo de regeneração, que alterações terá de fazer ao seu modus vivendi (alimentação, hábitos)?

DF – Naturalmente escapam-nos as ocorrências que terão lugar no porvir da humanidade. O que podemos sentir é que na Era Nova o sofrimento não mais constituirá uma forma de espada de Dâmocles oscilando sobre as nossas cabeças, em ameaça constante de aflição e dor. A Terra terá as suas condições climatéricas mais harmônicas, sem os frios congeladores nem os calores tórridos, porque o próprio planeta experimentará modificações estruturais, facultando aos seus habitantes menos angústias e padecimentos. Da mesma forma, a qualidade moral das pessoas estará modificada para melhor e o relacionamento dos seres estará trabalhado na verdadeira fraternidade. É lógico que a alimentação será mais compatível com o amor aos seres vivos, particularmente os animais, nossos irmãos em processo de evolução, ocupando momentaneamente posição inferior na escala do progresso. A ciência e a tecnologia desenvolverão recursos nutrientes mais consentâneos com a organização fisiológica mais delicada, porquanto menos carregada de vibrações deletérias, tendo-se em vista a psicosfera vigente.

Os hábitos serão saudáveis, a crueldade, as guerras, os ódios, as traições, os crimes, a violência, os ressentimentos, e outros males que caracterizam o nosso atraso moral, passarão a figuras de museu, onde o futuro lerá as páginas primitivas do nosso estágio atual.

RE – O problema das vacas loucas poderá ser um alerta para a necessidade do homem investir noutras áreas da alimentação?

DF – Sem dúvida. Estamos a ser convidados a uma análise mais profunda a respeito dos nossos hábitos alimentares, passando a alterar o nosso comportamento nessa como em outras áreas por onde nos movimentamos.

Quando a Divindade deseja modificar a estrutura comportamental dos seres humanos faculta que determinadas ocorrências tenham lugar, de forma que os mesmos se dêem conta da sua fragilidade diante da vida e passem a reflexionar melhor sobre a sua transitória organização física. A Terra dispõe de recursos, alguns ainda inexplorados, para atender às necessidades de todos aqueles que a habitam, sem a necessidade premente dos matadouros…

RE – Que acontecerá aos cerca de 30 bilhões de espíritos que são inquilinos da Terra?

DF – As tradições espirituais asseveram que a população do planeta terrestre seria de cerca de 28 bilhões de espíritos que, através dos milênios vêm desenvolvendo as suas aptidões e avançando no rumo da grande luz. Considerando-se a infinidade de mundos no Universo, o processo da evolução não se restringe apenas à Terra. Desse modo, quando adquirirem elevação intelecto-moral poderão continuar no nosso planeta, à medida que ele cresça e se transforme, como poderão habitar outros mundos mais felizes, conforme acentuou Jesus: na Casa do Pai há muitas moradas.

Todo esse processo dá-se através das leis naturais de afinidades e de sintonia. O mundo espiritual superior utiliza os valores que cada espírito possui e, graças à irradiação psíquica, por intermédio de vibrações que se harmonizam são expulsos, qual ocorreu com os nossos primeiros habitantes mais intelectualizados, que teriam vindo de outro sistema, ou são promovidos. Não há repouso, no sentido de paralisia, inutilidade, na obra de Deus.

RE – Que ilações tirar do 1.º Congresso Espírita Mundial, que teve como tema «O Centro Espírita»?

DF – Os espíritas descobriram que se encontram em condições de promover o progresso da sociedade, desde que reúnam pessoas de 32 países em Brasília, a fim de estudarem o centro espírita e as suas implicações no conceito social, ampliando os horizontes do trabalho em favor de toda a humanidade.

Verificamos o amadurecimento psicológico com que transitamos no momento, podendo desenvolver um labor de fraternidade e de esclarecimento como dantes jamais houvera acontecido. Atingimos, dessa forma, a fase pressentida por Allan Kardec, na qual o espiritismo contribuiria para a renovação social.

RE – Qual será o impacto que o espiritismo terá na sociedade do futuro? Algumas pessoas sonham com a possibilidade do planeta se tornar num centro espírita: não será isso um pouco de presunção?

DF – Como previu o codificador, mudar as paisagens morais do planeta mediante a transformação moral das criaturas, demonstrando-lhes a imortalidade, confirmando-lhe o processo dos renascimentos corporais, mediante os quais se evolui e, por efeito, a vivência de um comportamento perfeitamente concordante com as propostas de Jesus, a respeito do amor. É certo que isso não se dará de um para outro momento, senão pelo processo habitual estabelecido pela própria evolução.

Acredito que a possibilidade de o planeta se tornar num centro espírita não passa de um sonho profundamente fanático, eliminando a hipótese do crescimento moral da criatura sem determinado tipo de rotulagem. O espiritismo preconiza a liberdade de consciência de todos os indivíduos, que podem evoluir também mediante outras filosofias de vida e doutrinas religiosas, desde que sejam coerentes com aquilo em que acreditam, e que se resolvam pela transformação moral para melhor. Allan Kardec ensinou que o espiritismo completa as demais doutrinas religiosas, porque confirma o que elas preconizam nos seus pontos essenciais e completa-as aumentando a fé naqueles que já a possuem, dando-a àqueles que não a têm.

RE – Quais são as falhas dos movimentos espíritas, e o que poderiam fazer para remediar essas lacunas?

DF – Seria presunção, de minha parte, colocar-me em posição de apontar erros e falhas nos movimentos espíritas, considerando que somos todos aprendizes da vida e que tudo aquilo que hoje constitui equívoco, logo mais se transforma em experiência, aprendizagem, amadurecimento.

No entanto, o codificador da doutrina asseverou que o maior adversário do espiritismo, capaz de perturbar-lhe a marcha, seria a falta de unidade, assim como Léon Denis escreveu que o espiritismo será o que dele fizerem os homens.

RE – Havendo tanta procura de espiritismo e havendo tão pouca preparação no atendimento às pessoas, nos centros, existem alternativas?

DF – Devemos considerar que o movimento espírita é ainda muito jovem, portador, portanto das dificuldades de qualquer ação em começo, não sendo justo exigirmos qualidade superior às possibilidades de pessoas e grupos, talvez ainda desinformados da excelência da doutrina espírita. Por isso mesmo os órgãos federativos empenham-se em melhor qualificar os centros, de modo a poderem atender com mais eficiência àqueles que os buscam. O convite ao estudo sistematizado da doutrina deve ser uma constante nas atividades espíritas, apesar da reação daqueles que se acreditam conhecedores de toda a verdade, o que lhes denota a imensa ignorância.

A melhor maneira, portanto, de auxiliar as pessoas que se dizem desencantadas com determinados centros é convidá-las à vivência correta da mensagem, deixando de lado o que lhes pareça censurável e que as teria decepcionado, sugerindo que, ao invés de beneficiárias, já que possuem tão bem formada visão do conteúdo do espiritismo, passem à condição de benfeitoras. É muito fácil esperar-se bom atendimento, assistência constante; no entanto, dispensá-los a quem chega é muito mais difícil.

RE – Está no carma dos terrenos passarem por uma nova guerra mundial?

DF – A ninguém, na Terra, é lícito prever algo desse porte, porquanto o comportamento das pessoas em particular e das nações em geral modifica, a cada instante, o destino do planeta. No entanto, devemos ter sempre em mente que Jesus vela pela nau terrestre e conforme responderam os espíritos ao codificador, a guerra, quando necessária, tem por objetivo promover o progresso, desde que as criaturas, não se permitindo crescer pelo amor, são convidadas a fazê-lo pelo sofrimento que a si mesmas se impõem.

RE – Quais são as áreas prioritárias da divulgação doutrinária de um modo geral e em Portugal em particular?

DF – Penso que a divulgação do espiritismo é dever de todos aqueles que o abraçam, como indivíduos ou como associações. Em qualquer lugar onde nos encontremos, aí está a nossa oportunidade de servir, oferecendo com elevação o pão do espírito ao espírito faminto. Ser-me-ia, portanto, muito difícil informar onde, em nosso querido Portugal, esse investimento exigiria maior esforço.

RE – Como médium já assistiu ao desenlace de alguém a ponto de o poder descrever?

DF – Na longa jornada mediúnica nesta existência tem-me sido uma constante acompanhar pacientes terminais e vê-los partirem da Terra. Cada caso é uma experiência muito pessoal, variando, dessa forma, de pessoa para pessoa. Entretanto, as ocorrências habituais – quando se trata de indivíduos de conduta saudável, elucidados quanto ao fenômeno da morte – caracterizam-se pela irrestrita confiança em Deus, assistidos pelos bons espíritos, que sempre trazem técnicos em desencarnação para impedirem o choque da desencarnação e que começam o processo do desprendimento, liberando o perispírito pelos chakras menos nobres, que dizem respeito às extremidades do corpo, e, lentamente, culminam com o desvinculamento do coronário. Dá-me, às vezes, a sensação de que o espírito, à semelhança de um balão, ao ser liberado dos pés, pernas, coxas e vai flutuando no ar até ficar totalmente de pé, quando passa a experimentar a nova gravidade, assim recuperando a postura convencional. Alguns permanecem no recinto algo aturdidos, acompanham as exéquias fúnebres, o sepultamento, quando então são conduzidos à erraticidade.

No entanto, quando se trata de pessoas sensualistas, imediatistas, apegadas à matéria, ignorantes da realidade do espírito, assistidas por entidades perversas, o desprendimento é muito diferente e doloroso.

RE – Como médium já visitou alguma cidade no plano espiritual?

DF – Quando estava psicografando o livro «Além da Morte», do espírito Otília Gonçalves, ela levou-me a visitar a Colônia Redenção, onde vivia. Essa comunidade encontra-se localizada na área que atende parte da cidade de Salvador, onde resido. Tive o ensejo de constatar que se tratava de uma cidade real com o mesmo aspecto da Terra, sendo, porém, mais nobre e subtil, rica de vida e de beleza. O que me chamou a atenção entre outras ocorrências foi a delicadeza das flores e a sua constituição. Advertiu-me, a amiga espiritual, que ali não se colhiam as flores, senão quando necessário, isto é, quando recém-desencarnados traziam fixados no perispírito determinados sofrimentos que demoravam. Por orientação dos mentores, o recém-chegado podia colher alguma e cheirá-la, ocorrendo, então a desmaterialização da mesma, que se transformava em medicamento balsâmico, sendo aspirada pelo paciente.

A ilação que tirei é que a vida é um todo harmônico, apresentada em diferentes níveis vibratórios, todos porém completando-se no conjunto feliz.

RE – Como médium, já efetuaram curas através de si?

DF – Todos os indivíduos, e particularmente os portadores de mediunidade, podem ser instrumentos de cura, quando em sintonia com o Divino Médico através dos seus mensageiros. Nesse aspecto, por várias vezes ocorreram experiências dessa natureza, que a discrição e a proposta de simplicidade recomendada pela doutrina nos conduzem ao silêncio. Suely Caldas Schubert, entretanto, no livro «O Semeador de Estrelas», refere-se a uma ocorrência dessa natureza muito interessante.

RE – Já alguma vez psicografou textos ao contrário? Por que fazem isso os espíritos?

DF – A minha primeira experiência nessa área ocorreu na cidade de Uberaba, em 1981, durante um programa de televisão, após ser bombardeado por perguntas de diferentes pessoas convidadas para a entrevista. O espírito Joanna de Ângelis escreveu por meu intermédio em inglês especular, isto é de trás para a frente, a fim de ser lida a mensagem com a ajuda de um espelho. Posteriormente, a façanha se repetiu na cidade de San António, no Texas (EUA), após uma conferência. Mais tarde, novamente em outra cidade, S. Pittesburg, na Florida, depois de outra conferência, mais uma vez, na residência do sr. Salim Haddad, em Elon College, na Carolina do Norte, também nos Estados Unidos da América, num 18 de Abril – data da comemoração do lançamento de «O Livro dos Espíritos». Os amigos espirituais pretendem demonstrar que não se trata de fenômeno anímico ou de telepatia, ou outro qualquer catalogado pelas doutrinas que negam a comunicabilidade dos espíritos, embora isto não signifique uma demonstração absoluta para convencer a quem quer que seja.

RE – Tem conhecimento de experiências atuais de cientistas que evidenciem as teses espíritas?

DF – No Brasil o eng.º Hernâni Guimarães Andrade tem imensa documentação em torno dos mais variados fenô9menos que oferecem evidências científicas sobre a imortalidade da alma, a reencarnação, a comunicabilidade dos espíritos, sendo dos cientistas mais respeitados da atualidade, nas áreas da parapsicologia, da psicobiofísica, da psicotrónica, e autor de muitas obras portadoras de contribuição insofismável em torno das teses espíritas. Por outro lado, psicólogos de nomeada, psiquiatras valorosos, psicanalistas admiráveis, ao criarem a chamada Quarta Força em psicologia, possuem uma volumosa e incontestável documentação em torno da imortalidade da alma, da comunicação dos espíritos, da reencarnação, das obsessões, que seria fastidioso enumerar.

O doutor Joseph Banks Rhine e a doutora Louise Rhine, considerados pais da parapsicologia, chegaram à conclusão da imortalidade da alma e da sua comunicabilidade, não obstante reconhecendo os fenômenos também como de diferentes ordens.

O célebre astrônomo Carl Sagan defendeu a tese da probabilidade de mundos habitados, utilizando cálculos matemáticos sobre a idade do Universo e o surgimento de vida em outros planetas, conforme ocorreu na Terra.

RE – Que notícias nos traz das suas últimas viagens pelo mundo, no último ano e meio?

DF – Há dois anos, embora não tenha visitado Portugal, estive duas vezes nos Estados Unidos, no Canadá, na República Dominicana, em Porto Rico, no Uruguai, na Argentina, no Paraguai, na Bolívia, na Colômbia, no México, na Guatemala, no Equador, na Suíça, por duas vezes em períodos diferentes, na Espanha, participando do seu Minicongresso Espírita na cidade de Réus, visitei também mais cinco cidades, na Áustria, na República Checa, na República Eslava, na Alemanha, na Suécia, na Noruega, na Dinamarca, na Inglaterra, na Escócia… Nos Estados Unidos, em Outubro participei do lançamento da mais moderna tradução ao inglês de «O Livro dos Espíritos», de Allan Kardec, na cidade de Filadélfia, na Praça da Independência, em memorável solenidade. Diversos livros mediúnicos recebidos por meu intermédio foram vertidos ao inglês, ao espanhol, ao esperanto, ao francês e, no corrente ano, além de novas traduções e publicações nos idiomas citados, acrescentamos os que estão sendo lançados em sueco, em checo, em turco, em albanês e em húngaro…

Neste corrente ano já estive na Colômbia, no Peru, nos Estados Unidos, agora em Portugal, devendo seguir à Inglaterra e Escócia, para depois, a partir de Maio, prosseguir pela Suíça, Áustria, República Checa e República Eslava, Alemanha, Suécia, Noruega, Dinamarca, posteriormente Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, novamente Estados Unidos, Espanha (para novo Minicongresso Espírita, em Valencia)…

RE – Quando se faz fecundação in vitro, pode acontecer que reencarnem espíritos não programados, isto é, reencarnações compulsivas, apenas por afinidade vibratória, quer por vontade dos próprios espíritos, quer por vontade dos espíritos superiores?

DF – Nas soberanas leis do Universo, a palavra acaso é desconhecida. Afirma Joanna de Ângelis que aquilo que consideramos como acaso é resultado de um trabalho muito bem organizado, a fim de ocorrer no momento exato. Porque não se conhecem os mecanismos determinantes de tais acontecimentos, denominam-nos como sendo casuais. Tudo, porém, é causal, exceto a precipitação, a incoerência, a violência e outros males que o indivíduo gera para si mesmo sob a ação do seu livre-arbítrio.

Desse modo, na fecundação in vitro, o espírito que se vai reencarnando certamente está vinculado aos seus futuros pais, como é natural, qual ocorreria no fenômeno da fecundação convencional. Essa afinidade vibratória entre o reencarnante e aqueles que o receberão como filho está estabelecida na Lei, que organiza o evento. Funciona, portanto, por necessidades evolutivas de todos aqueles que se encontram envolvidos no processo da reencarnação.

RE – A Federação tem vindo a fazer um esforço notável para se afirmar no contexto social. Que conselho daria aos centros espíritas portugueses, em relação ao movimento?

DF – O Evangelho de Jesus narra uma parábola que pode ser aplicada à ação que devem desenvolver os centros em relação à Federação. Trata-se daquela que se denomina o feixe de varas. Em síntese, propõe que uma vara pode ser partida com facilidade por qualquer pessoa; duas igualmente; três já se fazem mais resistentes, portanto, mais difíceis de serem arrebentadas. No entanto, tratando-se de um feixe, é muito menos provável que alguém as arrebente, senão impossível. Equivale dizer que o indivíduo ou a associação, a sós, são muito vulneráveis a qualquer atentado, seja de natureza cultural, comportamental, ética, ou mesmo mais susceptível de desaparecer ante os desafios normais da vida. No entanto, quando se congregam, formando um todo unificado, adquirem resistência para os embates de vário tipo que têm de enfrentar no seu processo de evolução.

Desse modo, a Federação Espírita Portuguesa é a entidade-máter do movimento espírita neste país, que deve unificar todas as associações, núcleos, centros, a fim de que se torne forte e bem direcionado o trabalho doutrinário, que tem por objeto divulgar e levar à vivência todos aqueles que fazem parte do conjunto que constitui a lição viva da doutrina espírita.

Contribuir, mediante adesão, assistência, participação nas atividades desenvolvidas pela FEP é dever, não só das instituições como também dos espíritas em geral, porquanto, conforme ensinou Jesus, a casa dividida cai. Não é propósito de nenhuma federação espírita uniformizar os espíritas ou o movimento, mas sim unir os adeptos do espiritismo e as casas que se apresentam como espíritas.

RE – E aos espíritas em geral?

DF – Temos todos o dever de contribuir para o sucesso dos empreendimentos doutrinários e unificacionistas da Federação de cada um dos nossos países, e, no caso em tela, de Portugal, até porque ela é o resultado do que dela fizermos, especialmente das casas espíritas que a constituem, pois são essas que a formam, dão-lhe vida e sustentação.

Assim, qualquer movimento reacionário tem como meta infeliz conspirar contra o progresso da divulgação do espiritismo e transforma-se em exemplo negativo de comportamento moral daquele que assim proceda.

RE – Que dizer aos nossos leitores num momento tão especial como este em que nos visita com redobrada esperança para todos nós?

DF – Allan Kardec foi o jornalista espírita modelar. Em toda a «Revista Espírita», por ele redigida e publicada durante 11 anos e 3 meses, encontramos o exemplo do periodista de bem, sempre voltado para os valores da dignidade e do dever. Jamais utilizou a pena para infamar e nunca perdeu tempo em discussões inúteis. Todo o espaço de que dispunha, aplicou-o para ensinar, corrigir, educar. Quando atacado, esclarecia, sem permitir-se usar as armas da covardia ou da infâmia. Sempre recorreu à lógica e à razão, vendo, no adversário, alguém que merecia respeito, embora não concordando com as suas idéias ou métodos de combate. Estóico, sempre se manteve acima dos seus opositores, vivendo o ideal que esposava como verdadeiro espírita. Nele temos o modelo a seguir, o grande inspirador do jornalista espírita, portador dos excelentes recursos da mensagem de elevação, do pensamento edificante, do roteiro iluminativo. Diríamos aos nossos caros leitores que, não obstante a hora grave que vivemos na Terra, o espiritismo é a grande luz que verte do alto para apagar as sombras teimosas da ignorância e conduzir com segurança as mentes e os corações ao porto da paz.

FONTE: Revista de Espiritismo, Julho/Setembro de 1998

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