A GUERRA CONTRA O PARAGUAY
(O CARMA DO BRASIL)
Por Álvaro Augusto Vargas
O conflito militar ocorrido entre 1864-1870, que envolveu a tríplice aliança entre o Brasil, Argentina e Uruguai contra o caudilho Solano Lopez do Paraguai, foi a guerra mais sangrenta ocorrida na América do Sul. Entre os aliados mais de 80.000 soldados e civis perderam a vida, e do lado paraguaio, estima-se em 300.000 fatalidades. Mas a maior causa das mortes foram a fome e as enfermidades ocasionadas pelo clima insalubre e inóspito da região de conflito.
Para o Brasil, que perdeu o maior número de cidadãos, o custo deste conflito bélico arrasou a nossa economia por vários anos e o Paraguai, que teve talvez quase 40% de sua população dizimada, amargou por décadas uma recuperação extremamente difícil. Como em todas as guerras, as perdas foram enormes para todas as nações envolvidas. Não existiu nenhuma intervenção das nações mais desenvolvidas neste conflito, exceto como mediadores para que a paz fosse negociada de uma forma justa.
Os historiadores divergem em suas interpretações, o que é compreensível devido à dificuldade em serem obtidos a comprovação das informações divulgadas. Em obra mediúnica (Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho), do autor Humberto de Campos através do médium Chico Xavier, é feito um breve relato da visão espiritual deste evento. Na verdade, o déspota Solano Lopez não era diferente da maioria dos caudilhos de sua época. A sua ação contra o Brasil e a Argentina foi motivada não só pela sua ambição, mas o desejo de negociar fronteiras (em litígio) e a navegação do Rio da Prata em condições mais favoráveis, pois não confiava em seus vizinhos, Brasil e Argentina.
Já tinha um acordo com um dos caudilhos do Uruguai e preparou-se melhor para a guerra que os demais países daquela região (seu exército superava em três vezes as forças aliadas no início do conflito).
No passado já haviam ocorridos várias guerras naquela região, inclusive com o envolvimento de D. Pedro I. Mesmo a Argentina não estava totalmente unida, com regiões administradas por governos independentes. A desconfiança de nossos vizinhos com relação ao império brasileiro que já era grande, se potencializou com a intervenção militar do império do Brasil na Argentina e depois no Uruguai, depondo o caudilho aliado de Solano Lopez, sendo isto o estopim que deflagrou este conflito.
Com certeza teria sido muito difícil D. Pedro II evitar a guerra contra o Paraguai, não invadindo o Uruguai devido as convulsões políticas naquela região. Existia grande pressão do R. G. do Sul, em favor da guerra e anos antes já havia deflagrado a revolta de farroupilha, custando muitas vidas e valores expressivos para o império. A região colonizada pela Espanha se fragmentara em vários países e existia um risco do mesmo ocorrer em nosso território. Para complicar, mais de 20% da população no Uruguai eram de brasileiros (principalmente gaúchos), que já estavam envolvidos no conflito armado que dividia aquele país em dois grupos antagônicos.
Mas é importante também considerar a forma de analisar as situações conflitantes segundo a ótica da época. Mesmo D. Pedro II, embora escolhido e preparado para esta tarefa designada por Jesus, tinha como principal referência na sua forma de analisar as situações conflitantes, os valores e a cultura europeia, sem atinar tão bem para as questões locais. E, na região sul do continente os países hoje existentes, estavam na época ainda em formação (Argentina, Uruguai, Paraguai), com questões limítrofes nas fronteiras não resolvidas. O envolvimento do império do Brasil, durante o primeiro reinado, na guerra que antecedeu o conflito bélico com o Paraguai, guardava reminiscências expansionistas da influência portuguesa. Entretanto, não constava nos planos do mundo espiritual incorporar ao império brasileiro as regiões existentes, além da marcação de nossas fronteiras como se encontra nos dias de hoje. Estas primeiras guerras foram infrutíferas e com certeza tiveram uma influência negativa na sequência de eventos que levaram a preocupação de nossos vizinhos com as pretensões territoriais e o belicismo do império brasileiro.
Interessante que antes de reencarnar, D. Pedro II conversou com Jesus sobre a tarefa a ser realizada. Nosso imperador já era uma alma de escol, que embora tivesse sido em existência pretérita um centurião romano (Longinus), presente na crucificação do Messias, recebeu do Mestre Nazareno uma tarefa que apenas almas realmente edificadas no bem poderiam empreender (D. Pedro II havia se preparado durante vários séculos em reencarnações que lhe conferiram a moral e intelectualidade necessárias para a tarefa).
Entre as tarefas principais, que Jesus lhe solicitou estavam a de proporcionar o crescimento estável do Brasil, libertar os escravos e manter a prudência e a fraternidade com as nações vizinhas, sem conflitos bélicos. Realmente D. Pedro II foi o melhor governante que o Brasil teve em toda a sua história (58 anos de reinado). Mas poderia ter assimilado melhor a advertência de Jesus e evitado a guerra, ou pelo menos ter amenizado os seus efeitos buscando negociar a paz com Solano Lopez. Sessenta mil brasileiros perderam a vida, e a nossa economia ficou arrasada por várias décadas com os custos deste conflito bélico.
Em mensagem de Bezerra de Menezes através do médium Divaldo P. Franco, é citado que o Carma da nação brasileira só foi quitado com a construção de represa de Itapu, resgatando assim o nosso débito pela destruição que causamos à aquela nação. O Brasil é um país pacífico, sem interesse em conquistas e sem litígios sérios com os nossos vizinhos. Felizmente o nosso país resgatou o seu único débito coletivo em termos de nação, preparando-se melhor para os adventos do terceiro milênio. Como todas as grandes nações do passado, o Brasil também terá de seu momento de maior glória, mas não através da expansão bélica ou econômica, mas através da divulgação do Cristianismo redivivo, a Doutrina Espírita.
Álvaro Augusto Vargas
Fonte: Vinha de Luz