OS EXILADOS DA TERRA

OS EXILADOS DA TERRA

Por Rogério Miguez

Não devem ser muitos aqueles que militam no meio espírita sem conhecimento do deslocamento de alguns milhões de Espíritos, “convidados”, há milênios, a deixar a estrela de Capela e migrarem para a nossa Terra, na época, provavelmente, um mundo primitivo.

A referência básica para a descrição deste fato foi feita por Emmanuel na obra A Caminho da Luz. (1)

De acordo com Emmanuel, eram Espíritos desajustados aos novos ritmos de evolução daquele orbe distante, devido ao alto grau de egoísmo e orgulho que até então os caracterizava, dificultando sobremaneira a caminhada daquela parte da Humanidade residente em Capela.

Da mesma forma que para cá vieram Espíritos que nos ajudaram muitíssimo, visto serem bem mais evoluídos intelectualmente do que aqueles que por aqui já se encontravam àquela época, igualmente é possível que da Terra muitos Espíritos também sejam “convidados” a se retirar, provisória ou definitivamente, em razão da persistência no mal, dificultando ou quase entravando a marcha dos homens de boa vontade.

Coincidentemente, a Terra atravessa um período propício a estas maciças migrações, ou seja, é chegada a hora de o planeta alcançar à condição de mundo de regeneração, permanecendo entre nós apenas os Espíritos comprometidos com o bem e com a verdade.

E como há candidatos a daqui partirem, passando a ser conhecidos no mundo para o qual serão enviados como os Exilados da Terra!

Basta observarmos os noticiários para nos convencermos da existência de incontáveis criaturas não dispostas a evoluírem moralmente, preferindo ainda agir sob o antigo lema de retribuir as possíveis injustiças com a espada.

São os belicosos habitantes de variadas nacionalidades, mantendo ainda a conduta voltada ao conflito, à beligerância, às conquistas materiais, aos abusos de toda ordem; outros, ainda, por incrível que pareça, armam-se para dizimar os seus “possíveis inimigos”, inclusive os que habitam a Pátria do Cruzeiro.

Além destes temos: os amantes da licenciosidade; os que desfrutam das ilusórias delícias oferecidas pela matéria; os adictos inveterados; os desvirtuados do sexo, mantendo continuados e extravagantes conúbios com a espiritualidade inferior; os detentores de riquezas mal ganhas e mal empregadas, que não se compadecem dos que passam fome; os políticos alucinados, os que desfrutam de seus cargos em detrimento do bem-estar da coletividade.

Diante de um quadro de tal natureza, em breve atingiremos o fundo do poço, fruto da continuada violência, da sensualidade exacerbada, dos escândalos de toda ordem, da corrupção desenfreada, das doenças em massa, que desafiam os especialistas. Não foi sem razão que o Mestre de Lyon asseverou: “[…] É preciso que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.”(2)

Nesta hora grave, é sempre bom recordar o capítulo 20 do extraordinário livro O evangelho segundo o espiritismo, intitulado “Os trabalhadores da última hora”. (3)

Sim, os espíritas, são exatamente os últimos chamados mencionados no título do capítulo da obra referida, alguns talvez reconvocados, recebendo agora a derradeira oportunidade de adquirir o direito de continuar embarcados na Nau Terra, rumando inexoravelmente para águas mais calmas e tranquilas, na imensidão dos mares siderais, onde a brisa fresca destes novos oceanos substituirá as intermináveis borrascas e tempestades que há bom tempo enfrentamos.

E o que têm feito os espíritas, a fim de que seus nomes não sejam inscritos no rol dos candidatos que mais tarde serão expulsos da Terra?

O expurgo já começou.(4) A espiritualidade nos dá notícias, desde meados do século passado, de que muitos desencarnam e não mais retornam; não conseguem o bilhete de volta… Para seus lugares foram e são destinados novos Espíritos de outro orbe, nem todos, ao que entendemos, exilados propriamente ditos, mas missionários, abnegados trabalhadores desejosos de nos dar uma mãozinha, reencarnando em massa para que saiamos em definitivo deste ciclo de repetição de provas e infindáveis expiações. Outros, entretanto, aportando agora na Escola Terra, experimentarão uma forma de exílio temporário, repetindo o padrão dos antigos exilados de Capela, intelectualizados, mas tardios quanto à evolução moral. (5)

Na obra Transição Planetária,(6) o autor informa que muitos dos Espíritos que desencarnaram durante o purificador tsunami que atingiu certas regiões asiáticas, já não retornam mais, e a razão se funda na conduta licenciosa vivenciada na região, tanto por parte dos habitantes locais, como dos de outras nacionalidades, que para lá se dirigiam com o objetivo exclusivo de experimentar os desvios de toda ordem na esfera sexual.

E nós, por que ainda continuamos vacilantes, a despeito de recebermos as mais elucidativas explicações e orientações sobre o funcionamento das Leis de Deus? Por que não pegamos com vontade a charrua e aramos o solo duro das próprias vidas, a fim de que dê frutos saborosos, quem sabe a cem por um?

Estaria o chamamento de Jesus acima de nossas forças? Precisamos de algo mais? Bons livros os temos aos milhares, exemplos também são inúmeros, provindos dos incansáveis batalhadores que nos antecederam e de alguns que conosco ainda partilham a jornada.

Já dispomos do Evangelho de Jesus e da rica literatura espírita, norteando as nossas ações; igualmente conhecemos as vidas dos mártires, testemunhos inolvidáveis em todos os tempos, para nos incentivar e inspirar! De que mais precisamos?

Rogério Miguez

Referências:

(1) XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. A Índia, it. Os arianos puros;
(2) KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. q. 784;
(3) O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. it. 2;

(4) FRANCO, Divaldo P. Transição Planetária. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. cap. 2 – O visitante especial. p. 26;

(5) ____. cap. 3 – A mensagem revelação. p. 35 e 36; e
(6) ____. cap. 6 – O serviço de iluminação. p. 62 e 63.

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