Ciúmes é uma doença? Divaldo Franco responde
Postado por ANA MARIA TEODORO MASSUCI
Ciúme é motivo de separação, de divórcio e de muita briga entre os casais. Isso é normal ou é uma doença?
Divaldo Franco:
Somente através do amor, curamos o ciúme. As pessoas costumam dizer: “Em todo amor, sempre há um pouco de ciúme!” É lindo, mas não é verdadeiro. Ciúme é um fenômeno psicológico de insegurança. Quando falta autoestima, a pessoa não acredita que alguém seja capaz de amá-la. Quando alguém a ama, ela duvida. E fica sempre com medo de perder, porque acha que não merece. A insegurança emocional gera o ciúme. Se estiver com uma pessoa mais bonita do que ela, se der mais atenção a outrem, logo pensa que a vai perder, porque não está em condições de ser amada por quem está ao seu lado. É um conflito de insegurança psicológica.
Quando alguém dispuser-se a amar, creia no amor, entregue-se-lhe. Se aparecer outro, que gere traição, o problema não é seu. Se ele – o outro indivíduo, homem ou mulher – o abandonar, pior para ele e não para você, porque aquele que abandona é que se faz infeliz, não o abandonado. Assim mesmo, continue amando. As pessoas de natureza instável, amadas ou não, assim continuarão, porque são doentes, portadoras de comportamentos mórbidos. Não são dignas de ser amadas, apesar disso, cumpre-nos amá-las. Viver com ciúme, vigiar, estar com os olhos para lá e para cá, torna-se um infortúnio, porque é sempre uma inquietação, aguardando alguns momentos de prazer. O amor legítimo confia. Quando não há essa tranquilidade, não é amor, mas desejo de posse, tormento. É um desvio de comportamento afetivo.
Toda vez que confiamos no outro, recebemos resposta equivalente, com as exceções compreensíveis. Toda vez que vigiamos o ser amado, na primeira brecha que lhe surge, quase sempre tomba no desvio… Isto porque ninguém pode amar vigiado, escravizado, perseguido, controlado. O amor é uma bênção, não um castigo, não uma forma de manipulação do outro.
Há um caso, um pouco engraçado, mas que ilustra essa situação. O homem, quando chegava ao escritório, telefonava para a esposa: “Bem, já cheguei…” Momentos após, novamente: “Meu bem, estou saindo para o lanche…” Mais tarde, outra vez: “Meu bem, estou voltando do lanche…” Por fim: “Agora estou voltando para casa”.
A esposa, que era muito ciumenta, retribuía: “Estou de saída para as compras… Eu voltei das compras…”
Esse era um casal profundamente infeliz. Mas ele morreu. No velório entraram uma senhora e uma criança, que se debruçaram sobre o caixão e choraram demoradamente.
A viúva, sensibilizada, perguntou a razão do seu pranto, sendo esclarecida que a criança era filha do desencarnado, que mantinha um romance com ela…
Surpreendida demasiadamente, perguntou com angústia:
Quando ele a visitava?!
E a resposta foi imediata: “Na hora do lanche”.
Ninguém vigia os sentimentos dos outros. Os sentimentos devem ser honrados com a confiança. Se o outro a deslustra, torna-se-lhe um problema. Daí o ciúme ser insegurança. Pratique sua autoestima quando for amado por alguém. Todos nós temos conflitos e inseguranças, posto que ainda somos humanos.
Quando algum confrade chega até mim e diz-me, por exemplo: “Eu estava doente e fiquei bom, mas não mereço”. Eu respondo: “Merece, sem dúvida”. Se a pessoa insiste em afirmar que não é credora desse merecimento em aparente humildade, sou constrangido a informar: “Se você recebeu essa concessão do Senhor e não a merece, Ele está sendo injusto em relação aos demais enfermos!”.
Nessa recuperação Deus está-lhe proporcionando uma chance, está lhe concedendo misericórdia.
Eu, quando experimento qualquer bênção, sempre digo: “Graças a Deus! Eu já mereço a compaixão dos Céus”. E esforço-me para corresponder com o possível ao meu alcance.
Devemos ter senso para medir nossos valores. Eu não espero que uma pessoa me diga que eu estou bem para ficar bem. Eu estou bem porque me sinto em harmonia.
Algumas pessoas são capazes de fazer observações negativas que nos podem influenciar. Nesses casos, a atitude só pode ser a mesma: buscar a autoestima.
Se alguém me diz: “Estou achando-o muito mal”, eu respondo com delicadeza: “É, você está achando, mas não estou assim. Encontro-me muito bem!”.
Não nos deixemos conduzir com as opiniões diversificadas das demais pessoas. É indispensável alcançar a autoconsciência. Então, mantenhamos a autoestima. Esse comportamento é salutar, agradável.
Por outro lado, evite aceitar a falsa compaixão, quando alguém lhe disser: “Coitado!”.
Desperte sempre amor, e não compaixão. Para o ciúme, portanto, o melhor medicamento é amar mais e sempre.
Desde já, mudemos a nossa paisagem interna da mesquinhez para adquirirmos esse estado de plenitude chamado confiança.
Fonte: http://intelitera.blogspot.com.br/2015/05/divaldo-franco-responde-ciume-e-uma.html