A Luta por um Ideal
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Nov/2004
Fomos procurados, no início de junho deste ano, por uma aluna da PUC-MG, indignada como estavam sendo conduzidas as aulas de Cultura Religiosa. Segundo ela, o professor da matéria tinha nítido preconceito contra o Espiritismo. Entregou-nos dois textos que iriam servir de base para a prova semestral. Realmente, após os ler ficamos convencidos da atitude preconceituosa do responsável pela disciplina, além de identificá-los como desatualizados.
Essa aluna pediu-nos que tomasse alguma providência a respeito disso. Na ocasião a única coisa que nos veio à mente foi fazer um ofício reclamando diretamente à direção da Universidade, com cópia para a mídia. Além da Ouvidoria incluímos também de incluir a 32ª Sessão da OAB, supondo que encontraríamos nesse órgão apoio à nossa pretensão. Infelizmente o dispositivo legal que poderíamos usar a nosso favor, foi o utilizado por ele para justificar a atitude daquele estabelecimento de ensino. Mesmo sem esse apoio, entregamos o ofício ao destinatário.
Embora não estivesse com muitas esperanças de conseguir algo, pois estava sozinho nessa luta, a reclamação deu resultado satisfatório. A direção da PUC e o professor da matéria reconheceram a procedência do nosso pleito mudando completamente a postura que estava sendo usada, permitindo aos alunos que levassem os líderes religiosos para que pudessem falar sobre as suas respectivas religiões.
Sentimo-nos recompensados e realizados, quando duas turmas, 3º período de Direito e 4º período de Administração, nos convidaram para falar sobre o Espiritismo. As palestras, por coincidência, foram marcadas para dias consecutivos.
Elaboramos um material de forma que esses alunos pudessem ter uma visão bem ampla e de base sólidas sobre o Espiritismo, dentro do tempo que nos foi concedido para exposição. Não descuidamos, obviamente, da apresentação, considerando o local onde iríamos falar, para isso usamos dos recursos da informática, colocando tudo em slides que seriam apresentados utilizando um projetor acoplado a um PC portátil.
Preocupamo-nos em levar aos alunos algo que também abordasse o lado científico do Espiritismo já que estava falando para universitários, cujo nível, com certeza, iria nos exigir coisa mais palpável que apenas dissertações sobre a Filosofia Espírita. Por isso, juntamos várias evidências, fruto de pesquisas de vários autores, inclusive, entre eles havia não espíritas. Buscamos ainda não tocar no aspecto teológico, para evitar qualquer tipo de constrangimento ao que professassem outras crenças religiosas. Já que a nossa missão ali, era explicar o que é o Espiritismo, nada mais que isso.
O que percebemos das palestras foi que as pessoas querem mesmo saber o que é o Espiritismo, tantas as perguntas surgidas dos alunos, que, na medida de nossas possibilidades, procuramos responder a todas. Sentimos que se nosso tempo fosse o dobro, teríamos correspondido à expectativa dos alunos, que ficaram decepcionados, quando disseram que nosso tempo estava esgotado.
Mais interessante disso tudo foi que o próprio professor que é um padre, na verdade, um cônego, que disse em alto e bom tom: “Agradeço ao Sr. Paulo, hoje aprendi muito sobre o Espiritismo, muito obrigado”. Isso para mim teve um significado importante, pois sabemos que a grande maioria dos religiosos não possui conhecimento mais amplo do que verdadeiramente seja o Espiritismo.
Podemos dizer que “A luta por um ideal” valeu a pena, pois conseguimos, sem nenhum apoio, mudar a forma como era conduzida a disciplina de Cultura Religiosa, levando, não uma crença religiosa na bandeja, mas o conhecimento sobre um seguimento religioso, do qual nos orgulhamos de fazer parte.
O que estamos colocando a você, caro leitor, não tem outro objetivo senão de incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo, principalmente, tentar, por procedimentos louváveis, encontrar uma maneira de levar aos vários estabelecimentos de ensino o que é realmente o Espiritismo.
(Artigo reproduzido com autorização do autor)