A Filosofia do Espírito

A Filosofia do Espírito

José Herculano Pires

José Herculano Pires – FEESP

  1. O ESPIRITISMO E A TRADIÇÃO FILOSÓFICA

A Filosofia Espírita se apresenta, no quadro geral das doutrinas filosóficas, e consequentemente na própria História da Filosofia, como uma das formas do Espiritualismo. No capítulo primeiro da “Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, que inicia “O Livro dos Espíritos”, Kardec acentua: “Como especialidade, o “Livro dos Espíritos” contém a doutrina espírita; como generalidade, liga-se à doutrina espiritualista, da qual apresenta uma das fases. Essa a razão por que traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista.”

A definição de Kardec é absolutamente precisa. O Vocabulaire Technique et Critique de la Philosophie, de André Lalande, ao consignar a Filosofia Espírita, com a denominação de Espiritismo, acentua o seu caráter espiritualista. A seguir, ao tratar do termo spiritualisme, esclarece que é impróprio chamar-se o Espiritismo de Espiritualismo, como o fizeram e fazem os ingleses, e às vezes os alemães. Porque o Espiritismo é apenas uma espécie do gênero Espiritualismo, como o Marxismo, por exemplo, é apenas uma espécie do gênero Materialista.

A tradição filosófica é quase toda espiritualista. Referimo-nos hoje a doutrinas materialistas do passado, mas a verdade histórica não nos autoriza a tanto. As correntes gregas e helenísticas chamadas de materialistas, na verdade são apenas naturalistas. Melhor lhes cabe a designação clássica de hilozoístas (1), ou seja, de filosofias da matéria-viva animada por um princípio espiritual que escapa aos sentidos dos observadores. Os filósofos gregos, que antecederam as grandes correntes espiritualistas da fase socrática, são contemporâneos dos eleáticos (2) e dos pitagóricos (3), que construíram a metafísica grega, cuja essência é o Ser, ou “aquele que é”, segundo a definição de Parmênides. As filosofias atômicas de Leucipo e Demócrito estão muito longe do materialismo atual: são intuitivas e racionais. Os sofistas gregos são “homens de razão”, que procuram pensar de maneira utilitária e acabam por se perder na abstração das palavras.

Os materialistas (4) constituem, na História da Filosofia, correntes modernas de pensamento. O que encontramos na antiguidade é uma posição objetivista, diante dos problemas do mundo e da vida, mas assim mesmo impregnada de metafísica. Harald Hoffding, por exemplo, estabelece a seguinte diferença: considera “materialismo primitivo” o dos filósofos antigos, em comparação com o materialismo moderno. André Lalande acentua a natureza metafísica do chamado materialismo antigo. A própria concepção de matéria, nos gregos, é de natureza ontológica, como também acentua Lalande, advertindo ainda que devemos ter em conta as modificações semânticas, ao enfrentar a “tendência à sistematização” do pensamento filosófico.

A tradição filosófica é, portanto, espiritualista. As grandes questões da Filosofia são metafísicas e não físicas. O materialismo surge com o desenvolvimento do pensamento científico, e isso se explica pela natureza das ciências, que nada mais são do que a racionalização das técnicas. Voltadas para o domínio da matéria, as ciências fizeram o pensamento descer da metafísica para a física. Daí a explicação de Augusto Comte, de que “o materialismo é a doutrina que explica o superior pelo inferior”. O Espiritismo, no seu aspecto filosófico, enquadra-se rigorosamente na tradição filosófica. É uma filosofia do espírito, que parte da essência espiritual para explicar a existência material. Por isso, Kardec citou Platão como precursor do Espiritismo: o mito da caverna, da filosofia platônica, é uma alegoria espírita, mostrando a natureza efêmera e irreal da matéria, em face da brilhante realidade espiritual.

Maurice Blondel explica que o termo Espiritualismo só apareceu no século 17, empregado pelos teólogos, para designar o falso misticismo, os exageros de espiritualidade ou religiosidade. Era um termo pejorativo. Esse fato nos mostra a natureza espiritual da tradição filosófica, onde jamais aparece a discriminação moderna de espiritualistas e materialistas. Blondel acentua que o termo Espiritualista passou a ser utilizado, na época moderna, por “pessoas que mantêm comércio com os espíritos e não se contentam de ser espíritas, talvez porque o título de Espiritualista tem sido melhor empregado”. A verdade, porém, não é essa. A aplicação do termo Espiritualista tem sido apenas um equívoco, pois o termo Espiritismo só apareceu com Kardec, em meados do século XIX. Anteriormente a Kardec, o uso do termo Espiritualista era obrigatório. É natural que, posteriormente, os ingleses e os norte-americanos, que não adotaram a obra de Kardec, continuassem a utilizar-se da velha e insuficiente designação.

  1. O PROBLEMA DO CONHECIMENTO

Já vimos, nos capítulos anteriores, que o problema do conhecimento se apresenta como um processo histórico, que se desenvolve através de fases sucessivas, precisamente definidas. O que dissemos da tradição filosófica reafirma essa tese. Ao estudar os horizontes culturais, vimos que o conhecimento positivo só se tornou possível com a superação das fases anímica, mítica e religiosa, no momento em que as ciências começaram a desenvolver-se. Kardec explica, no capítulo primeiro de “A Gênese”, que o Espiritismo só poderia aparecer depois do desenvolvimento das ciências. Que diríamos disso, ao lembrar que as ciências, segundo vimos acima, deram origem ao materialismo?

A Filosofia Espírita é dialética: explica a realidade através das suas próprias contradições. O aparecimento das ciências e seu desenvolvimento colocaram o homem diante da realidade objetiva. Essa realidade afugentou os fantasmas da superstição, mas ao mesmo tempo facilitou a compreensão do fenômeno mediúnico. Se, por um lado, as pessoas mais apegadas ao plano físico negaram a existência de vida além da matéria, por outro lado, as pessoas mais desapegadas foram capazes de interpretar a mediunidade de maneira racional. A consequência apresentou-se de maneira dupla: surgiu o materialismo, mas surgiu também o espiritualismo científico.

O Espiritismo se apresenta, assim, como um processo gnoseológico (5) especial, ou seja, como uma forma especial do processo do conhecimento. Superadas as fases anteriores da evolução, o homem se torna apto a captar a realidade de maneira mais intensa. Desapareceram os embaraços da superstição, e o campo visual do homem se tornou mais claro e mais amplo. Liberto do temor de Deus e do Diabo, o homem se reconhece a si mesmo como uma inteligência autônoma, atuante na matéria. Ao reconhecer isso, percebe que a dualidade espírito-matéria, anteriormente percebida de maneira confusa, esclarece-se. A inteligência humana é um poder atuante, que supera também o mistério da morte.

O desenvolvimento e o treinamento da razão através da Idade Média, e a consequente eclosão do racionalismo (6) na Renascença, liberto da ganga das emoções primitivas e das elaborações teológicas do misticismo, conferem ao homem a maturidade suficiente para enfrentar a realidade como ela é. Os fenômenos anímicos e mediúnicos do passado podem agora ser examinados de maneira racional. A captação da realidade já não é mais emocional. As categorias da razão definiram-se e aguçaram-se, permitindo uma captação direta do “aqui” e do “agora” existenciais, sem a mescla das sensações confusas e das emoções turbilhonantes do passado. A razão, dominando o caos das sensações e das emoções, equaciona de novo a realidade psicofísica: põe o psiquismo humano e a realidade exterior sobre a mesa, para uma avaliação direta.

Surge, em consequência dessa nova forma de captação e de julgamento do real, uma nova concepção do mundo. Essa concepção é ao mesmo tempo crítica e genética. Do ponto de vista crítico, ela julga o passado, a antiga concepção e a antiga posição do homem diante do mundo. Do ponto de vista genético, ela constrói uma nova concepção e uma nova posição. Lembrando ainda a lei dos três estados, de Augusto Comte, poderemos dizer que a nova concepção se apresenta como uma síntese da oposição dialética (7) entre o “estado teológico” e o “estado positivo” (8). Por isso mesmo é que a dualidade de consequências, a que acima nos referimos, teria fatalmente de ocorrer. Ao sair do “estado teológico” e entrar no “estado positivo”, o homem tinha fatalmente de elaborar a sua concepção positiva do mundo, ou seja, a concepção materialista. No mesmo instante, porém, esta concepção surgia como oposição à concepção teológica. O processo dialético se completa na síntese espírita: a concepção espírita do mundo reúne o misticismo teológico e o cientificismo positivo. Daí a sua natureza de espiritualismo – científico.

Julgar o mundo é avaliá-lo. A concepção espírita equivale, portanto, a uma reavaliação do mundo. Diante dela, os antigos valores estão peremptos, superados. Também para a concepção materialista, os antigos valores tinham perecido. O materialismo substituíra os valores espirituais e morais pelos valores utilitários. Mas o Espiritismo reformula os dois campos e modifica a posição de ambos. Os valores espirituais são reconduzidos ao primado do espírito, mas os valores morais e materiais não são desprezados ou subestimados, como na antiga Mística. Há um novo critério valorativo: a lei de evolução. Este critério substitui, por um processo de síntese dialética, os dois critérios que anteriormente se opunham: o salvacionista e o pragmático. A salvação não está mais na fuga a o utilitário, mas no bom uso do utilitário, em favor da evolução.

A axiologia espírita não é antropológica. Sua escala de valores não funciona em relação ao homem, mas à realidade universal. É o que vemos, por exemplo, nesta afirmação de Kardec, em seu comentário ao item 236 de “O Livro dos Espíritos”: “Nada existe de inútil na Natureza; cada coisa tem a sua finalidade, a sua destinação.” As coisas valem, não em referência aos interesses passageiros do homem, mas em referência ao processo cósmico de evolução, dentro do qual o homem se encontra como uma forma passageira do Espírito. Este é imortal, e por isso mesmo sabe que as circunstâncias não podem determinar uma escala real de valores. O próprio homem vale pelo quanto evolui, e não pelo que é ou pelo que aparenta ser, num dado momento.

Essa nova axiologia tem suas consequências no plano da cosmologia e da cosmogonia. Na cosmologia, Kardec afirma: “Todas as leis da Natureza são leis divinas.” (cap. 1 de “O Livro dos Espíritos.”) A estrutura de leis naturais do cosmos não se restringe ao plano físico, porque é uma estrutura global, que abrange, segundo os termos da moderna ontologia do objeto, todas as regiões ontológicas. A cosmologia espírita é íntegra, e não dualista. É um todo, em que não há sobrenatural e natural, pois o cosmos é um processo único. Na cosmogonia é que vai surgir o dualismo, porque o cosmos aparece como criação. Temos então a dualidade Criador e Criatura. Mas essa dualidade, mesmo no plano cosmogônico, que pertence à religião espírita, explica-se como causa e efeito, numa espécie de polaridade, que, segundo advertem os Espíritos, nossa inteligência atual não consegue apreender em sua verdadeira natureza. Não obstante, a evolução nos assegura, desde já, que a compreensão se tornará possível no futuro, pois é dado ao homem saber, na proporção em que ele cresce espiritualmente.

Chegamos assim a um aspecto da teoria espírita do conhecimento que é de fundamental importância, porque resolve naturalmente o velho problema filosófico dos limites do saber, e resolve até mesmo o impasse a que, nesse terreno, chegou o pensamento kantiano. Para a Filosofia Espírita, não há zonas interditas ao conhecimento humano. O saber metafísico é tão possível quanto o racional. A própria razão transcende os limites de suas categorias, na proporção em que novas experiências lhe vão sendo acessíveis. O homem é um processo, e na proporção em que se desenvolve, supera-se a si mesmo, superando as suas limitações. A interdição às zonas superiores do conhecimento não decorre de nenhuma determinação misteriosa, e nem mesmo de qualquer espécie de incapacidade, mas apenas da falta de crescimento, de desenvolvimento, de evolução e maturação do homem.

O problema das origens é, por enquanto, de ordem religiosa, ou como Kardec prefere dizer: moral. Deus criou o mundo, mas como e por quê, ainda não o podemos saber. O que sabemos, sem dúvida possível, é que o mundo existe e nós existimos nele. A Filosofia Espírita parte dessa realidade existencial, para investigar as suas dimensões, que não se restringem ao simples existir, mas se ampliam no evoluir, no vir-a-ser. O que sabemos é que o homem, como todas as coisas, evolui, e que o destino do homem é transcender-se a si mesmo.

  1. DETERMINISMO E LIVRE-ARBITRIO

Colocados assim os termos da equação filosófica, enfrentamo-nos novamente com o velho problema do determinismo e do livre-arbítrio. Admitida a existência de Deus, como “inteligência suprema e causa primária de todas as coisas” – admitida essa existência com a mesma evidência com que ela se apresenta no hegelianismo (9) e no cartesianismo (10) – e admitida, da mesma maneira, a existência de uma lei geral de evolução, a que tudo se submete, inclusive o homem, resta saber se estamos ou não diante da estrutura rígida do pensamento espinosiano (11). Há liberdade para esse homem que amadurece, que tem de amadurecer, queira ou não queira, no processo evolutivo?

primeira vista, a liberdade é impossível. O Espiritismo parece ter dito antes do poeta Rainer Maria Rilke: “Deus nos faz amadurecer, mesmo que não o queiramos.” E realmente o disse. Mas acrescentou: “Sem o livre -arbítrio, o homem seria uma máquina.” (Item 843 de “O Livro dos Espíritos”.) O homem é livre de pensar, querer e agir, mas sua liberdade é limitada pelas suas próprias condições de ser. O simples fato de existir é uma condição. Dentro dessa condição, porém, o homem é livre: pode ser útil ou inútil, bom ou mau, segundo a sua própria determinação. Existe, pois, uma dialética do determinismo, que é ao mesmo tempo a dialética da liberdade.

Podemos colocar assim o problema: há um determinismo subjetivo, que é o da vontade do homem, e um determinismo objetivo, que é o das condições de sua própria existência. Da oposição constante dessas duas vontades, a do homem e a das coisas, resulta a liberdade – relativa da sua possibilidade de opção e ação. O item 844 de “O Livro dos Espíritos” nos propõe essa tese de maneira simples, ao tratar do desenvolvimento infantil: “Nas primeiras fases da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades. Estando os pensamentos da criança em relação com as necessidades da sua idade, ela aplica o seu livre-arbítrio às coisas que lhe são necessárias.”

Isso nos mostra que o homem não amadurece como o fruto, mas como espírito. Na proporção em que a criança amadurece, ela deixa de ser criança, para tornar-se adulto. Assim, o homem, na proporção em que amadurece, deixa de ser homem – essa criatura humana, contraditória e falível, enleada nas ilusões da vida física – para tornar-se Espírito. A morte, em vez de ser a frustração do existencialismo sartreano (12), ou o fim da vida, ou ainda o momento de mergulhar no desconhecido, de toda a tradição religiosa, apresenta-se como o momento de maturação e de alforria. Morrer, como o disse Victor Hugo, não é morrer, mas simplesmente mudar-se.

A mudança do homem, entretanto, não é completa. Ele não deixa de ser o que é. Sua essência permanece a mesma. Perdendo a condição existencial terrena, ele passa imediatamente para a condição existencial psíquica. Nessa outra condição, terá de enfrentar o mesmo processo de oposição dialética: de um lado, o determinismo subjetivo da sua vontade, do seu próprio querer; de outro, o determinismo objetivo das circunstâncias. Nestas circunstâncias, porém, avultam as consequências de seus atos na vida física, O que ele fez, a maneira por que pensou, quis, sentiu e agiu, toda a trama das suas próprias ações, agora o enleia. Como se vê, sua liberdade ampliou-se, pois é ele quem agora se limita no exterior. As circunstâncias em que se encontra foram determinadas pela sua própria vontade. Isso lhe desperta a compreensão de sua capacidade de agir, e consequentemente de sua responsabilidade. É então que ele deseja voltar à existência física, ao mundo em que gerou o seu próprio mundo espiritual, a fim de reformar a sua obra. E já então, ao voltar, aqui mesmo, no mundo material, ele não vem enfrentar apenas a vontade estranha das coisas, mas também a sua própria vontade, representada nas circunstâncias de uma vida apropriada às necessidades do seu posterior desenvolvimento.

É assim que, pouco a pouco, o livre-arbítrio supera o determinismo. A liberdade de se determinar a si próprio confere ao homem o poder de criar. Ele cria o seu próprio mundo, as suas formas de vida, o seu destino. A princípio, o faz de maneira quase inconsciente, como a criança que se queima na chama da vela, por querer pegá-la. Mas, depois, as experiências o acordam para a plenitude consciencial de que ele deve desfrutar, segundo o seu destino natural. Porque o destino do homem, no sentido geral de sua posição no Universo, é ser deus. Não no sentido de igualar-se à Inteligência Suprema, mas de atingir a compreensão dessa Inteligência, integrar-se no seu plano de vida e pensamento, participar de sua plenitude. Assim, podemos dizer que o homem constrói o seu destino no plano do contingente, mas no plano do transcendente o seu destino já está determinado pelas leis universais.

Mas será apenas o homem que tem esse destino transcendente? E os demais seres da Criação, para e por que existem? O Espiritismo nos responde que o Universo é constituído de dois elementos fundamentais, as duas substâncias cartesianas – a rés cogitans (“coisa pensante”) e a rés extensa (“coisa extensa”) – ou, em termos espíritas: o elemento inteligente e o elemento material. Ainda em termos cartesianos, mas já no plano do pensamento de Espinosa, vemos que essa dualidade se resolve numa espécie de monismo (13) tridimensional: inteligência e matéria decorrem de uma fonte única, a que estão subordinadas, e que é Deus. Por isso que Deus é inteligência e causa. Como causa, o é de todas as coisas. Deus não é assim uma concepção antropomórfica, mas a hipóstase de Plotino. O Universo é hipostático: primeiro, a hipóstase divina, que é Deus; depois, a hipóstase inteligente, que é o Espírito; e, por fim, a hipóstase material, que é a Matéria.

Essas três hipóstases (14) não estão, porem, separadas, como as da concepção plotiniana. Constituem apenas aspectos de um mesmo todo. E o que é mais curioso, aspectos interpenetrados. E assim que Deus está em tudo e tudo está em Deus, que a matéria existe desde o início e que espírito e matéria estão sempre relacionados. Como na doutrina de forma e matéria, em Aristóteles, o espírito informa a matéria, e esta, por sua vez, manifesta o espírito, e toda essa interação se realiza em Deus, porque pela sua vontade e sob o poder constante de suas leis. O fluido universal, na mecânica cósmica, e o fluido vital, na mecânica biológica, são o resultado dialético e ao mesmo tempo o elemento de aglutinação de espírito e matéria. Assim, todos os seres, desde a região ontológica mineral – segundo a terminologia da moderna ontologia – até a região vegetal, a animal e a hominal, estão todos integrados no mesmo processo e submetidos às mesmas leis e ao mesmo destino. É o que vemos, por exemplo, no final da resposta do item 540 de “O Livro dos Espíritos”: “É assim que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso espírito limitado ainda não pode abranger no seu conjunto!”

Bastaria perguntar como se explica a finalidade desse imenso processo. Em que resultaria, afinal, esse desenvolvimento constante de tudo, de todas as coisas, nos rumos da perfeição e da inteligência? A pergunta, como responderia Gonzague Truc, não pode ser respondida pela Filosofia, porque pertence à Mística. Mas o Espiritismo, que admite o desenvolvimento da Filosofia até o plano da antiga Mística e além dela – uma vez que admite o desenvolvimento ilimitado da capacidade humana de compreender – responde com a nossa incapacidade atual para abarcar a complexidade e as consequências do processo cósmico, dentro do qual nos encontramos. Do nosso ponto de vista atual, demasiado restrito, condicionado pela estreiteza de nossas mentes, em funcionamento na aparelhagem de cérebros animais, é impossível a compreensão daquilo que poderíamos chamar, nos termos da filosofia aristotélica, as causas finais.

Quando saímos do plano do pensamento, para examinar o problema à luz das nossas possibilidades de expressão verbal, maior ainda se revela a nossa incapacidade, diante de suas dimensões conceituais. As deficiências da linguagem humana, assinaladas por Kardec na “Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, mostram quanto seria vã a nossa pretensão de investigar o princípio e o fim das coisas. Mas, ao mesmo tempo, o Espiritismo nos acena com as possibilidades futuras, mostrando-nos como, a cada giro da Terra sobre si mesma, o nosso avanço no tempo equivale ao desenvolvimento psíquico. Compete a cada um de nós, e a todos nós em conjunto, superarmos as nossas limitações, pelo nosso desenvolvimento próprio e pelo desenvolvimento da Civilização. (15)

  1. O HOMEM NO MUNDO

A unidade essencial das leis que regem o mundo oferece à cosmovisão espírita uma integridade absoluta. O cosmos é uma unidade orgânica. O homem, integrado nessa unidade, participando intimamente dela, deixa de ser a oposição espiritual ao mundo material, que as formas clássicas de religião e de filosofia nos apresentaram. O homem está no mundo como parte do mundo. Sua posição de “projecto”, descoberta pelo existencialismo, coincide com a posição do próprio mundo em que se integra. O “aqui” e o “agora” assumem importância e significação maiores que as das concepções existenciais, porque o “aqui” e o “agora” espíritas não estão apenas carregados de passado e prenhes do presente, mas representam unidades sintéticas de tempo e espaço. O lugar e o momento que passam equivale ao “point-d’optique’ da expressão feliz de Victor Hugo, no Prefácio de Cromwell: é aí, nesse pequeno e translúcido espelho, que se refletem o passado, o presente e o futuro não somente do homem, mas de todo o cosmos.

Deus fala ao homem através de suas leis. Estas, que são eterna s, representam a presença do imutável no mutável, da eternidade na transitoriedade. O momento que passa não é uma ilha no tempo, nem um ponto no espaço, mas um fluir: o fluir da duração. Se o homem o compreender e o sentir, estará pleno de felicidade. Ë o que vemos no item 614 de “O Livro dos Espíritos”: “A lei natural é a lei de Deus; a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que ele deve fazer ou não fazer, e ele só se torna infeliz porque dela se afasta.” E no item 617 esclarece: “Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois Deus é o autor de todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria; o homem de bem, as da alma, e as segue.”

A razão dos sofrimentos e da infelicidade, do desespero humano, é simplesmente a violação das leis. Os espíritos foram criados “simples e ignorantes, ou seja, sem conheci mento” (item 114 – “O Livro dos Espíritos”) e se destinam à perfeição, onde atingirão “a felicidade eterna, sem perturbações”. Se todos seguissem naturalmente as leis de Deus, atingiriam a perfeição sem dificuldades. Mas há um momento de queda. Não o de Adão e Eva no Paraíso, mas o de cada um diante de si mesmo, no processo natural do desenvolvimento. A aquisição do conhecimento gera perturbações. Uns se deixam levar pelas fascinações exteriores e pelo incitamento de outros, desligando-se das leis naturais e criando suas próprias leis, as da conduta artificial. “Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação e outros a resistiram”, diz o item 122 de “O Livro dos Espíritos”.

Isso, entretanto, não quer dizer que uns se perderam e outros se salvaram. O próprio desvio das leis naturais é uma experiência proveitosa. Porque os espíritos devem conseguir a plenitude de consciência e conquistar a sabedoria, o que só é possível através do uso do livre-arbítrio. Por mais que um espírito se desvie, um dia chegará em que ele terá de voltar à integração nas leis naturais. Esse é o momento da “religião”, da volta do espírito à integração cósmica. O item 126 do “O Livro dos Espíritos” explica: “Deus contempla os extraviados com o mesmo olhar, e os ama a todos do mesmo modo.” Por outro lado, os que seguiram as leis não escaparam ao processo evolutivo. Apenas, nele integrados, podem segui-lo tranquilamente, em vez de lutarem contra a correnteza e sofrerem as consequências da luta.

O homem no mundo é, portanto, um espírito em evolução. Bom ou mau, virtuoso ou criminoso, pecador ou santo, ele está “agora” e “aqui” para desenvolver-se, para realizar-se. Qual o tipo humano ou divino que lhe pode servir de exemplo? O item 625 responde: “Vêde Jesus”, e Kardec explica: “Jesus é para o homem o tipo da perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na Terra.” Por que Jesus e não Buda? Porque o primeiro ensina ao homem viver plenamente no aqui e no “agora”, enfrentar o mundo em vez de fugir a ele, realizar-se no presente em vez de protelar a realização enclausurando-se e furtando-se às experiências da vida. O homem está no mundo para vivê-lo. É a lei. Só através dessa vivência ele atingirá Deus. Fugir ao mundo para refugiar-se na ilusão contemplativa é desertar da batalha necessária.

As religiões são formas de reintegração do homem nas leis naturais, instituições sociais em que se condensam as intuições espirituais que indicam ao homem o caminho de volta a Deus. Sistemas pedagógicos, destinados à reeducação das coletividades transviadas. Não obstante, esses mesmos sistemas sofrem as influências negativas dos espíritos que se afastaram das leis. Por isso, eles também evoluem. As formas religiosas se sucedem no tempo, até o momento em que elas mesmas deverão desaparecer, cedendo lugar à religião pura, sem templos nem formalismos, à religião em espírito e verdade, que cada consciência professará por si mesma, independente de sistemas dogmáticos e organizações sacerdotais. A lei de adoração, lei natural, será o fundamento dessa religião assistemática, que o homem do futuro instituirá na Terra.

O trabalho é lei natural (item 674), e através dele o homem progride. Fugir ao trabalho é transgredir a lei. Trabalhar é modificar-se e modificar o mundo, estabelecer a interação necessária para o progresso geral. A lei de igualdade e a lei de liberdade, unindo os homens, deverão conduzi-los à prática da fraternidade. Esta se traduzirá plenamente na lei de justiça, amor e caridade, que estabelecerá na Terra um mundo superior ao de injustiça, ódio e egoísmo, em que hoje vivemos. “O amor e a caridade – ensina Kardec (Comentário ao item 886) – são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus: amai-vos uns aos outros.”

A Filosofia Espírita desemboca, assim, na Moral Espírita, que não é outra senão a própria moral evangélica, racionalmente explicada, inteiramente desembaraçada das interpretações teológicas e místicas. Essa moral não é apenas individual, mas também coletiva. O bem reinará sobre a Terra, afirma o item 1.019 do “Livro dos Espíritos”, prevendo o advento de um novo mundo, que será construído por uma humanidade regenerada. Caminhamos para lá, através de todas as dificuldades e vicissitudes do presente. E é no presente que temos a oportunidade de preparar o futuro. A moral espírita se traduz, assim, na prática incessante do bem, única maneira de vivermos bem na atualidade e criarmos o bem para o futuro.

José Herculano Pires

NOTAS (PESQUISA DO A ERA DO ESPÍRITO.NET):

(1) Hilozoísmo – do grego hyle, matéria, e zoe, vida- é um termo que designa uma concepção da matéria e, por extensão, de toda a natureza. Os hilozoístas consideram que toda a realidade, inclusive a inerte, está dotada de sensibilidade e, portanto, animada por um princípio ativo.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilozo%C3%ADsmo)

(2) Eleatismo – S. m. Antigo sistema filosófico da escola de Eleia, que só admitia duas espécies de conhecimentos: os que provêm dos sentidos e são apenas ilusão, e os que provêm do raciocínio e são os únicos verdadeiros. (http://www.dicio.com.br/eleatismo/) Eleia, – hoje Castellmare, situava-se numa pequena baía da Itália, que tem ao fundo as montanhas calabresas, não longe de Nápoles, – foi centro de um significativo movimento filosófico já no período pré-socrático da filosofia grega. Seu primeiro filósofo foi Xenófanes de Colófon 570 – 475 a.e.c., vindo da Jônia. Assim sendo, está na origem da escola de Eleia. Nascidos já na mesma Eleia, foram seus dois mais notáveis representantes: Parmênides e Zenão. Ao grupo, já como um dos seus epígonos, pertenceu ainda Melisso de Samos.

(http://www.templodeapolo.net/Civilizacoes/grecia/filosofia/presocraticos/filosofia_presocraticos_eleatas.html)

(3) Pitágoras de Samos (Pitágoras o Samiano): foi um filósofo e matemático grego que nasceu em Samos entre cerca de 571 a.C. e 570 a.C. e morreu em Metaponto entre cerca de 497 a.C. ou 496 a.C. Fundou uma escola mística e filosófica em Crotona (colônias gregas na península itálica), cujos princípios foram determinantes para a evolução geral da matemática e da filosofia ocidental sendo os principais temas a harmonia matemática, a doutrina dos números e o dualismo cósmico essencial. Essa escola de pensamento grego foi denominada em sua homenagem de pitagórica.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Pit%C3%A1goras)

(4) Materialismo: O termo foi inventado em 1702 por Gottfried Leibniz , e reivindicado pela primeira vez em 1748 por La Mettrie. Em filosofia, materialismo é o tipo de fisicalismo que sustenta que a única coisa da qual se pode afirmar a existência é a matéria; que, fundamentalmente, todas as coisas são compostas de matéria e todos os fenômenos são o resultado de interações materiais; que a matéria é a única substância. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Materialismo) Em Obras Póstumas (As cinco alternativas da humanidade), Allan Kardec, descreve assim o materialismo: A inteligência do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com o organismo. O homem não é nada antes, nada depois da vida corpórea. Gerando, assim, as seguintes consequências: O homem, não sendo senão matéria, não há de real e de invejável senão os gozos materiais; as afeições morais não têm futuro; os laços morais são quebrados sem retorno na morte; as misérias da vida são sem compensação; o suicídio torna-se o fim racional e lógico da existência, quando os sofrimentos são sem esperança de melhora; é inútil se impor um constrangimento para vencer os seus maus pendores; viver para si o melhor possível, enquanto estiver aqui; a estupidez de se incomodar e de sacrificar seu repouso, seu bem-estar, por outrem, quer dizer, por seres que serão aniquilados, a seu turno, e que jamais tornarão a ser vistos; deveres sociais sem base, o bem e o mal são coisas de convenção; o freio social é reduzido ao poder material da lei civil.

(5) Gnoseológico – 1 – Relativo á gnoseologia, estudo que faz parte da filosofia que trata dos fundamentos do conhecimento. Investigação fenomenologia preliminar: O fenômeno do conhecimento e os problemas nele contidos. 2 – Precedente lógico do conhecimento, uma condição lógioco-transcedental posto pelo jurista para tornar possível a pesquisa jurídico-científica. Tem um caráter transcendental, no sentido de que se põe logicamente antes da experiência, sendo por isso condição dela e não mero resultado. (http://www.dicionarioinformal.com.br/gnoseol%C3%B3gico/)

Gnosiologia (também chamada Gnoseologia) é o ramo da filosofia que se preocupa com a validade do conhecimento em função do sujeito cognoscente, ou seja, daquele que conhece o objeto. Este (o objeto), por sua vez, é questionado pela ontologia que é o ramo da filosofia que se preocupa com o ser. Fazem-se necessárias algumas observações para se evitar confusões. A gnoseologia não pode ser confundida com epistemologia, termo empregado para referir-se ao estudo do conhecimento relativo ao campo de pesquisa, em cada ramo das ciências. A metafísica também não pode ser confundida com ontologia, ambas se preocupam com o ser, porém a metafísica põe em questão a própria essência e existência do ser. Em outras palavras, grosso modo, a ontologia insere-se na teoria geral do conhecimento, ou Ontognoseologia, que preocupa-se com a validade do pensamento e das condições do objeto e sua relação o sujeito cognoscente, enquanto que a metafísica procura a verdadeira essência e condições de existência do ser.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosiologia)

(6) O racionalismo como doutrina surgiu no século I a.C.. É a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como uma operação mental, discursiva e lógica que usa uma ou mais proposições para extrair conclusões – se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo. O racionalismo enfatiza que tudo que existe tem uma causa. Séculos mais tarde, os filósofos racionalistas modernos utilizaram a matemática como instrumento da razão para explicar a realidade. Com esse objetivo, Descartes elaborou um método baseado na geometria e baseado em quatro regras – as regras do método científico.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Racionalismo

(7) Aristóteles considerava Zenão de Eleia (aprox. 490-430 a.C.) o fundador da dialética. Outros consideraram Sócrates (469-399 AEC). Um dos métodos dialéticos mais conhecidos é o desenvolvido pelo filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). A dialética é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que leva a outras ideias e que tem sido um tema central na filosofia ocidental e oriental desde os tempos antigos. A tradução literal de dialética significa “caminho entre as idéias”.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica)

(8) Lei dos três estados é a coluna principal na qual está assentada o edifício filosófico, científico e político elaborado pelo pensador francês Auguste Comte (1798-1857), o fundador do positivismo. A Lei dos Três Estados é o fundamento da obra de Comte, aplicando-se aos vários âmbitos da existência humana, desde as belas-artes até a política, passando pelas ciências e pela economia. Ela é uma concepção ao mesmo tempo epistemológica, histórica e filosófica (em sentido amplo), tendo permitido a Comte criar a Sociologia, a História das Ciências e também a Psicologia Positiva (por ele chamada de “Moral”).

A LEI DOS TRÊS ESTADOS

Os espírito humano de modo a explicar os fenômenos que se observam no universo, passa necessariamente por Três Estados (Três formas de concepção da realidade):

1.º – Teológico ou Fictício: os fenômenos são explicados através de vontades de seres sobrenaturais e/ou transcendentais. O Estado Teológico pode ser dividido em 3 fases progressivas:

a) – Animismo: também chamado de fetichismo, se caracteriza por dar aos objetos concretos da natureza vida e vontade própria, semelhantes a dos seres humanos.

b) – Politeísmo: a vontade dos deuses possui controle absoluto sobre todas as coisas.

c) – Monoteísmo: a vontade do Deus (único) controla todas as coisas e todos os acontecimentos.

2.º – Metafísico: os fenômenos são explicados por meio de forças ocultas e/ou entidades abstratas. As abstrações personificadas substituem as vontades sobrenaturais.

3.º – Positivo: o espírito humano renuncia a busca das causas primárias e dos fins últimos, subordinando os fenômenos a leis naturais experimentalmente demonstradas. As causas absolutas (os porquês) e os fins (finalidades últimas) por serem inacessíveis ao exame científico, são substituídas pelo estudo e descobertas das Leis Naturais que explicam como os fenômenos ocorrem. No estágio positivo procura-se descobrir as leis segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns aos outros.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_dos_tr%C3%AAs_estados)

(9) O hegelianismo é uma corrente filosófica desenvolvida por Georg Wilhelm Friedrich Hegel, um dos primeiros pensadores a se preocupar com a “modernidade” como base dos estudos sociológicos. Pode ser sintetizada pela frase do próprio filósofo “o racional por si só é real”, que significa que a realidade é capaz de ser expressada em categorias reais. O objetivo de Hegel era reduzir a realidade a uma unidade sintética dentro de um sistema denominado idealismo transcendental.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Hegelianismo)

(10) O cartesianismo é um movimento filosófico cuja origem é o pensamento do francês René Descartes, filósofo, físico e matemático (1596-1650). O método cartesiano seria um instrumento, que bem manejado levaria o homem à verdade. Esse método consiste em aceitar apenas aquilo que é certo e irrefutável e conseqüentemente eliminar todo o conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias. O objetivo de Descartes era de abranger numa perspectiva de conjunto unitário e claro, todos os problemas propostos a investigação cientifica. O fundamento principal da filosofia cartesiana consiste na pesquisa da verdade, com relação a existência dos “objetos”, dentro de um universo de coisas reais. O método cartesiano esta fundamentado no princípio de jamais acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar a verdade. Com essa regra nunca aceitara o falso por verdadeiro e chegará ao verdadeiro conhecimento de tudo.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartesianismo)

(11) Baruch Spinoza (1632 – 1677) – Para Spinoza Deus é o único motivo da existência de todas as coisas. Deus é a substância única e nenhuma outra realidade existe fora de Deus. Ele é a fonte única e Dele surgem todos os outros elementos. Deus existe em si e foi gerado por si, para existir ele não necessita de nenhuma outra realidade. A essência de Deus pressupõe a sua existência. A substância divina é infinita e não é limitada por nenhuma outra, ela é a causa de todas as coisas existentes, que por consequência são manifestações de Deus. Assim sendo, nada existe fora de Deus, e tudo que existe é uma forma de Deus, não como uma criação sem regras ou espontânea, mas seguindo as leis da natureza e respeitando a possibilidade de agir com vontade própria.

(http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=72)

(12) Jean-Paul Sartre (1905-1980) é um autor conhecido por seu pensamento de crivo existencialista no meio filosófico. A conceituação de Sartre sobre consciência discorre em conjeturar esta como modo-de-ser do ser humano e, portanto, como constitutivo essencial de cada ser-para-si, o qual tem por tarefa, a partir da consciência, projetar-se a ponto de almejar uma plenificação de ser – na linguagem sartreana, tornar-se um ser-Em-si. O conceito de liberdade no pensamento de Sartre é entendido como consequência desse projetar humano por meio da consciência, posto que o fato desta ser um nada-de-ser do para-si é que o condiciona a uma situação de liberdade na qual a única escolha vigente é a de ser um Em-si. Isso confirma a impossibilidade de um não atrelamento do conceito de liberdade ao conceito de consciência, visto que, de acordo com o existencialismo sartreano, a liberdade decorre da consciência, a ponto do para-si ser impresso pelo nada-de-ser num caráter de condenação: “Todo homem está condenado a ser livre” (SARTRE, 1997).

(http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/11/05/compreendendo-o-conceito-sartreano-de-liberdade/)

(13) Monismo (do grego mónos, “sozinho, único”) é o nome dado às teorias filosóficas que defendem a unidade da realidade como um todo (em metafísica) ou a identidade entre mente e corpo (em filosofia da mente) por oposição ao dualismo ou ao pluralismo, à afirmação de realidades separadas.

As raízes do monismo na filosofia ocidental estão nos filósofos pré-socráticos, como Zenão de Eléia, Parmênides de Eléia. Spinoza é o filósofo monista por excelência, pois defende que se deve considerar a existência de uma única coisa, a substância, da qual tudo o mais são modos. Hegel defende um monismo semelhante, dentro de um contexto de absolutismo racionalista. O filósofo brasileiro Huberto Rohden é um teórico defensor do monismo.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Monismo)

(14) Hipóstase, do grego hypostasis, significa subsistência, realidade. Na filosofia de Plotino, Deus se deriva em três hipóstases: Uno, nous (Inteligência) e alma, que ele comparava também, respectivamente, com à luz, ao sol e à lua. O termo também é encontrado entre os gnósticos. Um dos livros da biblioteca de Nag Hammadi se chama “A Hipóstase dos Arcontes”. A transcrição latina para Hipóstase é “substância”, que, todavia, foi utilizada pela tradição filosófica com significado totalmente diferente do que a utilizada por Plotino. No sentido contemporâneo, é utilizado de maneira pejorativa, porém raramente. Dessa maneira, indica a transformação de um ser em um ente.

(http://www.ocultura.org.br/index.php/Hip%C3%B3stase)

Plotino (Licopólis, 205 – Egito, 270) foi um filósofo neoplatônico, autor de Enéadas, discípulo de Amônio Sacas e mestre de Porfírio.

(15) Estudo relacionado (Livre-arbítrio e Determinismo):

(http://www.aeradoespirito.net/EstudosEM/LEI_DE_LIBERDADE.html)

Fonte: J. Herculano Pires – no livro “O Espírito e o Tempo”, – Parte III (Doutrina Espírita), cap. 3.

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