É Possível Evolução Sem Educação?

(Extraído do site www.bvespiritia.com)

Carlos Augusto Parchen

Recentemente fizemos uma palestra sobre o tema “Evolução”, onde colocávamos uma série de condições e premissas necessárias a evolução.

Em e-mail, um Irmão, a esse respeito, nos perguntou: “é possível evolução sem educação?”.

Claro que a pergunta não se refere a educação no sentido de “ensino”, de educação escolar, mas sim no sentido de “educação para a vida”.

Vamos clarear isso um pouco mais: educar-se pode ser traduzido como aquisição de conhecimentos e sua transformação em habilidade, aptidões e atitudes.

Colocamos “educar-se” e não “educar”, pois a educação é fundamentalmente um processo de aprendizagem e não de ensino.

Modernamente, o papel de educador é o de facilitador do processo de aprendizagem, e não mais o do “professor que ensina”, mas isso é um outro assunto.

Podemos dividir a educação em dois grandes campos: o de educação formal e o da auto-educação.

Na educação formal, o indivíduo adquire conhecimentos organizados nas diversas áreas do conhecimento humano. Na auto-educação, o indivíduo acha os conhecimentos necessários ao seu convívio com seu semelhante e com a natureza.

Nos dois campos, a educação só ocorre quando “aprendemos” (com dois “es”) o conhecimento (intelectualização) e o transformamos em habilidade, aptidões e atitudes, que são obtidas através das vivências e experiências pessoais.

Aliás, mais um parênteses: é necessário que os professores percebam que na escola, assim como na vida, os conhecimentos só são transformados em habilidade e aptidões se “processadas” através de experiências e vivências.

Colocamos isso para destacar alguns aspectos importantes. Primeiro, se o indivíduo não consegue transformar determinado conhecimento, seja de que origem for, em habilidade, aptidões e atitudes para uso em sua vida e/ou em sua profissão, ele não aprendeu e em conseqüência, não “educou-se” naquela área específica. Em segundo, é necessário que o indivíduo realmente “processe” o conhecimento através da vivência e da experiência pessoal, ou seja, que internalize pela relação com a vivência e prática pessoal, pois em caso contrário não conseguirá “aprender” aquele conhecimento.

Relacionemos agora com a “evolução”. Evoluir é crescer e mudar para um patamar superior de conhecimento e comportamento e melhorar em relação a um estágio anterior. Energeticamente, evoluir é passar a vibrar em patamar mais elevado e sutil que o anterior.

Quando a pergunta foi feita, evoluir, evidentemente, foi colocado no sentido de evoluir “espiritualmente”, ou se quiser “ética e moralmente”.

Daí, voltemos a questão: evolução e educação têm relação direta?

Afirmamos que sim, de uma forma clara. Para evoluir, mudar de patamar, elevar-se, o indivíduo necessita trilhar a vida em consonância com a Lei Natural. A Lei Natural é universal e perfeita e permeia todo o universo, regendo todo o seu funcionamento, nos aspectos físicos (matéria e energia) e espirituais (ética e moral). As Leis Morais fazem parte indissolúvel da Lei Natural.

Para evoluir, o indivíduo necessita “respeitar” ou harmonizar-se com a Lei Natural. E isso só é possível se “educar-se” a esse respeito, ou seja, ter habilidade, aptidões, e atitudes que o façam transitar sem confronto com a Lei Natural.

E isso tem que ocorrer no dia-a-dia do indivíduo, em toda a sua relação com o seu semelhante e com a natureza. Mesmo nas menores coisas, pois as Leis Naturais não diferenciam “coisas mais importantes” e “coisas menos importantes”. Mal comparado, com quem rouba 1.000 reais ou 100.000 reais, são atingidos igualmente pelo Código Penal.

Por isso, se o indivíduo não educar-se para a vida, com habilidades, aptidões e atitudes correspondentes, não conseguirá evoluir, pois entra em confronto com a Lei Natural.

Tomemos um exemplo bem material e corriqueiro: muitas pessoas levam seu cão para passear (e fazer outras coisas) na areia do mar. Muitas vezes fazem isso na calada da noite. Essas pessoas tem educação? Claro que não, pois as conseqüências disso serão terríveis para outras pessoas, em especial para as crianças (já vimos algumas com mais de 20% da área da pele de seu corpo com o “bicho geográfico”).

As pessoas que fazem isso, estão evoluindo? É evidente que não, pois não desenvolveram habilidade, aptidão e atitude coerente com a Lei Natural, ou seja, não souberam vivenciar e experienciar os conhecimentos necessários a se respeitar o semelhante, não educando-se para amar o próximo. Podem até ter grande conhecimento intelectual, mas não estão “educadas”.

Objetivamente, para evoluir é necessário ter educação, sem sombra de dúvida.

Queríamos dizer mais: é impossível evolução sem educação.

Talvez o grande problema para a humanidade / sociedade seja esse: como educar. Gastou-se muito tempo em tentar “ensinar”, mas com isso só se tem conseguido “intelectualização”, o que não é sinônimo de educação.

Cada um pode fazer a sua parte, buscando e construindo a auto-educação. Primeiro, buscando o conhecimento; em segundo, aplicando esse conhecimento as vivências e experiências pessoais; em terceiro, transformando isso tudo em habilidade, aptidões e atitudes de relacionamento com os semelhantes e com a natureza.

Assim evoluiremos e pelo exemplo, estaremos motivando outras pessoas a evoluírem.

(Artigo escrito em junho 2002 reproduzido do site do Centro Espírita Luz Eterna – CELE – com a autorização do autor)

Esta entrada foi publicada em Artigos, Espiritismo. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário