Ataques a Allan Kardec e ao Espiritismo

Ataques a Allan Kardec e ao Espiritismo

Allan Kardec e o Espiritismo são atacados pelo revisionismo esquerdista: mais um escândalo lamentável

Em sua obra espírita, Allan Kardec adotou um critério básico para filtrar as tantas informações esparsas vinda dos Espíritos a partir do movimento conhecido como Espiritualismo Moderno,, em meados do século XIX: o controle universal do ensino dos Espíritos. Para o codificador do Espiritismo, as grandes verdades nunca são reveladas a uma só fonte, a um só médium, num só tempo e lugar; elas são derramadas universalmente, ou seja, distribuídas em vários lugares, por diversas fontes. É nesse sentido que também a Filosofia e a ciência podem ser catalogadas como fontes reveladoras da natureza divina (Ver o cap. I de A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo – ebook). Desta feita, quando uma “coisa falsa” é levantada por uma voz, outras mil vozes se levantam para reestabelecer a verdade. Em Historiografia também é assim: a História não tem um dono; todos os historiadores contribuem para a formação das narrativas e aquelas que consagram ao longo do tempo são as que passam pela filtragem da generalidade. Por isso, revisar a História é um instrumento natural de desenvolvimento desta disciplina. Porém, como tudo é um tanto “imperfeito” em nosso mundo ainda em regeneração, existe aí os seus perigos: há determinadas concentrações locais e temporais burlando fatos e conceitos para lhes dar um caráter universalista conforme os seus modismos. Por isso, a evolução de um povo só pode analisada em grande escala.

Todo esse preâmbulo tem em vista preparar nosso fôlego para tratarmos de mais um escândalo dentro do movimento espírita: é que Allan Kardec e o Espiritismo estão sendo atacados por um grupo — pequeno, mas barulhento — de esquerdistas (por eles próprios definidos) que pretendem seguir a onda do revisionismo histórico que está sendo proposto hoje em toda a cultura. É mais um fato lamentável cujo primeiro resultado é disseminar discórdias e macular o Movimento Espírita, mas que precisa ser encarado, seriamente, confiando que também desse escândalo saia algo positivo, por exemplo, uma melhor articulação conjunta entre os espíritas sinceros.

Vamos encarar a coisa.

Os “espíritas à esquerda”

Há um grupo autodenominado “espíritas à esquerda” articulando-se dentro do movimento espírita para propagar desavergonhadamente uma série de ideologias sociais e políticas francamente estranhas ao Espiritismo. Você percebe facilmente esse viés ideológico militante por um critério simples: a menor preocupação deles é com a Doutrina Espírita: o que os movem não são os conceitos kardecistas, mas as próprias obsessões desse grupo. Eles se declaram espíritas, mas apenas usam Kardec e o Espiritismo para fomentar suas manias obsessivas.

O escândalo, o barulho e a confusão são do que eles mais gostam, porque fazem parte da tática destes para se promoverem. Discursam em nome de supostas virtudes, como os “direitos humanos”, “igualdade” e “prosperidade”, mas suas revoluções estão mais munidas de rancor e de espírito de vingança do que de amor e de caridade — o oposto da codificação espírita, cujo lema é “Sem caridade não há salvação”. É que eles não querem “salvação” (leia-se “evolução espiritual”); eles querem revolução.

Suas ideologias doentias abraçam uma luta contra o racismo, mas que criam fundamentalmente uma disputa de raças ao colocar negros contra brancos em retaliação aos racistas. Para isso, eles precisam evidenciar — com todo o exagero possível — os atos racistas (os que realmente existem) e ficticiamente racistas (em tudo eles veem racismo). E daí saem a policiar tudo o que lhes sugiram uma “opressão racista”, por exemplo: o hábito de colocar o arroz (branco) sobre o feijão (preto). Essa obsessão é estratégica para inflamar os ânimos, pois se não houver racismo eles ficam desempregados. Ora, contra o racismo o Espiritismo tem uma solução muito prática que é nos esclarecer sobre nossa condição espiritual desprovida de qualquer diferença étnica ou racial: somos Espíritos reencarnantes sujeitos a “vestir” esporadicamente a roupa carnal preta, branca, amarela etc. convidados a buscar sempre a fraternidade universal, e nunca a segregação.

Os esquerdistas também se dizem defensores das mulheres e se consagram heróis contra o machismo, mas o que menos eles pregam é a dignidade da mulher; a pauta deles mais urgente é o aborto, o assassínio de crianças — coisa abominável para qualquer bom espírita.

Igualmente se dizem defensores dos direitos humanos dos que praticam a diversidade sexual sob a bandeira de que toda forma de amor é válida. mas a intenção aqui é claramente propagar a libertinagem e a depravação, de onde o amor minimamente verdadeiro passa longe.

E a última moda a que eles estão aderindo é a da luta contra a gordofobia, na falsa intenção de proteger as pessoas gordas contra um preconceito geral e a tal “ditadura da beleza”. Mas no fundo o que há é uma revolução contra toda e qualquer moral: o que se pretende é eliminar qualquer tipo de ideia de algo seja errado ou pecado (a gula, por exemplo) para que todos estejam livres para se fazer o que quiser (comer até morrer, no caso) sem culpa, sem responsabilidades a cumprir. E aí, se todo mundo cair nessa cultura, todos ficarão com a impressão de que não há lei, não há moral a seguir, que nada é errado, que tudo é permitido, tudo é divino, tudo é maravilhoso.

É próprio de ditaduras e governos autoritários forçarem a construção de uma cultura estereotipada, recheadas de ideologias que pintam um quadro favorável às suas torpezas. A China comunista é um exemplo notório: toda uma tradição de pensamento espiritualista oriental vem sendo deturpada há décadas pelos “pesudolibertadores vermelhos”, que alegam agir em defesa de uma “proteção” contra os inimigos externos. No fundo, eles estão implantando uma versão completamente distorcida da História e uma inversão dos valores morais através de uma maciça lavagem cerebral, tudo pelo interesse materialista: poder, fama e luxo para si, à despeito da miséria de seu povo — um crime humanitário indizível!

Mas os heróis dessa turma são exatamente essa gente: Nietsche, Karl Marx, Mao Tse tung, Che Guevara, Fidel Castro e Cia. Enquanto isso, Chico Xavier, Allan Kardec e Jesus são os vilões de seu mundo utópico da suprema felicidade da anarquia.

Portanto, o que podemos pensar dessa turma dita “espíritas à esquerda” é que sejam falsos espíritas, pessoas perturbadas a serviço de forças trevosas infiltrados no nosso meio para semear a discórdia e minar o Espiritismo.

Adulteração da obra de Kardec

Pois essa turma de “espíritas à esquerda” teve a ousadia de adulterar a obra de Allan Kardec lançando uma edição de O Evangelho segundo o Espiritismo numa versão dita “edição antirracista”, acrescentando um prefácio próprio, assinado por uma tal “Coordenação Nacional do Coletivo Espíritas à Esquerda”. Aliás, uma dupla adulteração, porque além de fraudar a mensagem original do autor (Kardec) eles fraudaram a obra de tradução do livro feita por Guillon Ribeiro.  Ora, o livro em si está sob domínio público e pode ser editado e traduzido por qualquer pessoa, mas essa gente sequer tiveram o trabalho de fazer a tradução: pegaram uma pronta e a adulteraram — um crime intelectual absurdo!

Em seu prefácio, dizem os adulteradores: “O coletivo Espíritas à Esquerda desde 2016 está-se conectando com pessoas que se identificam com o nosso posicionamento de questionar o dogmatismo do movimento espírita e com a luta por justiça social, defendendo as propostas de Jesus sobre o Reino de Deus na Terra. Nessa trajetória, dispomo-nos a enfrentar todas as formas de preconceito e opressão e, com a presente edição, em particular, enfrentar o racismo, convictos de que ‘numa sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’.”

E a partir daí eles modificaram vários trechos do Evangelho kardequiano inserindo suas ideologias, num ato declarado de que consideram o autor da obra um racista. Pois é! Kardec racista!??? E usam como argumento para essa ideia um processo administrativo do Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA) de 2007, pelo qual — segundo eles — “foram apontados 106 trechos que suscitam dúvidas quanto ao seu caráter discriminador e preconceituoso das obras de Allan Kardec”.

Sobre esse processo, a propósito, escreveremos futuramente, esclarecendo todos os fatos desse cômico episódio da Justiça Brasileira que colocou Allan Kardec no banco dos réus. Aguardem! Mas antecipamos que a sentença do juiz que cuidou deste caso indeferiu (rejeitou) a acusação de racismo contra as editoras kardecistas, destacando: “Destarte, fica clara como água da rocha a intenção dos editores de divulgar, sem mutilações, o pensamento kardecista, sem, para tanto, elevar a distinção baseada na cor da pele em ideologia discriminatória”. A decisão judicial está disponível neste link.

RISCADOS - Os problemáticos: do beijo da Branca de Neve à Tia Nastácia, passando pelo agente 007 (Montagem com fotos de istock/Getty Images, Disney, Reprodução, Bob Penn/Getty Images, Silver Screen Co… Leia mais em: https://veja.abril.com.br/cultura/obras-classicas-e-artistas-celebrados-caem-na-mira-de-onda-revisionista.

Reprodução do site da revista Veja.

A propósito desse modismo de revisionismo cultural, a equipe da revista Veja publicou uma interessante matéria, inclusive citando os espíritas esquerdistas “corrigindo” a obra de Kardec (veja aqui). No entanto, é importante frisar que os editores desta reportagem denotam que concordam com a concepção de um viés racista na obra original de Kardec — obviamente, por serem leigos em matéria de Espiritismo. E por aí vemos também o efeito nefasto de campanhas como essas, feitas por seitas ideológicas.

Resposta dos espíritas

Em resposta a essa malfadada obra desses ativistas, importantes vozes espíritas se levantam em defesa de Kardec e da nossa amada doutrina, repudiando as adulterações.

A Federação Espírita Brasileira fez questão de exaltar os valores kardecistas no artigo “Em todos os homens vemos irmãos”, evidenciando que “Sempre dinâmica, a Doutrina dos Espíritos nos ensina diariamente a importância de ações solidárias relacionadas às nossas vidas. Apresenta conceitos sobre questões morais, existenciais e sociais que permeiam nossos dias, a exemplo da igualdade e da fraternidade.”  (veja aqui).

A União das Sociedades Espíritas – USE exprimiu com veemência: “[…] repudiar qualquer tentativa de adulteração das obras de Allan Kardec, as quais apresentam a fundamentação teórico-doutrinária do Espiritismo, esclarecendo sobre a natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como suas relações com o mundo corporal. Tais obras caracterizam-se como patrimônio cultural dos espíritas, estendendo-se a toda a humanidade.” (veja aqui). Aliás, antes de emitir essa nota, a USE organizou em 2022 um grupo de estudos para analisar as adulterações desta obra. Depois de vários encontros, este grupo elaboração um relatório final em dezembro do ano passado, cujo parecer foi taxativo: “A redação do texto em análise, proposta na edição ‘antirracista’, distorce o conteúdo e o significado da edição original.”

Com sua conhecida ironia, o Blog do Dr. Inácio Ferreira publicou o artigo “O livro inexistente” tratando como “tamanho disparate” esse volume que, para o articulista é inexistente, por ser insignificante, aproveitando para mandar um recado aos esquerdistas: “Quanto aos nossos irmãos “à esquerda”, ansiosos por serem modernos, e se colocarem como vanguardeiros de não sei lá o quê, careço dizer que, em Espiritismo, em seu Tríplice Aspecto, não existe ‘esquerda’ nem ‘direita’ — o que existe, minha filha, é Centro Espírita, do qual esse pessoal anda fugindo para não ter que criar calos nas mãos e na alma…” (Veja aqui).

Em seu blog Expediente Online, Wilson Garcia esbravejou através do artigo “A excêntrica postura que revela o extremismo disfarçado de justiça social” que “Escandalosa tanto quanto vergonhosa, a palavra antirracista aplicada a uma edição de O evangelho segundo o espiritismo configura um verdadeiro estupro levado a efeito na terceira obra da doutrina.” (Veja aqui).

Sobre a interpretação errônea de Kardec ser racista, recomendamos os apontamentos oferecidos pelos confrades Paulo Neto e Artur Azevedo na live abaixo incorporada:

A Luz Espírita reforça essa voz de protesto contra essa infâmia contra Allan Kardec e contra o Espiritismo, convidando todos os confrades a concentrar as atenções naquilo que realmente nos interessa: estudar, sentir e absorver com responsabilidade a mensagem da Revelação Espírita a fim de promovermos nossa evolução espiritual e contribuirmos para a elevação da nossa sociedade, sem partidarismos, sem ideologias interesseiras, e agindo sempre com o espírito da verdadeira caridade.

Quem estiver interessado em O Evangelho segundo o Espiritismo, disponha da nossa edição livremente distribuída pela nossa Sala de Leitura.

Fonte: Luz Espírita – Espiritismo em Movimento

OPINIÃO (da redação): Embora o Espiritismo não careça de defensores, pois representa o próprio futuro da humanidade, independente do que possam os humanos pensar ou fazer, fatos como este merecem certa atenção para auxiliar aqueles que ainda não conseguiram, por si mesmo, aprender a explorar a própria consciência em busca das respostas corretas, com base no aprendizado verdadeiro disponibilizado para todos através dos Espíritos Superiores por intermédio do trabalho árduo e incomparável de Kardec, incontestável sob todos os pontos de vista humanos e científicos representados fielmente pela racionalidade dos pensamentos mais inteligentes da humanidade terrena.

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