Candeias na noite escura

Estudo Cap. 1 – Hermínio C. Miranda

Postado por Arnaldo Ramos de Oliveira em 10 fevereiro 2014 às 7:50

(Em:  http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/candeias-na-noite-escura-estudo-cap-1-herm-nio-c-miranda)

CANDEIAS DA NOITE ESCURA

Hermínio inicia o Livro relembrando seu tempo de meninice e com doces lembranças de mulheres que se dedicavam ao trabalho de serem babás. Fala das histórias de heróis e malfeitores Com maestria nos permite ver que os heróis com vícios e virtudes se perdem ao longo do caminho e também, como os malfeitores, sente-se com um viajante perdido em busca de uma réstia de luz que os reconduza ao caminho do bem. Essa é a nossa condição ainda hoje, queremos que o mocinho se dê bem e o bandido se dê mal, esquecendo que em geral as atitudes do mocinho são as mesmas do bandido, agressão, vingança – vivenciamos ainda o ditado – o que importa é o fim e não os meios.

Venho dum tempo em que doces babás, culturalmente despreparadas mas espiritualmente graduadas nas divinas universidades do amor fraterno, nos contavam histórias – ainda eram histórias (narrativas de fatos) e não estórias(histórias irreais) – singelas, nas quais o bem recebia sempre o seu prêmio e o mal o seu castigo. Em muitas dessas histórias, os heróis anônimos se perdiam pelos caminhos e a noite chegava cheia de terrores, mas tudo acabava bem quando, a distância, o viajante perdido descobria na escuridão um tímido ponto de luz em torno do qual viviam aqueles que o socorriam.

Buscamos todos a luz. Mais que uma realidade energética no campo da física, a luz é o símbolo multimilenar no desenvolvimento espiritual. Dela dependemos para ver o mundo que nos cerca e o caminho que pisamos. Em espírito, buscamos as vibrações superiores do amor – esse grande gerador de luzes fascinantes. E, à medida que a luz se realiza em nós, desaparecem as sombras que nos envolvem e se iluminam não apenas as nossas veredas, mas também os caminhos dos que seguem ao nosso lado.

Quando nos referimos a um ser moralmente evoluído citamos que é um ser iluminado, confundindo-o com o ser luminoso, em todos os níveis do estágio humano temos seres luminosos que são iluminados pelos seus maiores. – Todo aquele que oferta sua escassa ou esplêndida luz própria, torna-se luminoso para quem utiliza sua luz e está iluminando aos que utilizam-se de uma luz artificial para clarear seu próprio caminho

Ainda que o desejássemos, não poderíamos guardá-la somente para nós, egoisticamente: ela se irradia onde andamos e alcança os outros. Tudo no universo é solidário, porque vivemos e nos movemos em Deus, como dizia Paulo.

“Ninguém acende a luz e a coloca debaixo do alqueire” (1 – pote, vaso ou vasilhame – Bíblia), ensinava o Mestre. Quanta sabedoria profunda e intemporal (que se desvincula do tempo) nos seus mais singelos pronunciamentos! Que maravilhoso poder de comunicação na sua capacidade de traduzir em imagens tão nítidas o pensamento mais transcendental…

Vejo ainda, com os olhos da saudade, a lamparina humilde da fazenda, colocada no lugar mais alto para que todos vissem e nunca debaixo do alqueire. Pelas paredes dançavam sombras grotescas, mas nenhuma das sombras chegava perto da luz.

Lembro disso agora, ao verificar que, mesmo a nossa luzinha humílima de principiantes, quanta gente atrai! São os que vêm buscar consolo, principalmente. Os que “perderam” entes queridos, os que sofrem provações incompreensíveis, os que se consomem no remorso. Mas vêm também os que, sem grandes dores, desejam compreender melhor a vida; que não têm remorsos, mas estão vazios de esperança. Quase todos, senão todos, atrasaram-se pelos caminhos e a noite chegou e se fechou sobre eles. De repente, encontram aqueles que, sem muito brilho, dispõem, no entanto, de uma candeia modesta (praticantes da caridade moral). São estes os que se iniciaram nas primeiras tarefas do amor, são os que, tendo ainda tão pouco, possuem já o suficiente para dar, tem em si bastante amor para distribuir em nome do Cristo.

Conforme nos orienta Meimei em mensagem com o nome – “Temos o que damos”, nos exorta com delicadeza e brandura, não obstante nos leve a uma questão de consciência. O quanto temos sido apegados?  – presunçosos nós pensamos que damos do que temos – por isso o exercício do amor é vital para mantermos o equilíbrio e criarmos méritos para obtermos ajuda de nossos maiores – Lei de Causa e Efeito.

É certo que neste crepúsculo dos tempos muitos continuarão extraviados por largo espaço e, infelizmente, não está em nosso poder sacudi-los de sua inconsciência, mas estamos igualmente certos de que não ficarão abandonados à própria sorte, porque Deus vela por todos nós indistintamente. Também a chuva e o sol caem sobre o justo e o pecador, sobre a boa semente e a outra. Que orem por eles os que aprenderam a conversar com Deus, mas aqueles que disponham de uma pequena chama espiritual, ainda que humilde, que cuidem de colocar a candeia sobre o alqueire e não debaixo dele. Não para exibir conhecimentos e alardear virtudes que ainda não temos, mas quem sabe se lá ao longe, na escuridão da noite que nos envolve, algum irmão extraviado não vai enxergar a luzinha e chegar-se exausto e faminto, pedindo pousada, ajuda e carinho. Isso mesmo, daremos na medida de nossas forças e limitações, porque é bom repartir o pouco que temos, “para que a felicidade se multiplique entre nós”, como diz “Agar” na sua linda prece.

A felicidade aumenta quando repartida, ao passo que a dor partilhada diminui. Vamos, pois, distribuir a nossa alegria consciente de viver em Deus.

Nós sabemos:

  • O que somos – espíritos imortais, temporariamente encarcerados num corpo físico;
  • De onde viemos – de um longo rosário de vidas que aprofundam suas raízes na escuridão de remotas idades;
  • Para onde vamos – para os mundos cada vez mais perfeitos que luzem diante de nós, nas muitas moradas do nosso Pai.
Conhecemos uma Casa que se diz Espírita. O que lá ocorre – e a mesma já comemorou mais de 60 anos de existência – é puro mediunismo, não há estudos e todas as reuniões mediúnicas, ou poderíamos dizer anímicas, são públicas e o fenômeno e médiuns são exaltados pelos frequentadores. Acreditem inúmeras pessoas que lá frequentam e até mesmo “médiuns” não acreditam na reencarnação. Se ainda encontramos isso no movimento, quando será que estaremos na condição de um Dr. Bezerra? Que também não acredita, mas sim está convicto da lei de reencarnação?

A mensagem que temos a transmitir é, pois, extremamente simples e fácil de entender. Para muitos é ainda difícil aceitá-la, porque se habituaram demais à opressiva aridez da descrença; lembremo-nos, entretanto, daqueles mais desgraçados para os quais não é apenas difícil aceitar a realidade do espírito, mas ainda é impossível.

Que brilhe, então, a nossa luz humilde, alimentada pelo combustível do conhecimento e da caridade que começa a arder em nós. A hora é de dores, muitas e grandes; de desorientação e desespero; de ódios e crueldades. Hora de ajustes aflitivos e desenganos dolorosos. Mas é também uma hora de revelações maravilhosas, de descobertas memoráveis, de conquistas deslumbrantes, de oportunidades raras se, com muito amor e humildade, procurarmos em nosso próprio território intimo o rastro luminoso que o Mestre de todos nós deixou em nós.

Há séculos que ouvimos a sua palavra, repetida insistentemente. Há séculos que muitos de nós a pregamos à nossa maneira obscurecida pelas paixões e incompreensões que nos toldam a visão (Hermínio utiliza a palavra pregar nos sentido bíblico de revelação das coisas divinas).

Momento de transição planetária. Necessário é que façamos a nossa própria transição a tão propalada “reforma íntima” – apesar que, pelo pouco tempo que temos, necessitamos executar a “implosão íntima” e assim construir nossa “casa” sobre a rocha “Doutrina Espírita”. O momento nos pede Auto Evangelização.

É chegado o tempo de fazê-la florescer e frutificar. É, assim, muito bela a tarefa que temos diante de nós, os que começamos a soletrar o bê-a-bá do conhecimento espiritual: incumbe-nos a responsabilidade e a alegria de transmiti-lo, proclamando aos quatro cantos da Terra que somos espíritos sobreviventes (imortais) a caminho de Deus. E que, por estranho que pareça, Deus está em nós. “Vós sois deuses!”, dizia Jesus. Que brilhe a nossa candeiazinha humilde que não ilumina mais que uns poucos palmos à volta. Há irmãos tão desesperados que anseiam até mesmo por essas migalhas de luz.Um dia sermos um clarão de amor fraterno, tal como nos quer o Príncipe da Paz.

Prece ditada pelo Espírito AGAR

Psicografada por Francisco Cândido Xavier

Pai de Infinita Bondade, sustenta-nos o coração no caminho que nos assinalaste.

Infunde-nos o desejo de ajudar àqueles que nos cercam, dando-lhes das migalhas que possuímos para que a felicidade se multiplique entre nós.

Dá-nos a força de lutar pela nossa própria regeneração, nos círculos de trabalho em que fomos situados, por Teus sábios desígnios.

Auxilia-nos a conter nossas próprias fraquezas, para que não venhamos a cair nas trevas, vitimados pela violência.

Pai, não deixes que a alegria nos enfraqueça e nem permitas que a dor nos sufoque.

Ensina-nos a reconhecer a Tua bondade em todos os acontecimentos e em todas as coisas.

Nos dias de aflição, faz-nos contemplar a Tua luz, através de nossas lágrimas, e, nas horas de reconforto, auxilia-nos a estender Tuas bênçãos com os nossos semelhantes.

Dá-nos conformação no sofrimento, paciência no trabalho e socorro nas tarefas difíceis.

Concede-nos, sobretudo, a graça de compreender a Tua vontade, seja como for, onde estivermos, a fim de que saibamos servir em Teu Nome e para que sejamos filhos dignos de Teu infinito Amor.

Assim seja!

 

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