Uma aparição horripilante

Uma aparição horripilante

Antônio Carlos Navarro

Numa certa ocasião, durante o trabalho de evangelização infantil, fomos abordados por uma menina com aproximadamente dez anos de idade, que em tom confidencial relatou um fato que vinha ocorrendo com ela, pedindo orientação de como proceder diante de tal acontecimento.

Relatou-nos que há alguns dias, ao se deitar para o sono noturno, aparecia-lhe um espírito sentado aos pés de sua cama. Sua aparência era horripilante. Apresentava a cabeça e a face idêntica à de um lobo, com o corpo todo peludo, possuindo um rabo extenso e apresentando-se nu, com os pés iguais aos do cabrito. Para completar o quadro, segurava em uma das mãos um tridente de grandes proporções.

Interessante notar é que a garota não tinha medo no sentido de se sentir agredida, ou seja, no seu íntimo havia uma certeza de que a presença daquele ser não tinha a ver com ela.

Como a condição social da menina era de muita penúria, dividia ela o quarto com outros membros da família, que não enxergavam o quadro que se lhe apresentava.

Orientada no sentido de manter a calma e a orar, e esclarecida quanto à participação dos espíritos na vida dos encarnados, e também quanto à aparência mantida pela entidade espiritual, em poucos dias a situação se normalizou e ela não mais viu o espírito.

Em O Livro dos Espíritos encontramos as explicações necessárias para tal situação.

Na questão de número noventa e cinco, onde o assunto é o perispírito, Allan Kardec faz o seguinte questionamento: O envoltório semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível? E os espíritos superiores respondem: – Sim, tem a forma que lhe convém. É assim que se apresentam, algumas vezes, nos sonhos, ou quando estais acordados, podendo tomar uma forma visível e até mesmo palpável.

O que convém aos espíritos, estejam encarnados ou desencarnados, é sempre correspondente à sua condição moral. Consequentemente suas intenções e ações também.

Isso explica a terrível aparência do espírito ao se apresentar ao campo de visão mediúnica daquela menina.

Com relação à presença do espírito na residência da garota, encontramos duas explicações a respeito, também na obra citada.

A primeira no item cento e dois, que contém a definição das características da Décima Classe, a dos Espíritos Impuros: São inclinados ao mal e fazem dele o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos falsos, provocam a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as formas para melhor enganar. Eles se ligam às pessoas de caráter mais fraco, que cedem às suas sugestões, a fim de prejudicá-los, satisfeitos em poder retardar o seu adiantamento e fazê-las fracassar nas provas por que passam… Alguns povos fizeram desses Espíritos divindades malfazejas; outros os designaram sob o nome de demônios, maus gênios ou espíritos do mal.

A segunda na questão quinhentos e trinta “a”: Os Espíritos que provocam essas inquietações agem por consequência de uma animosidade pessoal ou atacam o primeiro que chega, sem motivo determinado, unicamente por malícia? Seguindo-se a resposta: – Ambos os casos. Algumas vezes são inimigos que fazeis durante essa vida ou em outra, e que vos perseguem; outras vezes, não há motivos.

Estes esclarecimentos são suficientes para o nosso entendimento.

Convém, por último, diante de tal fato, fazermos os seguintes questionamentos a nós mesmos:

“Ainda estou no campo da aquisição de inimigos?”

“Qual será a minha aparência, quando deixar o corpo físico pela desencarnação?”

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Fonte: Associação Espírita Allan Kardec

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