QUEM É O CHEFE DO ESPIRITISMO ?
Donizete Pinheiro
O Espiritismo não tem chefe e nem representante legal. Por isso, no seu aspecto institucional, diferencia-se essencialmente de todas as outras religiões. É que, na essência, a religião é uma consequência moral das conclusões cientificas e filosóficas da Doutrina Espírita, cujo objeto é o estudo dos espíritos, sua vida e suas manifestações entre nós.
Como fatos naturais que são, os fenômenos espirituais podem ser pesquisados por qualquer pessoa, que tirará por si as suas conclusões. Existe, por ventura, o chefe da química, da física, da astronomia ou da biologia? É claro que não! Existem cientistas, pesquisadores que apresentam à humanidade o resultado de seus trabalhos, os quais podem ser acolhidos ou não. Uma teoria cientifica é aceita como verdade quando outros cientistas conseguem confirmá-la por suas próprias experiências, havendo então uma unanimidade quanto aos seus princípios e resultados.
É o que ocorreu com a Doutrina Espírita. Partindo dos fenômenos das mesas girantes, que tomaram conta da América do Norte e da Europa em meados do século dezenove, Allan Kardec estabeleceu as bases do Espiritismo, que foram confirmadas por cientistas e filósofos dele contemporâneos, como Lombroso, Gabriel Delanne, Alexandre Aksakof, Gustavo Geley, Ernesto Bozzano e Leon Denis, e que atualmente foram reforçadas por médicos, psicólogos e estudiosos, como Welen Wambarch, Roger J. Woolger, Hermani Guimarães Andrade e Hermínio Miranda.
O avanço de ciência, com a invenção de aparelhos mais sensíveis, certamente fornecerá as provas cabais de realidade espiritual, pondo por terra as críticas dos incrédulos obstinados e negativistas por sistema. Como se costuma dizer: contra fatos não há argumento. É só questão de tempo. De resto, o que não for verdadeiro cairá por si mesmo.
Assim, cada centro espírita é uma célula independente. Seus participantes estudam e praticam a Doutrina Espírita conforme a compreendem. Em sua maioria, os centros espíritas oferecem ensinamentos de acordo com a base kardequiana. Alguns, porém, a deturpam; outros dão prioridade à mediunidade e suas reuniões têm por fim unicamente as manifestações dos espíritos; e outros, ainda, desprezam o fenômeno mediúnico e dedicam-se somente ao estudo da filosofia. Não raro, encontramos centros denominados espíritas, mas que misturam a prática espírita com rituais religiosos, como, por exemplo, os da Umbanda. Cabe ao povo escolher o que mais lhe convém.
No movimento espírita existem órgãos de unificação, como a Federação Espírita Brasileira, a USE-União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e as Federações de outros Estados, mas todas essas instituições têm por objetivo apenas a orientação e a colaboração aos centros espíritas, sem qualquer tipo de ingerência ou imposição.
A princípio perde-se em uniformidade, mas ganha-se em liberdade de consciência, em respeito à compreensão de cada um, pensamento compatível com o espírito democrático da Doutrina Espírita; e evita-se a opressão religiosa e dogmática, situação em que alguns impõem a muitos o que pensam, sem admitir discussão.
A Doutrina Espírita caminha lentamente e com dificuldades, mas cresce fincada na ação de pessoas que a escolheram livremente, que têm sua fé robustecida pelos fatos e pela razão, e que respeitam a crença do próximo, sabendo que a verdadeira religião é a do coração comungado com o Criador.
Donizete Pinheiro
Fonte: Espiritismo na Rede