Ao toque de “Morfeu”

Ao  toque de “Morfeu”

Por Jane Maiolo 

“Por que estão dormindo?”, perguntou-lhes. “Levantem-se e orem para que vocês não caiam em tentação!”

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

No limiar de uma Nova Era que se aproxima esses são questionamentos legítimos que o homem, que ensaia o despertar de um sono profundo, deveria buscar as respostas  mais lúcidas e convincentes .

Eis que um novo dia raia para a Humanidade e grande percentagem de espíritos encarnados na Terra ainda se demoram nos “braços de Morfeu”. [1].

A angústia da transformação se avizinha, a sensação do cansaço é latente, a alma anseia por novos horizontes e a possibilidade da entrada e permanência numa vida futura mais feliz nos acena como a melhor proposta já aguardada por nós.

Atados à materialidade da vida hodierna permanecemos mergulhados nas sensações hipnóticas da consciência milenarmente anestesiada, ainda em busca de satisfação dos prazeres ilusórios, empanturrando a insaciedade do ego e projetando um futuro de fictícias glórias, na Terra!

“Por que estão dormindo?”, perguntou-lhes. “Levantem-se e orem para que vocês não caiam em tentação!”  [2]

Essa talvez seja a admoestação mais oportuna para esse raiar do dia.

Os mais audaciosos responderiam: Dormimos porque o sono nos apraz. Os mais indolentes arguiriam: Dormimos porque não temos nada pra fazer. Os pusilânimes diriam: Dormimos porque o instante é caótico.

Dormimos todos, no entanto, não oramos.

As tentações nos seduzem facilmente e sucumbimos por falta de vigilância a fim domar as más inclinações e tendências repetíveis.

O Cristo, que deixou as altitudes divinais para se fazer carne; Que foi ignorado pelos judeus; Que foi ironizado por Pilatos, orou no Jardim das Oliveiras , enquanto se preparava para o instante apoteótico do sacrifício extremo, nos ensinou que frente aos nossos testemunhos de fé a oração e a sintonia com o Criador  são imprescindíveis.

Por estarmos nos “braços de Morfeu” não abrangemos que é hora de despertar e orar a fim de haurirmos  forças e entendimento espiritual para combater o bom combate.[3]

Em nossas metáforas ascendemos até o Monte das Oliveiras para orar junto com o Cristo, entretanto , tal qual fez Simão Pedro , abraçamos a postura daquele que carrega a espada escondida na túnica. Para que trazia  Pedro uma espada na bainha? De qual defesa o Cristo careceria?

Semelhantes a crianças espirituais trazemos nossas armas para as nossas defesas. O Cristo não precisa de defesa. Necessita da nossa colaboração para tornar a Terra um mundo evangelizado.

Allan Kardec não precisa da nossa defesa, visto que O Espiritismo é transcendente. Carece dos nossos esforços para difundi-lo em toda a sua pujança e beleza.

O movimento espírita, reduto de atuação dos obreiros do Senhor, não necessita de nossa defesa. Precisa de nossa sã experiência no bem , enquanto representantes vivos da espiritualidade. Nós não necessitamos de defesa, carecemos de amor, tolerância e compreensão fraternal.

A crítica destrutiva, tão presente no movimento de unificação , tem impedido a espiritualização do ser. Ora encontramos dentro do mesmo movimento os cépticos e os crédulos.

Os cépticos contestam tudo, ironizam toda e qualquer intervenção do mundo espiritual no mundo físico, suprimindo em seu nascedouro as hipóteses de espiritualização do ser.

Os crentes ingênuos aceitam tudo sem utilização dos critérios do bom senso e da razão. Persuadem-se facilmente.

Ah, os “braços de Morfeu”!

Anunciaria o poeta “vai funda a tempestade no infinito, Ruge o ciclone túmido e feroz…Uiva a jaula dos tigres da procela— Eu sonho tua voz —[4]

O Cristo adverte sobre a hora de despertar.  “ Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, pela espada perecerão.”[5]

Estudar mais, trabalhar mais, cooperar mais e evangelizar-se mais.

Nossa Humanidade começa a dividir-se em dois grandes segmentos: os amigos da solução e os arautos do problema. Alguns  promovem soluções brandas e pacíficas, outros concorrem para o alarde das tempestades e enigmas, desarmonizando e contaminando as mentes frágeis e imaturas.

Ainda assim é urgente darmos conta da nossa administração. Negligenciar o Evangelho  é procrastinar a serenidade .

Contribuamos para que a paz que tanto almejamos comece em nós mesmos!.

Jesus nos desperta e nos aguarda pacientemente a fim de que atendamos o roteiro do trabalho a ser  realizado na Terra.

Ah “Morfeu” … “ Que importa o vendaval, a noite, os euros, Os trovões predizendo o cataclismo…Se em ti pensando some-se o universo ,E em ti somente eu cismo…”[6]

Que importa as tempestades se sabemos quem somos, de onde viemos e para onde retornaremos, após a refrega da vida física.

Avante! O Cristo nos espera! 

Notas e referências bibliográficas:

1- Morfeu (palavra grega cujo significado é “aquele que forma, que molda”) é o deus grego dos sonhos.

2-     Lucas -22:46

3-     2 Timóteo 4:7

4-     Poema de Castro Alves – Durante um Temporal

5-     Mateus 26:52

6-     Idem 4

Jane Maiolo
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