AQUELE QUE É OFENDIDO
“Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe ? Até sete vezes ?” – Mateus, 18:21.
“Se alguém te ofendeu, perdoa, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. ”
O ensinamento do Cristo define com clareza as vantagens potenciais da criatura insultada ou incompreendida. Por isso mesmo, não traça o Divino Mestre quaisquer obrigações de caráter imediato para os ofensores, de vez que todos aqueles que ferem os outros esculpem para logo, na própria alma, os estígmas da culpa.
E toda culpa é sempre fator de enfermidade ou perturbação.
Em todo processo de ofensa, quem a recebe se encontra num significativo momento de Vida Espiritual; é quem dispõe do privilégio de desfazer as trevas dos gestos impensados, suscetíveis de se alastrarem em desequilíbrio; quem guarda a possibilidade de preservar a coesão e a harmonia do grupo em que se integra; quem conserva as rédeas da defesa íntima de quantos lhe usufruam a amizade e a convivência, ainda capazes de reações inconvenientes ou negativas à frente da injúria; quem efetivamente pode auxiliar o ofensor, através da bondade e do entendimento com que lhe acolhe as agressões; e quem, por fim, consegue beneficiar-se, resguardando o próprio coração, por imunizá-lo contra a queda em revide ou violência.
O ofendido, entretanto, tão somente obterá tudo isso, caso se disponha a esquecer o mal e perdoar o adversário, prosseguindo sem reclamar na construção incessante do bem e na sustentação da harmonia, porque, toda vez em que nos transformamos levianamente em ofensores, passamos à posição de doentes da alma, necessitados de compaixão e de socorro, a fim de que não venhamos a cair em condição pior.
Fonte – Francisco Cândido Xavier – Livro: “Perante Jesus” ditado pelo espírito Emmanuel