A GERAÇÃO NEM-NEM – Sob a ótica espírita
Postado por Marcos Paterra – Exibir blog
Recentemente ocorre em voga no Brasil uma nova tribo urbana de pessoas que “nem estudam” e “Nem trabalham”, e ganhou o nome de “Geração Nem- Nem” esse nova tribo compõe uma parte da população, especificamente jovens na faixa dos 15-24 anos.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados na Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que o número de jovens de 15 a 29 anos que não estudava nem trabalhava chegou a 9,6 milhões no país em 2012, isto é, uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária.
Muitos sociólogos afirmam que o índice alarmante de desemprego e total e completa inatividade que acomete boa parte das populações jovens dos países subdesenvolvidos, seriam as principais causas dessa geração, uma parcela significativa de Nem-Nems é composta por mães precoces ou muito jovens. A precária infraestrutura social de serviços, algo que vai um pouco mais além de bolsas de auxílio básicas, caracterizadas pela mera distribuição de dinheiro, também contribui para condenar estas jovens mães a uma vida Nem-Nem. A falta de serviços propiciados pelo Estado, como creches, condena parte expressiva das jovens mães a uma permanente desqualificação para o mercado de trabalho, o que também é incentivado pelos programas sociais de auxílio garantido. Não por acaso, entre os Nem-Nems, encontremos quase 80% das mães jovens.
Dentre essa nova tribo emergente de jovens destacamos que os adolescentes de classe média também começa a contribuir para a geração Nem-Nem. Para muitos, as opções não parecem claras nem estimulantes e a motivação para o mercado de trabalho é bastante reduzida. Quando aliamos uma bagagem de estudos limitada ao conforto propiciado pela longevidade dos pais, que agora podem trabalhar, e sustentar a família, por muito mais tempo, muitos jovens sentem-se confortáveis em ser Nem-Nems.
Tentando entender o surgimento dessa nova tribo sob a ótica espírita, lembramo-nos de como em nosso País ocorre a “mistanásia ”, e sob esse contexto percebemos como somos induzidos a elaborar formas de adequarmos as novas condições a qual nos submetemos no dia a dia.
Essa questão de desigualdade social é discutida há muito tempo Jean Jacques Rousseau no século 17 afirmou:
“Concebo na espécie humana duas espécies de desigualdade: uma, que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito, ou da alma; a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção, e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Consiste esta nos diferentes privilégios de que gozam alguns com prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais poderosos do que os outros, ou mesmo fazerem-se obedecer por eles.”( ROUSSEAU. 1753)
Em o Livro dos Espíritos no Capítulo IX que trata da Lei de Igualdade. Destacamos as perguntas:
Pergunta 811: Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?
Resposta – “Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.”
Francisco Cândido Xavier, através de Emmanuel no livro “O Consolador” , na questão 55 aborda o assunto:
Pergunta n.º 55: “A desigualdade verificada entre as classes sociais, no usufruto dos bens terrenos, perdurará nas épocas do porvir?”
Resposta: “ – A desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus Cristo, a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos.”
Nossas crianças crescem e convivem com desigualdades sociais e tornam-se reféns da influencia da mídia a qual sabemos que muitas vezes à inversão de valores se destaca entre as dúbias informações transmitidas nas novelas e onde enfatizamos a violência simbólica .
Dr. Içami Tiba , em seu livro “Disciplina – O Limite na Medida Certa” nos afirma que mídia, principalmente a televisão, tem forte influência sobre adolescentes com relação ao consumismo, a cultura do prazer pelo prazer, a erotização e a ausência de limites, devido á falta de disciplina, atribuindo como um problema sociocultural.
“Acho que a mídia funciona assim porque tem mercado para isso que é oferecido. Ela não é muito culpada. Oferece o que é consumido. O consumo não é problema de uma pessoa e sim de todas as gerações. É uma questão social. É importante que cada família reaprenda a ver televisão. Esperar que a TV regule sua programação por sua ética é algo em vão. São empresas que visam lucro.[…]” (TIBA. 2006) .
Conforme a psicopedagoga Alessandra Venturi “[…] Orientação e estímulo desde a infância. Esses são os principais ingredientes para tirar o jovem da estagnação profissional e escolar, segundo os especialistas. “A criança tem de ter contato com livros desde os primeiros anos de vida, e os pais precisam sempre tomar cuidado com falas negativas relacionadas à leitura, ao trabalho e ao estudo, como ‘não aguento mais trabalhar’ ou ‘dinheiro é um problema’”
A terapeuta familiar Edith Rubinstein complementa: ” Converse sobre tudo com seu filho, pergunte o que ele mais gosta de fazer e proporcione alternativas de lazer e de cultura. Palavras de incentivo são sempre bem-vindas. Acredite no seu filho e mostre que tentar, arriscar e até fracassar fazem parte do processo. “A capacidade de sonhar e de se imaginar em uma perspectiva depende de coragem, audácia, de suportar frustrações e de esforço para recomeçar”.
A Doutrina Espírita, pelo ensino através dos diálogos com Espíritos, por meio da inteligência humana na apreciação do farto material de pesquisas que os espíritos propiciam (livros psicografados, mensagens em mesas mediúnicas e etc.) , pelos princípios filosóficos e morais que apresenta, nos ajuda a entender as conotações mais abrangentes da realidade do mundo e do ser.
“É notável verificar que as crianças educadas nos princípios espíritas adquirem uma capacidade precoce de raciocínio, que as torna infinitamente mais fáceis de serem conduzidas. Nós as vimos em grande número, de todas as idades e dos dois sexos, nas diversas famílias onde fomos recebidos, e pudemos fazer essa observação pessoalmente. Isso não as priva da natural alegria, nem da jovialidade. Todavia não existe nelas essa turbulência, essa teimosia, esses caprichos que tornam tantas outras insuportáveis. Pelo contrário, revelam um fundo de docilidade, de ternura e respeito filiais que as leva a obedecer sem esforço e as torna responsáveis nos estudos. Foi o que pudemos notar e essa observação é geralmente confirmada. […] Essas crianças, por sua vez, educarão seus filhos nos mesmos princípios e, enquanto isso, os velhos preconceitos irão, de pouco em pouco, desaparecendo com as velhas gerações. Torna-se evidente que a idéia espírita será, um dia, a crença universal.”(Kardec.1862)