A voz da consciência – Os espíritos protetores nos ajudam com os seus conselhos, através da voz da consciência, que fazem falar em nosso íntimo; mas como nem sempre lhes damos a necessária importância, oferecem-nos outros mais diretos, servindo-se das pessoas que nos cercam.
Allan Kardec
‘As relações dos espíritos com os homens são constantes. Os bons espíritos nos convidam ao bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos convidam ao mal: é para eles um prazer ver-nos sucumbir e cair no seu estado.’
– Allan Kardec, Introdução de O Livro dos Espíritos
‘A influência dos Espíritos sobre os vossos pensamentos e as vossas ações é maior do que supondes, porque muito freqüentemente são eles que vos dirigem’, afirmam os espíritos superiores a Kardec em O Livro dos Espíritos.
Embora tenhamos dificuldade em admitir, essa influência sobre os acontecimentos da nossa vida é um fato. E ao contrário do que muitos pensam, não derroga as leis naturais e imutáveis do Criador, pois toda influenciação espiritual é decorrente do tipo de conduta mental que adotamos.
Quanto ao modo como se processa essa interferência dos espíritos em nossas vidas, explica-nos o codificador: ‘Pensamos erradamente que a ação dos Espíritos só deve manifestar-se por fenômenos extraordinários; desejaríamos que viessem em nosso auxílio através de milagres, e sempre os representamos armados de uma varinha mágica’.
Mas assim não é, e eis porque a sua intervenção nos parece oculta e o que se faz pelo seu concurso nos parece inteiramente natural. Assim, por exemplo, ‘eles provocarão o encontro de duas pessoas, o que parece dar-se por acaso; inspirarão a alguém o pensamento de passar por tal lugar; chamarão sua atenção para determinado ponto, se isso pode conduzir ao resultado que desejam; de tal maneira que o homem, não julgando seguir senão os seus próprios impulsos, conserva sempre o seu livre-arbítrio’.
Afinidades espirituais
‘Pela lei espiritual de simpatia vibratória (semelhante atrai semelhante) homens e espíritos estabelecem sintonias e, conseqüentemente, grupos afins. Os bons espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorar. Os espíritos inferiores, com os homens viciosos ou que podem viciar-se. Daí seu apego, resultante da semelhança de sensações’, dizem os espíritos superiores a Kardec.
E complementam: ‘Os bons espíritos fazem todo o bem que podem e se sentem felizes com as vossas alegrias. Eles se afligem com os vossos males, quando não os suportais com resignação, porque então esses males não vos dão resultados, pois procedeis como o doente que rejeita o remédio amargo destinado a curá-lo’.
Voz da consciência
A voz da consciência é o meio pelo qual os espíritos amigos nos intuem para que tomemos a melhor decisão, ou façamos a melhor escolha. Porém, diante de muitas situações, raramente respondemos a estes apelos que visam o nosso bem. Constantemente repelimos esse auxílio provindo da Providência Divina e cedemos aos nossos impulsos inferiores. Daí a razão de nosso sofrimento.
Sobre este sublime intercâmbio inconsciente entre os homens terrenos e os seres espirituais, referiu-se Kardec: ‘Os espíritos protetores nos ajudam com os seus conselhos, através da voz da consciência, que fazem falar em nosso íntimo; mas como nem sempre lhes damos a necessária importância, oferecem-nos outros mais diretos, servindo-se das pessoas que nos cercam’, afirma o codificador.
E adverte salutarmente: ‘que cada um examine as diversas circunstâncias, felizes ou infelizes, de sua vida, e verá que em muitas ocasiões recebeu conselhos que nem sempre aproveitou, e que lhe teriam poupado muitos dissabores se os houvesse escutado’.
Prece, pensamento e vontade
Sobre a prece, o pensamento e a vontade, como forma de energias por nós emitidas, afirma o codificador: ‘Possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea. A prece por outros é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar os bons espíritos em auxílio daquele por quem pedimos, a fim de lhe sugerirem bons pensamentos e lhe darem a força necessária para o corpo e a alma. Mas ainda nesse caso a prece do coração é tudo e a dos lábios não é nada’.
Anjos de guarda
Refletindo sobre o laço do amor que transcende dimensões, Kardec aborda a questão dos anjos de guarda:
- ‘A doutrina dos anjos de guarda velando pelos protegidos, apesar da distância que separa os mundos, nada tem que deva surpreender; pelo contrário, é grande e sublime. Não vemos sobre a Terra um pai velar pelo filho, ainda que esteja distante, e ajudá-lo com seus conselhos através da correspondência? Que haveria de admirar em que os Espíritos possam guiar, de um mundo ao outro, os que tomaram sob sua proteção, pois se, para eles, a distância que separa os mundos é menor da que divide os continentes, na Terra? Não dispõem eles do fluido universal, que liga todos os mundos e os torna solidários, veículo imenso da transmissão do pensamento, como o ar é para nós o veículo da transmissão do som?’
Neutralizando a influência dos espíritos inferiores
Como fazer para neutralizar a influência dos maus espíritos, pergunta o codificador na questão 469 de O Livro dos Espíritos? Ao que os espíritos benfeitores respondem: ‘Fazendo o bem e colocando toda a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos espíritos inferiores e destruís o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de escutar as sugestões dos que suscitem em vós os maus pensamentos, que insuflam a discórdia e excitam em vós todas as más paixões. Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, porque eles vos atacam na vossa fraqueza. Eis porque Jesus vos faz dizer na oração dominical: ‘Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!’.
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Citações de ‘O Livros dos Espíritos’, de Allan Kardec
Tradução: J. Herculano Pires