Amor, alimento das almas

AMOR, ALIMENTO DAS ALMAS

 Felipe Estabile Moraes

[estabile@uol.com.br]

Muito refletimos sobre o que nos “alimenta”. Sobre o que nos proporciona bem-estar, sustentação.

Esta oportunidade nos foi ofertada pela União Espírita Mineira ao sermos convidados para apresentar este tema na Feira do Livro Espírita, em outubro de 2018.

Recorremos, inicialmente, à comparação feita por Jesus entre a mesa que recebe o alimento material e também o alimento espiritual.  É o conhecido Capítulo “O Culto Cristão no Lar, do livro “Jesus no Lar”, de Neio Lúcio, quando Jesus afirma:

“O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum.  Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe?  A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações?  Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:

— Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Porque não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos animais.”

Reflexão importante. Necessitamos do sustento, por meio da alimentação. No plano físico, o alimento material, o pão, que dará a necessária sustentação ao corpo físico. Espiritualmente necessitamos do sustento, para a alma. E o Mestre faz o convite a Pedro, e também a todos nós, da sementeira do Amor, da Caridade.

Retomamos a conhecida pergunta de “O Livro dos Espíritos”, relativa à Caridade:

  1. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?

“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

Allan Kardec, em seu comentário, nos auxilia no entendimento:

“O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.”

Desta forma procuramos entender melhor o significado do amor ao próximo, da fraternidade, que procuramos sentir em nossos corações.

No Livro “Nosso Lar”, de André Luiz, temos um capítulo com o título “Amor, Alimento das Almas”. Em forma de diálogos, envolvido em ambiente de fraternal entendimento, vamos aprendendo um pouco mais sobre este interessante tema. Interessante, é que conversação se dá no lar de Dona Laura, a nos convidar para aproveitarmos este ambiente para nossa edificação espiritual, na forma do convite de Jesus a Pedro.

Inicialmente, a conversa se dá em torno da necessidade de alimentação no plano espiritual. A senhora Laura comenta:

— Afinal, nossas refeições aqui são muito mais agradáveis que na Terra. Há residências, em “Nosso Lar” que as dispensam quase por completo; mas, nas zonas do Ministério do Auxílio, não podemos prescindir dos concentrados fluídicos, tendo em vista os serviços pesados que as circunstâncias impõem. Despendemos grande quantidade de energias. É necessário renovar provisões de força.

Uma jovem que participa da conversação, complementa: 

“Todos os Ministérios, inclusive o da União Divina, não os dispensam, diferindo apenas a feição substancial. Na Comunicação e no Esclarecimento há enorme dispêndio de frutos. Na Elevação o consumo de sucos e concentrados não é reduzido, e, na União Divina, os fenômenos de alimentação atingem o inimaginável.”

A mãe de Lísias amplia o tema, incluindo o Amor como base de toda alimentação:

— Nosso irmão talvez ainda ignore que o maior sustentáculo das criaturas é justamente o amor. De quando em quando, recebemos em “Nosso Lar” grandes comissões de instrutores, que ministram ensinamentos relativos à nutrição espiritual. Todo sistema de alimentação, nas variadas esferas da vida, tem no amor a base profunda. O alimento físico, mesmo aqui, propriamente considerado, é simples problema de materialidade transitória, como no caso dos veículos terrestres, necessitados de colaboração da graxa e do óleo. A alma, em si, apenas se nutre de amor. Quanto mais nos elevarmos no plano evolutivo da Criação, mais extensamente conheceremos essa verdade. Não lhe parece que o amor divino seja o cibo  do Universo?”

Lísias, complementa:

“— Tudo se equilibra no amor infinito de Deus, e, quanto mais evolvido o ser criado, mais sutil o processo de alimentação. O verme, no subsolo do planeta, nutre-se essencialmente de terra. O grande animal colhe na planta os elementos de manutenção, a exemplo da criança sugando o seio materno. O homem colhe o fruto do vegetal, transforma-o segundo a exigência do paladar que lhe é próprio, e serve-se dele à mesa do lar. Nós outros, criaturas desencarnadas, necessitamos de substâncias suculentas, tendentes à condição fluídica, e o processo será cada vez mais delicado, à medida que se intensifique a ascensão individual.”

O Amai-vos uns aos outros passa, então, a ser melhor interpretada, pela expressão da senhora Laura: 

“(…)Jesus não preceituou esses princípios objetivando tão somente os casos de caridade, nos quais todos aprenderemos, mais dia menos dia, que a prática do bem constitui simples dever. Aconselhava-nos, igualmente, a nos alimentarmos uns aos outros, no campo da fraternidade e da simpatia. O homem encarnado saberá, mais tarde, que a conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz da compreensão, o interesse fraternal — patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo — constituem sólidos alimentos para a vida em si. Reencarnados na Terra, experimentamos grandes limitações; voltando para cá, entretanto, reconhecemos que toda a estabilidade da alegria é problema de alimentação puramente espiritual. Formam-se lares, vilas, cidades e nações em obediência a imperativos tais.

Vamos refletindo e aprendendo, desde já, o bem que nos faz uma boa conversação, a confiança entre amigos e irmãos. Já conseguimos sentir como isto é importante para nós, para a nossa vida. Como nos sentimos realmente alimentados, sustentados quando temos essas oportunidades de trocas singelas e sinceras de afeto, entre Espíritos imortais.

Vamos entendendo que o alimento material tem origem no Amor Divino e nele estamos envolvidos. Em nossa jornada evolutiva, rumo à perfectibilidade, vamos encontrando Espíritos que amamos e que nos amam. Em contato com esses irmãos, vamos nos alimentando espiritualmente, colocando em prática a verdadeira Caridade, conforme entendia Jesus. A reciprocidade no Bem se torna, então, algo importante para nós;

Na sequência da conversa em Nosso Lar, alguns participantes da agradável conversação vão se dirigir a uma excursão ao Campo da Música.  A senhora Laura, então, comenta:

“Vão em busca do alimento a que nos referíamos. Os laços afetivos, aqui, são mais belos e mais fortes.”

E termina, com uma frase que nos leva a profunda reflexão:  

“O amor, meu amigo, é o pão divino das almas, o pábulo(*) sublime dos corações.”

* Pábulo. Dic.virtual: substantivo masculino. Aquilo que mantém, que sustenta; alimento, sustento.

Rede Amigo Espírita

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