PAU QUE NASCE TORTO MORRE TORTO?
Eduardo Battel
Existe um ditado popular bastante conhecido que diz: pau que nasce torto morre torto! Mas será verdade? Se tivermos como base somente uma existência corpórea talvez sim, mas como sabemos que somos Espíritos imortais e que o que morre quando desencarnamos é somente o corpo físico, com certeza esse ditado não diz a verdade.
Deus não nos cria seres bons ou maus, escolhendo quem será um ou outro. Na sua infinita bondade e justiça, Ele cria a todos exatamente iguais. Somos criados simples e ignorantes e vamos progredindo intelectualmente e moralmente no decorrer da nossa longa jornada evolutiva, através das nossas múltiplas encarnações.
O objetivo de todos nós é chegarmos progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, sendo assim Espíritos puros. O tempo que cada um leva para isso varia muito, uns caminham mais depressa, outros mais devagar, conforme a vontade e o empenho individuais. Respeitar essa velocidade de caminhada e o estágio em que cada um se encontra nela é obrigação moral de todos.
Todos nós, sem exceção, cometemos muitos erros ao longo de nossas encarnações e Deus não nos julga por isso. Ele entende que estamos aprendendo e sempre nos oferece meios para corrigirmos os nossos equívocos pelo amor, mas muitas vezes somos nós que escolhemos o caminho da dor para essa correção. Nós devemos fazer o mesmo, não julgar as faltas alheias e exercitar o perdão para com os nossos irmãos. A prática do perdão é uma das maiores formas de caridade que existem e devemos fazê-la para com todos, da mesma forma que desejamos que os outros façam conosco.
Contradizendo então o famoso ditado popular, Allan Kardec nos ensina na questão 116 de O Livro dos Espíritos: Há Espíritos que permanecerão para sempre nas ordens inferiores? Resposta: Não; todos se tornarão perfeitos. Eles mudam de ordem, mas isso demora…”. Rotular uma pessoa como sendo eternamente má e condená-la a viver para todo o sempre no inferno, não é condizente com a grandiosidade de Deus. Se Jesus nos ensinou que devemos perdoar as pessoas pelo menos setenta vezes sete vezes, porque é que Deus, sendo infinitamente superior a nós, não o faria?
Allan Kardec nos mostra na questão 114 de O Livro dos Espíritos: “Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram? Resposta: São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma ordem superior”. Podemos classificar os Espíritos segundo ao seu grau de adiantamento, sendo assim:
– Terceira ordem: Espíritos imperfeitos, que possuem a predominância da matéria sobre o espírito. São ignorantes, orgulhosos, egoístas e propensos ao mal. Tem a intuição de Deus, mas não o compreendem. Nem todos são essencialmente maus, em alguns há mais leviandade, inconsequência e malícia. Uns não fazem o bem nem o mal, mas pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade.
– Segunda ordem: Espíritos bons, que possuem a predominância do espírito sobre a matéria. Tem o desejo e fazem o bem. Uns tem a ciência, outros a sabedoria e a bondade e os aliam às qualidades morais. Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons pelo bem que fazem.
– Primeira ordem: Espíritos puros, que não possuem nenhuma influência da matéria e tem superioridade intelectual e moral absoluta. São os mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. São o que chamamos de anjos, arcanjos ou serafins.
O fato de não fazermos o mal não é o suficiente, devemos nos esforçar em fazer o bem, praticando o amor ensinado pelo nosso mestre Jesus há mais de dois mil anos. Uma das formas de fazermos isso é respeitarmos a condição moral e evolutiva de cada um e perdoarmos os erros alheios. Isso requer esforço, dedicação, disciplina e sacrifício, mas todos temos esse potencial, pois essa é a nossa missão. Emmanuel nos falou através de Chico Xavier: “Não há progresso sem esforço, vitória sem luta, aperfeiçoamento sem sacrifício e tranquilidade sem paciência”.
Eduardo Battel*
Fonte: Kardec Rio Preto