Testemunhar Sim, Por Que Não?
Rogério Coelho
“Porquanto, qualquer que se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele.” – Jesus. (Mc., 8:38.)
Diz Allan Kardec:
“Se se tem o direito de alguém dizer-se católico, judeu, protestante, por que não terá alguém o direito de dizer-se espírita?”
O tempo do preconceito já passou, inobstante, parece que ficou-lhe o azinhavre.
É natural que o espírita tenha toda a família consangüinea em outra religião, vez que bem maior é o número dos profitentes de outras seitas… Sem embargo, o número de espíritas aumenta dia-a-dia em proporção geométrica.
Em face dessa realidade ainda de transição, vai nascendo a contemporização que é louvável até certo ponto, mas tem limites bem definidos: quando se trata de fidelidade doutrinária – definitivamente – não podemos tergiversar!…
Com a diplomacia da caridade aplicada, o espírita deverá esclarecer aos demais o seu posicionamento ante as convenções sociais bem como com relação às de outras seitas, impondo o devido respeito que deve ser recíproco.
Assim, não existe razão para o espírita batizar seus filhos à guisa de atender às convenções ou dar “satisfações à família”, muito menos para apadrinhamentos em cerimônias religiosas. Há que ser coerente. Se alguém ficar melindrado com sua atitude de coerência doutrinária, paciência!…
Em 1862, no sepultamento do Sr. Sanson, antigo membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec ia pronunciar um discurso à beira da sepultura, o que gerou certa controvérsia suscitadas por alguns confrades “mornos” da época, sobre se seria oportuno ou não fazê-lo no cemitério, achando-se presentes pessoas que não compartilhavam das mesmas opiniões.
Foi necessária a intervenção do próprio defunto, vez que o espírito de Sanson afirmou peremptório:
“Falai para que me compreendam e estimem; nada tendes a temer, pois que se respeita a morte…, falai, pois, para que os incrédulos tenham fé, coragem e confiança.”
Mais recentemente, um Espírito muito chegado ao nosso coração aconselhou: “Leve a mensagem da Imortalidade aos consangüineos e às demais pessoas. Não tema. Dê o seu testemunho. Será sempre uma sementinha que, embora não dê frutos imediatos, dará no futuro.”
As verdades espíritas são verdades universais e estão acima das pessoas e das religiões; portanto, precisam ser mais amplamente divulgadas como muito o bem aconselhou Emmanuel1:
“Trabalha para que a Doutrina Espírita estenda o seu socorro aos quase loucos de sofrimento. Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade: a caridade da sua própria divulgação.”
Claro está que a divulgação do Espiritismo não poderá ser vulgarizada, vez que o próprio Cristo2 disse que “não deveríamos lançar pérolas aos porcos.”
Tal tarefa deverá ser levada a efeito nos moldes aconselhados por Allan Kardec no capítulo III da primeira parte de “O Livro dos Médiuns“. Testemunhar sim, por que não?!…
1 – Emmanuel/Xavier, F.C. in “Estude e Viva” – Capítulo 40
2 – Mateus, 7:6.
(publicado originalmente no Boletim GEAE no 309 – Setembro de 1998)