A DOR EM NOSSAS VIDAS
Mauro Falaster
Do ponto de vista espiritual, a dor transforma. No entanto, tal transformação vai depender de como vivemos a dor.
Passar incólume ao sofrimento é a grande meta que todos perseguem, ou, ao menos, diminuir-lhe a intensidade. Temos uma visão imediatista, interessa-nos o hoje, sem visão do futuro. Assim, o sofrimento tem sido considerado vingança ou castigo divino.
A dor pode ter causas em vidas anteriores quando violamos as leis de Deus, ou nessa vida, quando de forma invigilante caímos nas armadilhas de nossa imprevidência, orgulho ou ambição e, por consequência, sofremos imediatamente ou acumulamos novos débitos para o futuro.
Tudo gerado pelo nosso mal proceder.
Você já parou para pensar na razão da existência da dor, do sofrimento, em nossas vidas? Talvez num daqueles momentos de extrema angústia, em que o coração parece apertar forte, você tenha pensado em Deus, na vida, e gritado intimamente: por quê?! Isso porque, não a entendemos e não nos achamos merecedor dela.
O sofrimento pode e deve ser considerado uma doença da alma, onde optamos pelas direções e ações que produzem desequilíbrio.
Nessa fase, todo um emaranhado de paixões primitivas impulsiona o ser na direção do gozo, sem ética ou sentimento superior, e o leva aos conflitos que geram a desarmonia das defesas orgânicas, as quais cedem à invasão de micróbios e vírus que lhe destroem a imunidade, instalando-se, insaciáveis, devoradores da saúde.
Como podemos ver, o sofrimento não é imposto por Deus, constituindo-se eleição de cada criatura. Fugir, escamotear, anestesiar o sofrimento são métodos ineficazes. Pelo contrário, uma atitude corajosa de examiná-lo e enfrentá-lo representa valioso recurso para sua superação e propiciador de paz.
As reações de ira, violência e rebeldia ao sofrimento mais o ampliam, pelo desencadear de novas desarmonias em áreas antes não afetadas.
Pode-se dizer, portanto, que a sua presença resulta do distanciamento do amor, que lhe é o grande e eficaz antídoto.
DOR
Ela se revela a cada um de modo diferente, mas a todos visita.
Os pobres sofrem pela incerteza quanto à manutenção de sua família.
Os doentes experimentam padecimento físico.
Os idealistas se angustiam pelo bem que tarda em se realizar.
Os ricos que tudo podem possuir, não conseguem comprar a felicidade, a saúde e a paz.
Qualquer que seja a posição social de um homem, ele vive a experiência do sofrimento. A universalidade da dor chama a atenção dos homens para o fato de que são essencialmente iguais.
NECESSIDADE DA DOR
A dor é, ao mesmo tempo, um problema para os seres humanos e um termômetro indispensável para a nossa proteção dos perigos, riscos, acidentes e mesmo das doenças. Que paradoxo! Pensar que o mesmo sintoma que indica uma doença é também a nossa salvação. A dor informa.
E, do ponto de vista espiritual, a dor transforma. No entanto, tal transformação vai depender de como vivemos a dor.
A dor, fere-nos, corrige-nos como a mãe corrige o filho para educá-lo, melhorá-lo e para torná-los dóceis.
A dor é o remédio amargo que desperta no ser a necessidade de transformação. Mas, a dor será sempre proporcional ao estrago que fizermos em nós mesmos pelo mau uso do nosso livre-arbítrio.
Ninguém, sofre sem merecer. Se sofre muito é porque erra ou errou muito. Se soubéssemos por que sofremos, o mundo seria mais ditoso.
Sua serenidade perante a dor fará com que outros repensem a forma com que vivem.
CONCLUSÃO
Seja forte e corajoso. Não se deixe vencer pela dor, pelas dificuldades, pela doença. Procure entender o significado dos seus sofrimentos. Nunca se esqueça que é filho de Deus e Ele não desampara nenhum de seus filhos.
Coragem, bom ânimo e refúgio na prece são nossas melhores armas no momento de dor.
Mauro Falaster