Por Warwick Mota
Seria impossível para nós, mensurarmos a grandeza dos ensinamentos do Mestre Jesus, mas podemos afirmar, que a proposta destes, e nortear o comportamento individual de cada um de nós, proporcionando-nos ensinamentos, que provocam profundas reflexões ensejando orientações, que despertam para o desenvolvimento espiritual.
Para lograr objetivos, a mensagem do Evangelho fundamenta-se, em dois grandes aspectos: A autoridade moral e a autoridade espiritual. A primeira, refere-se, a exemplificação dos ensinamentos através dos atos, a segunda interagente a primeira, além de denotar a grandeza moral do Cristo que transcende aos atos e palavras, faculta a modificação do ser, pelo envolvimento fluídico que provoca a sua superioridade espiritual. A exemplo disso nos narra Lucas cap. 19 v. 1 a 10, a passagem de Jesus por Jericó.
“E tendo Jesus entrado em Jericó, ele atravessava a cidade .
Havia um homem chamado Zaqueu, que era rico e chefe dos publicanos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, pois era de baixa estatura. Correu então à frente e subiu num sincômoro para ver Jesus que iria passar por ali. Quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e disse-lhe: “Zaqueu desce depressa pois hoje devo ficar em tua casa”. Ele desceu imediatamente e recebeu com alegria. A vista do acontecido todos murmuravam, dizendo: “Foi hospedar-se na casa de um pecador!” Zaqueu, de pé disse ao Senhor: “Senhor, eis que dou a metade de meus bens aos pobres, e se defraudei a alguém, restituo-lhe o quádruplo”. Jesus lhe disse: Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido “.
O diálogo que aparentemente manifesta-se como que de caráter simplista, revela grandes ensinamentos que para muitos passam despercebidos, mas que, destaca claramente o ensinamento moral e o ensinamento espiritual. O fato de Zaqueu procurar uma melhor forma de ver Jesus, revela uma predisposição a mudança dos atos, pois a simples presença do Rabi Galileu provocava profundas reflexões. Outro ponto indiscutível, é que a mudança de Zaqueu já fazia parte dos objetivos do Mestre, tanto que ao entrar em Jericó, o percebe facilmente em cima de uma árvore ansioso por um olhar, ao que Jesus corresponde, demonstrando profundos conhecimentos de psicologia transpessoal, levantando o olhar, se dirige a ele dizendo:
“Zaqueu desce depressa pois hoje devo ficar em tua casa”, neste momento o vocábulo casa adquire outra conotação, visto que, ele vem antecedido de uma afirmativa verbal, “pois hoje devo ficar em tua casa”, na frase, o verbo devo, é aplicado no sentido de certeza e não de hipótese. Entendemos com isso, que o Mestre, se refere a casa mental de Zaqueu, pois a hospedagem que desejava Jesus, não era apenas no lar físico de Zaqueu, mas principalmente no seu coração, a fim de que este se modificasse. Convém ressaltar, a imensa facilidade, com que Jesus manipula os fluidos, pois, subentende-se, que ele altera a psicosfera pessoal de Zaqueu, permitindo, que este, compreenda a mensagem de natureza espiritual na sua perfeita essência, e ele a entende como se Jesus a propusesse: “Desce depressa pois hoje devo ficar em teu coração para sempre”.
O envolvimento fluídico na questão é tão patente, que bastou alguns momentos em contato com o Mestre para que se processasse profundas modificações morais em Zaqueu, não apenas pelo compromisso público de restituir quadruplamente (segundo a lei de Moisés), aqueles a quem prejudicou anteriormente, mas por despertar nele, o sentimento de caridade e desprendimento, levando-o a doar aos pobres, metade dos bens que lhe pertenciam.
A autoridade espiritual de Jesus se faz presente, ao afirmar: “A salvação entrou nesta casa, porque ele também é filho de Abraão. Com efeito, o filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Não obstante demonstrar claramente o conhecimento da ficha espiritual de cada Espírito encarnado na Terra, visto que, conhecia as mazelas que marcavam o caminho espiritual de Zaqueu, percebia nos seus pensamentos a vontade de mudar. Se não fosse verdade estaria Jesus interferindo no livre arbítrio daquele, modificando-o intimamente contra sua vontade.
A receptividade de Zaqueu as sugestões fluídicas do Mestre, modifica instantaneamente seu comportamento para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo, salvando aquela encarnação e por conseguinte reformando-se pela conversão, através de atos e não de promessas.
É oportuno recordarmos que a passagem de Zaqueu é de grande alcance e importância na condução de nossas atitudes, subir no sincômoro representa a predisposição para a mudança, que funciona como agente facilitador da reforma íntima, reforma esta, que constitui-se no preparo da morada de nossos corações, onde o Cristo com certeza pedirá pousada.
(Publicado na revista Reformador em fev/97)